Os “durões” policiais militares da Rondas Ostensivas de Naturezas Especiais (Rone) estão preparados para quase todos os tipos de situações. Até mesmo para salvar tão delicadas vidas, como a da prematura Lívia, que completou 14 dias de vida neste sábado (23). A menina se engasgou com o leite materno e, por sorte, a família dela encontrou uma viatura da Rone no caminho para o hospital. Os minutos ganhos com o deslocamento de urgência, e o primeiro atendimento que os policiais deram antes de colocar mãe e filha na viatura, salvaram a vida da bebê, que poderia não ter sobrevivido, ou ter ficado com sequelas.

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O socorro aconteceu na última terça-feira (19), no município de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. A aposentada Ivani Paraguaia, 55 anos, é a avó da criança. Ela conta que deram mamá para as meninas e as colocaram para dormir. “Então falei pra minha filha aproveitar para tomar um banho enquanto eu fazia o almoço”, contou a avó, que entre uma mexida e outra na panela, ia ao quarto olhar as meninas, Lívia e Lavínia. Ela tinha acabado de voltar do quarto quando ouviu um barulhinho. Voltou correndo e notou que a netinha tinha secreção de leite saindo pela boca e nariz e começava a ficar roxa. Ivani tirou a filha correndo do banho e telefonou para o marido, o mecânico Paulo Paraguai, 49 anos.

Depois que avó de Lívia presenciou que algo estava errado, a família correu e por sorte encontrou a viatura da Rone no meio do caminho. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

“Eu estava lá no bairro Palmital, no terminal de Pinhais. Eu vim correndo pro Weissópolis (onde a família mora) do jeito que deu. É ruim porque tem os sinais vermelhos, o povo não dá a vez. Demorei quatro minutos pra chegar”, conta o avô, que sentia que cada minuto parecia uma eternidade. Assim que a família entrou no carro, com as gêmeas, encontrou uma viatura da Rone na Rua Rio Amazonas, já a duas quadras de casa.

“Quando o motorista da viatura olhou pelo retrovisor, chamou atenção a atitude do condutor carro que vinha atrás, buzinando e dando sinal de luz. Quando emparelhamos o carro ao lado, o avô logo nos falou que a bebê estava afogada com leite”, contou o sargento J. Rodrigues, da Rone. Ele disse que chamaram o Siate, mas viram que a criança já estava muito roxinha e precisavam tomar alguma atitude de imediato. Então o soldado Monteiro pegou a criança no colo e tentou as primeiras manobras, de massagem torácica e massagem nas costas.

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Ela deu uma respirada, mas logo voltou a se afogar. Respirava e já trancava de novo. Optamos por não fazer outras manobras porque era uma criança muito pequena, tinha só 10 dias. Então colocamos na viatura e seguimos para a Maternidade Nossa Senhora da Luz, ali mesmo em Pinhais”, contou Monteiro. A viatura saiu com toda a prioridade de deslocamento. E a família acredita que esta pequena respirada que a menina deu talvez tenha sido o que salvou sua vida, pois oxigenou brevemente o organismo até chegar na maternidade e ser feita a aspiração do leite das vias aéreas.

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Depois que os policiais já estavam na maternidade, aguardando notícias do atendimento da menina, souberam que Lívia tinha uma irmã gêmea, Lavínia, e que estava dentro do carro com os avós durante toda a correria, serenamente dormindo. “Olha, não esqueço o que o pai da menina nos falou depois, que graças a nós ele chegou em casa mais tarde e pode ver a filha”, emociona-se o soldado André, que ajudou o soldado Monteiro nas manobras emergenciais em Lívia. “Na hora a gente até que esquece um pouco a função de policial, porque o sentimento que vem é humano, de fazer o impossível pra ajudar uma vida”, disse Monteiro.

Equipe ficou bastante emocionada com o salvamento da pequena Lívia. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

“A família estava muito desesperada. Acho que até meio perdidos em relação ao que fazer ou que caminho pegar para ir à maternidade. Foi um acaso de Deus colocar uma viatura bem no caminho do carro da família”, diz o soldado Cauan, que também estava na “ocorrência”.

Desespero

A secretária executiva Allana Feitosa, 29 anos, mãe das meninas, conta que seu esposo, o administrador Irineu Feitosa, 36, até fez um curso para saber lidar com essas situações emergenciais infantis e ensinou para ela. “Mas na hora do desespero a gente esquece tudo, não consegue fazer”, contou Allana, que decidiu, junto com o restante da família ir à sede da Rone, neste sábado (23), fazer um agradecimento aos policiais. Lívia está bem, saudável e um exame de imagem mostrou que ela não tinha mais nenhum líquido no pulmão. As camisetas que Lívia e a irmã Lavínia ganharam dos policiais, mesmo sendo tamanho “baby”, ainda não cabem nas meninas, que nasceram de 35 semanas e ainda estão bem pequenas. Mas independente disto, elas já foram consideradas pelos policiais como integrantes da família Rone, composta por policiais que, por causa da dedicação ao trabalho, nem sempre conseguem acompanhar a infância dos filhos como gostariam.

Ah, sim, os quatro policiais que participaram deste salvamento também são pais e se emocionaram durante a entrevista!

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