Com uma porção de histórias acumuladas, o ex-goleiro Ary Isaias Alberti, 86 anos, reúne o passado de Curitiba, nos anos áureos do campeonato amador de futebol, com o presente de quem soube se reinventar ao longo dos anos. Após o torneiro mecânico do Pilarzinho jogar durante toda sua juventude nos campos de saibro da suburbana, ele trocou radicalmente a bola pelas baquetas para continuar dando um show de simpatia.
O ex-campeão, que já vestiu as camisas do antigo Vasco da Gama do bairro Pilarzinho, e do Operário Ahú, revela que jogou ao lado de grandes craques. “Na época, era reserva do Francisquinho, que era goleiro da Seleção Paranaense. Ele me ensinou tudo sobre o ofício. Jogamos contra o Levi Mulford e o Miltinho, que chegaram a virar profissionais. Mas naquele tempo erámos grandes amigos”, lembra Ary. O goleiro teve que se aposentar na década de 60. “Realizei uma cirurgia de implante na bacia, pois a cartilagem estava desgastada. Depois disso ainda joguei de brincadeira, mas nunca mais participei dos campeonatos”.
Mudança radical
Em meio às peladas de final de semana, Ary encontrou uma nova atividade. “Quando completei 50 anos, meu patrão me deu de presente uma bateria e me convidou para tocar junto com ele”, recorda. Foi nessa época que surgiu a banda “Os cafonas boys, os miseráveis do ritmo”. “Aprendi a tocar sozinho, e não tinha muita prática. Assim, começamos a ensaiar todas às segundas e quintas, até hoje”, explica. Porém o nome da banda não pegou e logo eles passaram a se apresentar como a “A banda dos amigos”.
O repertório tem 135 músicas, entre bolero, valsa, tango, samba, balada, baião, choro e até rock. “Nosso estilo envolve mais músicas antigas, apesar de incluirmos coisas atuais. Mas recentemente me chamaram para dar uma palinha num bar em que estavam tocando Elvis, e apesar de não ter ensaiado, o pessoal aplaudiu”.