Ele começou a correr aos 43 anos, porque foi desafiado por um jovem de 19 anos. E parou aos 59 anos, em 2011. Mas não porque quis. Antenor Lacerda dos Santos, 66 anos, mais conhecido como “Cafu”, morador do Parolin, em Curitiba, teve um problema na perna esquerda, que o obrigou a ficar longe das pistas de corrida. Mas ele quer voltar e para isso precisa de ajuda dos leitores da Tribuna, para custear uma cirurgia de correção.
“Cafu” conta que tudo começou com uma mancha na perna e uma dor no joelho. Ele foi ao médico, que desconfiou de câncer e mandou o corredor fazer uma biópsia na pele, que não constatou nada. Mas o médico continuou preocupado e levou “Cafu” para uma pequena cirurgia, para raspar uma parte do osso, para nova biópsia, que também não acusou nada. Mas por causa da raspagem, diz o corredor, o osso ficou mais “fraco” e foi necessário colocar uma placa de platina e pinos.
Depois de algumas cirurgias e de se recuperar da perna, “Cafu” continuou com dor no joelho. Mas desta vez, um Raio-X revelou o motivo: a ponta da placa de platina “pinica” o joelho dele por dentro, quando ele caminha. E a dor o impede de voltar a correr. “Cafu” procurou ajuda médica de novo e a única chance que tem para se recuperar é substituir a placa e os pinos por outras peças, que não “batam” no joelho, além de fazer uma correção para “desentortar” a perna, nas palavras do corredor.
Como o médico era seu amigo, o ortopedista disse que não cobraria nada pela cirurgia. Mas não poderia bancar a internação no hospital, o anestesista e instrumentador e outros custos do pós-operatório. Então “Cafu” acionou a rede de amigos, que já conseguiu juntar R$ 2.700. Mas ainda faltam R$ 3 mil para completar tudo o que ele vai precisar. Só a diária do hospital custa R$ 2.100 – e o médico disse que apenas um dia internado é o suficiente.
Como ajudar?
– Depósito bancário
Banco Bradesco
Agência: 0426-0
Conta Corrente: 0010273-3
CPF: 403.454.759-68
Antenor Lacerda dos Santos
– Direto com o “Cafu”:
(41) 98440-9070
Desafio vencido
Na época em que começou a correr, “Cafu” trabalhava numa empresa em São José dos Pinhais. Antes disto, ele já jogava futebol e era sempre muito rápido em campo. Por causa desta agilidade, um colega de trabalho de 19 anos, que era corredor profissional, desafiou “Cafu” a dar 60 voltas na Praça Oswaldo Cruz. Se “Cafu” perdesse”, teria que pagar R$ 100 ao colega. Mas se o colega perdesse, teria que pagar R$ 500 a “Cafu”. Desafio aceito, lá foram os dois. “Quando chegou em 30 voltas, eu já estava cansado, mas continuei. Faltando três voltas, comecei a ter câimbras, mas não deixei ele perceber. Estávamos sempre correndo juntos, ele sempre alguns metros a frente. Na última volta, ele deu um gás para abrir vantagem. Mas eu também dei e ganhei dele a corrida”, conta.
Quando os amigos da empresa souberam, começaram a incentivá-lo a participar de provas. “Cafu” foi treinando, aprendendo técnicas, até que ganhou sua primeira medalha, numa corrida rústica do Clube Santa Mônica, medalha que ele mostra orgulhoso na sua coleção. Pegou gosto, começou a participar de mais provas e até ganhou patrocínio da empresa. Para a categoria de homens da sua idade, se tornou o corredor mais rápido do Brasil. Ganhou até mais medalhas e troféus do que seu amigo, o famoso corredor Vanderlei Cordeiro de Lima.
“Cafu” acredita que tem cerca de 800 medalhas e mais outros 800 troféus, numa galeria que mantém em casa. Algumas coisas foram perdidas, como os primeiros três troféus que ganhou, e sua mãe, orgulhosa, pediu para tê-los em sua casa. Mas, a mulher faleceu e a casa onde ela morava foi vendida, com os troféus dentro. “Cafu” não conseguiu resgatá-los. Outros, ele perdeu na última enchente que aconteceu no Parolin, no começo de junho deste ano. Os troféus saíram boiando na água lamacenta e suja. Alguns deles, de vidro, se quebraram.
Entre jardins e pistas de corrida
Depois de alguns anos, “Cafu” saiu da empresa de eletrodomésticos que trabalhava, em São José dos Pinhais. Comprou uma roçadeira e foi trabalhar como jardineiro, para completar a renda com os prêmios em dinheiro que ganhava com as corridas. Ele até pegou a roçadeira, limpou o mato em um canteiro da Linha Verde (que naquela época ainda era BR-476/BR-116) para fazer uma pista de corrida de 400 metros, onde passava horas treinando e se aperfeiçoando. Apesar da reforma do trecho, a pista ainda está lá e ele constantemente vai cuidar dela.
A dedicação trouxe ótimos resultados: venceu maratonas (corridas 42 quilômetros), correu São Silvestre, outras provas difíceis (como 50 quilômetros em Porto Alegre – RS, onde passou mal com a pressão baixa, mas foi o melhor paranaense, entre os oito que competiram) e até carregou a tocha olímpica em Curitiba, em 2007. Numa das São Silvestre, dos 11 mil participantes, ele ficou na posição 321.