No Conjunto Osvaldo Cruz II, na Cidade Industrial de Curitiba, moradores estão suando a camisa para deixar a região mais limpa e menos exposta a enchentes. Nas redondezas de um grande terreno baldio no final nas ruas João Kowal, Acir Pereira e Luiz Alvelar Lagos, alguns vizinhos cansaram de esperar pela prefeitura e decidiram agir por conta própria. Mesmo sem equipamentos mais apropriados, eles fazem o possível para recolher o lixo, aparar o mato e desentupir bueiros, à base de pá, enxada e carrinho de mão.
O terreno vazio é muitas vezes usado por pessoas que jogam ali todo tipo de sujeira, entulho e caliça. Além da poluição visual e da proliferação de ratos e insetos, a ação dos sujões gera transtornos mais graves nos dias de chuva intensa. Grande parte desse material vai parar dentro dos bueiros, entupindo as galerias fluviais e causando alagamentos.
“A gente costuma carpir, carregar terra, barro, varrer a rua, plantar flores e árvores. Na beira do meu muro, estava cheio de lixo, mas eu rocei e plantei uns pés de feijão. Se cada um fizesse sua parte, não haveria tanta sujeira”, cobra.
Vizinho de Clemair, o aposentado Ivo Cochake também se esforça.
“Como o terreno fica em declive, quando chove a água desce. E como tem gente que joga entulho, areia e restos de construção, as galerias entopem e, se descuidar, a água vai para dentro das casas. Tivemos que abrir uma valeta e fazemos o possível para limpar os bueiros, já que a prefeitura demora muito quando chamamos ou nem vem”, afirma.
Quem também pega na enxada para cuidar do bairro é o motorista Osvaldo Mantovani. Morador local há 35 anos, ele também reclama da violência. “Como o mato cresce alto, o pessoal se esconde para usar drogas e até para desmanchar carros roubados. Esses dias deu até tiroteio. Aqui do lado de casa, eu tento deixar limpo e cortar o mato. Mas como o terreno é muito grande, não tem como cuidar de tudo”, lamenta.