Ela só queria “um pedacinho de terra” para seguir cultivando flores, plantas, algumas verduras e ervas em casa. Só que o costume trazido das origens no interior catarinense, em Canoinhas, rouba a atenção de quem passa pela Rua Loriceia Antonello, no Conjunto Osvaldo Cruz II, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Lá, há 12 anos a aposentada Maria Dinacir Zucco Hübner encontrou o endereço do lar completo. “Quando viemos para Curitiba, ficamos em apartamento. Mas não consegui viver longe do contato com a terra e passamos a procurar uma casa até que um dia meu filho chegou contando que havia encontrado a casa com esse pedacinho de terra”, explica.

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Maria assegura que a dedicação para se ter um jardim bem bonito é igual ao esforço que quase tudo que importa na vida exige. “Como dizem, um lar sem amor é como um jardim ou uma casa sem flor”, compara a aposentada que, com o marido Haroldo, “cultiva” o amor há 48 anos. E ele reforça o argumento da esposa. “É a mesma coisa. Tanto o casamento quanto o jardim precisam de cuidado contínuo”, aponta.

Esse cuidado envolve a preparação de adubo orgânico – ela deixa cascas de banana, borra de café e erva de chimarrão fermentando durante dois meses em um balde – e a retirada de ervas daninhas. “Mesmo com dor no corpo, estou sempre arrancando, mas vale a pena. A natureza sempre devolve em dobro o que fazemos por ela”, ensina. Maria diz isso com conhecimento de causa. Além do que plantou no jardim, vira e mexe surgem plantas trazidas pelo vento ou pássaros que derrubam sementes.

Economia

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Também vêm do seu jardim os temperos e a salada do dia a dia, além dos remédios naturais. Ela nunca calculou o quanto economiza com o que retira da própria horta e também nunca cobrou por algum produto do seu terreno. “Já economizei um bocado em tempero e salada. Não entendo como podem comprar R$ 0,50 em um pé de alface, sendo que aqui tenho para a minha família e para quem vem bater no meu portão”, conta.

Plantas que aliviam a dor

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Essa lógica estende para suas plantas medicinais. “Gosto de ter aqui o que pode aliviar alguma dor ou curar algum problema de saúde”. O pé de romã, por exemplo, que tem há oito anos, mais do que integrar os ingredientes das ceias de fim de ano, tem finalidade medicinal. “A casca serve para fazer gargarejo e deixar a garganta em dia e os bagos têm várias utilidades, inclusive para melhorar a vista, mas nunca testei”, admite.

De planta em planta, Maria Dinacir revela na prática que seu exemplo melhora a vida dela e dos outros ao seu redor. Ela nem sabe precisar quantas pessoas perguntam como fazer o mesmo em sua casa, mas o resultado pode ser percebido na rua onde mora. “Certa vez, uma vizinha parou com seu filho para ver o jardim e o menino ficou maravilhado de pegar a cenoura fresquinha da terra. Resultado: ele quis plantar em casa”, recorda, satisfeita de ver o seu amor pela terra multiplicado.