Efeito das drogas

“A gente não tem mais sossego”. Este desabafo, de um morador do Jardim das Américas, resume a insegurança que a vizinhança do Hospital Erasto Gaertner vem sentindo nos últimos meses. Por questão de segurança, eles não quiseram se identificar. Segundo eles, a região está tomada por desocupados e usuários de drogas, que praticam assaltos diariamente no local. “Eles ficam entrando nos imóveis procurando objetos para furtar e sustentar o vício. Na minha residência, praticamente todos os dias eu tenho problemas com esses indivíduos”, afirma o empresário.

Nem os pacientes e funcionários do hospital são poupados. “Às vezes os pacientes vêm só com o dinheiro da passagem e eles pegam, batem. Diariamente tem assalto aqui”, relata uma dona de casa. Outra moradora diz que os pacientes não têm ideia do perigo no bairro. “Eles andam às vezes com o celular na mão e acabam sendo abordados. Eles roubam mesmo, não tem horário, de dia, à tarde, à noite, não tem horário”, ressalta.

Moradora reclama que situação piorou desde que a nova gestão da prefeitura assumiu. Foto: Lineu Filho
Moradora reclama que situação piorou desde que a nova gestão da prefeitura assumiu. Foto: Lineu Filho

Uma administradora que mora próxima ao Erasto Gaertner conta que a situação piorou desde que a atual gestão assumiu. “O prefeito disse que ia limpar todo o Centro, ele fez a limpeza no Centro, só que esqueceu que a gente também mora nos bairros. Aí eles vieram pra cá”, lamenta. A Prefeitura de Curitiba informa que 62% da população em situação de rua está na Regional Matriz, na região central, e que desconhece o processo de migração para o Jardim das Américas.

União

Aparato de segurança não tem sido suficiente para espantar os usuários de drogas. Foto: Lineu Filho
Aparato de segurança não tem sido suficiente para espantar os usuários de drogas. Foto: Lineu Filho

Diante do medo, moradores e comerciantes do bairro fazem de tudo para se defender. “Tenho sirene comunitária, vigilante com moto, cerca elétrica, câmeras, cachorro e, mesmo assim, eles não se intimidam mais com câmeras e entram do mesmo jeito”, revela o empresário. Para diminuir a insegurança, os vizinhos apostam na união. “A gente está se reunindo pra contratar uma empresa de segurança séria para conseguir afastar eles daqui, porque esperar de alguém não adianta”, revela a administradora.

Imóveis abandonados viraram mocós no Jardim das Américas. Foto: Lineu Filho
Imóveis abandonados viraram mocós no Jardim das Américas. Foto: Lineu Filho

Imóveis abandonados viram mocó

De acordo com os moradores, o grande número de imóveis abandonados na região contribui para a permanência dos usuários de drogas. Eles relatam que nos últimos dias a polícia arrombou um desses locais e retirou 13 indivíduos de lá. “Existem muitas casas que os proprietários simplesmente esquecem e quem fica com o problema somos nós, que somos moradores aqui. Você entra em contato com eles e eles não querem nem saber”, explica um empresário.

Segundo outra moradora, as invasões aos imóveis são diárias. “É vandalismo, quebram tudo, arrancam fiação, torneira. Todo dia tem uma novidade aqui no bairro”, confirma uma dona de casa.

A Prefeitura de Curitiba explica que não pode entrar em terrenos particulares para realizar abordagens. Porém, quando constatado o uso do imóvel para esse fim, o local é incorporado ao roteiro das ações integradas de abordagem. Para que isso aconteça, a orientação é que a denúncia seja feita através da Central 156 ou através do site www.curitiba.pr.gov.br.

Venda de drogas corre solta na Vila Torres. Foto: Lineu Filho
Venda de drogas corre solta na Vila Torres. Foto: Lineu Filho

Vizinhos “craquentos”

Quem vive no entorno do Hospital Erasto Gaertner acredita que a proximidade com a Vila Torres, no bairro Prado Velho, agrava a situação. “Eu acho que eles vieram pra cá porque é mais fácil de comprar drogas. Na Vila Torres, em cada esquina tem marginais vendendo drogas livremente”, aponta o empresário.

Ele relata ainda que durante o dia esses usuários de drogas ficam acampados. “Tem barracas armadas com esses delinquentes dormindo durante o dia nos muros da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná, no vizinho bairro Jardim Botânico). É complicado”, comenta. A FAS (Fundação de Ação Social de Curitiba) informa que realiza diariamente o serviço de abordagem à população em situação de rua.

Tribuna flagrou abordagem da Guarda Municipal a moradores de rua acampados em frente à Fiep. Foto: Lineu Filho
Tribuna flagrou abordagem da Guarda Municipal a moradores de rua acampados em frente à Fiep. Foto: Lineu Filho

Polícia demora!

Os moradores reclamam que a Polícia Militar (PM) demora quando é chamada para atender as frequentes ocorrências no Jardim das Américas. “A polícia não tem efetivo pra estar diariamente aqui. E quando a gente chama ainda demora. Eles vêm, mas quando vêm, o bandido já correu”, diz uma dona de casa. O empresário conta que ligou para a PM quando um indivíduo usava uma escada para subir no muro dele. “A policial perguntou se seu conhecia a pessoa, lógico que não. Iam mandar uma viatura, eu estou esperando a viatura até hoje”, ironiza.

A PM informa que o trabalho de policiamento preventivo está sendo feito no bairro, nas imediações de linhas de ônibus, pontos e nas proximidades do Hospital Erasto Gaertner. Segundo a corporação, o trabalho de patrulhamento feito na região tem resultado em prisões e apreensões, mas nenhuma estatística a respeito disso foi divulgada.

 

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