Para quem mora em uma casa, longe de condomínios fechados ou de qualquer tipo de ambiente monitorado, segurança é prioridade constante. Até aí tudo bem. O problema começa a aparecer quando sua residência mais parece uma prisão do que um lar.
Muros, grades, cercas elétricas, portas reforçadas, janelas também com grades, sistema de alarme, cadeados para todo lado e câmeras de vigilância. É assim a rotina do advogado Nereu Peplow. Morador da Rua Tufik José Guérios, a poucas quadras da trincheira da Rua Chile, no bairro Jardim Botânico, convive diariamente com receio da criminalidade.
Tudo isso é resultado do descontentamento com a segurança pública. Depois de sete arrombamentos e muito prejuízo, o advogado começou a fazer o que pôde. “Moro aqui desde 2004. Nesse tempo, já levaram bicicletas, portas, máquina de lavar roupas, furadeiras profissionais e até roupas, sem contar o prejuízo que deixam a cada invasão”.
Para evitar ainda mais problemas, Nereu substituiu uma das portas por uma estrutura reforçada. Um dos portões, menor e perto da área de serviço, tem uma barra atravessada. A bicicleta, o xodó, é mantida dentro de casa com seis cadeados e correntes.
Morte ao lado
Ao lado da casa do advogado, há um terreno baldio, cercado por muros. Logo atrás, mais um espaço, aberto e lotado de entulhos. É ali o lugar escolhido por usuários de drogas para dormir, fazer as necessidades fisiológicas e, muitas vezes, se esconder da polícia.
Além disso, ao menos uma morte foi registrada no local nos últimos meses. “Ouvi uma gritaria e vi um pessoal por ali. Só no dia seguinte fui saber que um assassinato tinha sido cometido no terreno ao lado. A vítima seria um viciado em crack que foi morto com várias facadas. É totalmente inseguro morar aqui”, denuncia Nereu. Ele reclama, ainda, da desvalorização imobiliária que vem atingindo a região devido às ações criminosas.
Em plena luz do dia, a Tribuna confirmou a presença de usuários de drogas, que não se intimidaram com a câmera fotográfica. Embalagens, roupas de marca – já rasgadas, objetos eletrônicos quebrados e até mesmo um sofá revelam que a presença deles é constante.
Polícia não vem
“A última vez que uma viatura veio atender uma solicitação, já faz mais de um ano. Desde então foram dezenas de chamados ao 190, sempre ignorados. Por telefone, o atendente digita a ocorrência no computador, faz algumas perguntas e informa que uma equipe será enviada. Só que isso não acontece”, desabafa. Na ocasião, segundo Nereu, os policiais chegaram com o giroflex ligado. As luzes espantaram os suspeitos que fugiram antes de qualquer abordagem.
PM diz que está de olho
Por meio de nota, a Polícia Militar informa que realiza patrulhamento constante na região, com viaturas e motocicletas. A corporação diz, ainda, que os proprietários de terrenos baldios são os responsáveis por manter o local cercado e que a notificação ao responsável é responsabilidade da prefeitura – determinação que, segundo o denunciante, já foi feita aos donos dos terrenos. A PM pede ainda para que, sempre que houver crime, a população denuncie através do boletim de ocorrência. É com este tipo de registro que as forças de segurança embasam planejamentos futuros.