Consequências da chuva

O dia seguinte, após o recorde histórico com as chuvas mais intensas já registradas em Curitiba, foi de muita tristeza e trabalho para moradores de diversos bairros da cidade. Pessoas que tiveram suas casas invadidas pela água e lama após o temporal de terça-feira (6), e que perderam boa parte ou até mesmo, tudo o que tinham. Entre os locais mais afetados pela enchente estão os bairros Parolin e Guaíra, visitados pela equipe da Tribuna nesta quarta-feira (7).

“Entrou mais de um metro de água na minha casa. Entrou e levou móvel, levou roupa e destruiu os eletrodomésticos, a gente perdeu tudo na enchente. Isso aconteceu principalmente devido a obra no rio, que não tem sido bem feita. Estamos tentando ver o que a gente consegue resgatar. Vão-se os anéis e ficam os dedos, mas fica também o trauma e as lembranças de tudo o que a gente passou. Em 15 minutos a gente perdeu a nossa casa, o trabalho de uma vida toda”, contou emocionada, a funcionária pública Elaine Cristina Borba dos Santos, 33, que vive com mais oito familiares na Rua Felício da Costa Vieira, no Guaíra.

Chuva levou muito dos pertences de Elaine, que lamenta ter perdido o trabalho de uma vida inteira. Foto: Felipe Rosa
Chuva levou muito dos pertences de Elaine, que lamenta ter perdido o trabalho de uma vida inteira. Foto: Felipe Rosa

Perto dali, do outro lado do Rio Belém, no Parolin, também eram visíveis os estragos provocados pela água da chuva e pela cheia do rio. No bairro, segundo os moradores, cerca de 200 famílias tiveram suas casas afetadas pela enchente. Umas delas era a da irmã da recicladora Patrícia Cardoso Bueno, 27, que ainda não sabe o que aconteceu. “Minha irmã estava grávida, foi para o hospital para ter o bebê, que nasceu ontem. Mas ontem a casa dela foi invadida pela água. E ela nem sabe o que aconteceu, que não tem mais nada dentro de casa. A água que chegou a altura da cintura, levou as coisas do bebê e dos outros três filhos pequenos”, diz Patrícia, que também teve a casa alagada, tendo que ser salva da correnteza da enchente pelos vizinhos, junto com seu filho Thomas, de um ano.

E nem mesmo uma das igrejas do bairro escapou. Com o alagamento foram danificados os objetos usados nas celebrações e as roupas que eram distribuídas para pessoas carentes da comunidade. “A água subiu até o púlpito, molhou o microfone e a caixa de som, um prejuízo grande. Só de olhar da vontade de chorar, por ter perdido as coisas da nossa igreja. Não fui trabalhar mais desde o dia do temporal, estou aqui direto, tentando salvar o que posso e limpar tudo”, conta a fiel da Igreja Missão Apostólica Daiane Rodrigues, 34.

Mais uma

Já no Uberaba, mais uma vez os moradores que vivem próximo ao Canal do Rio Belém sofreram com uma enchente. Na casa da aposentada Aglair Romanine, 66, o volume de água acumulada dentro da casa atingiu cerca de 40 centímetros. “Há dois anos, tivemos uma enchente grande aqui, foi a pior. Mas esta última, também assustou. Eu estava sozinha e quando vi que a agua começou a subir, foi levantar o computador do meu filho. Quando voltei para a sala, já estava tudo cheio. O rio subiu rápido demais. Ergui o que pude, mas não tive forças para levantar o sofá. O prefeito anterior cuidava mais do rio, fazia dragagem e limpeza e isso vinha evitando as enchentes” relata a moradora, que vive perto do cruzamento das ruas José Hauer e Arthur Nepomuceno.

Aglair estava sozinha em casa quando a água começou a subir e teve que levantar os móveis sozinha. Foto: Felipe Rosa
Aglair estava sozinha em casa quando a água começou a subir e teve que levantar os móveis sozinha. Foto: Felipe Rosa

Obras

Solicitada com urgência pela população, a conclusão das obras de drenagem do rio Belém, que de acordo com a população seria a causa principal das enchentes no Parolin, deve avançar. Nesta quarta-feira o vice-prefeito e secretário Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura, Eduardo Pimentel, esteve na região e verificou tudo o que foi destruído com as chuvas de mais de 120 milímetros registrada na terça-feira.

“A pedido do prefeito Rafael Greca, a prefeitura está atenta e atuante para conter um pouco dos estragos e dar resposta rápida e eficiente à população”, disse Pimentel. Segundo ele, a prefeitura retomou no início deste ano a drenagem do Rio Belém, obra de R$ 120 milhões que estava paralisada. Quando estiver pronta, a obra deverá diminuiu alagamentos na região.

Ajuda

Quem quiser ajudar as famílias afetadas pelas enchentes no Parolin pode entregar as doações de alimentos, roupas, cobertores e artigos de higiene e limpeza na Escola Municipal Prof. Nansyr Cecato Cavichiolo, CMEI Guilherme Canto Darin ou CRAS Parolin (todos localizados na Rua Francisco Parolin, próximo ao número 900).

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