Origem do Guabirotuba

2000 – Antigas instalações do Matadouro Municipal no Guabirotuba. Foto: Divulgação.

Mais do que um local pro abate de animais, a instalação do Matadouro Municipal no Guabirotuba, em 1899, representou também o desenvolvimento desta região da cidade. Até então, o bairro distante do centro era composto principalmente por grandes campos que alagavam com as cheias do Rio Belém.

O que mudou com a chegada do matadouro – que funcionou até 1974 – é assunto de um site e do livro Os 75 anos do Matadouro Municipal do Guabirotuba – Arquitetura, Urbanização e Higienismo, escrito pelas professoras da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Zulmara Clara Sauner Posse e Elizabeth Amorim de Castro.

Ambas já haviam desenvolvido uma pesquisa anterior sobre outro matadouro construído em Curitiba, o Modelo, e reuniram uma farta documentação. Segundo elas, o Matadouro do Guabirotuba assumiu outra perspectiva, pois envolveu questões referentes à formação do bairro, à sua urbanização e a questões higienistas e urbanistas (planos diretores de 1943 e 1967).

Elas contam que o objetivo dos dois estudos é, além de pesquisar a importância deste equipamento urbano, “permitir que a população tenha acesso à pesquisa realizada e aos aspectos significativos da constituição do bairro do Guabirotuba”. Pra isso, estão à disposição fotografias, mapas e matérias em periódicos que ilustram as mudanças.

De campo a bairro

Falta de higiene gerou grande insatisfação entre a população local. Foto: Divulgação.
Falta de higiene gerou grande insatisfação entre a população local. Foto: Divulgação.

Entre 1899 e 1974 ­ período de funcionamento do matadouro ­ a região transformou-se em bairro, “com mais de 11 mil moradores e tomada por residências unifamiliares, congregações religiosas, um comércio consistente e escolas, públicas e particulares, de todos os níveis de ensino.” Além disso, foi instalada uma estrada de rodagem e criada uma linha de bonde que permitiram o acesso e o transporte da carne abatida.

Também contribuíram para o desenvolvimento da região as estradas Curitiba-São José dos Pinhais e a BR-116, e os conjuntos habitacionais. Só que o processo de urbanização foi lento “mesmo contando com o forte impulso da presença de infraestrutura viária” e a região só se consolidou na segunda metade do século XX. Questões geográficas contribuíram para a demora, por causa de sua característica inundável.

Nada de higiene

O estudo de Zulmara e Elizabeth apresenta vários detalhes sobre o matadouro, como “sua total inadequação aos preceitos higienistas vigentes, suas intermináveis reformas e a grande insatisfação da população com este equipamento urbano.”

Depois do matadouro, chegaram ao Guabirotuba instituições como o Asilo de Alienados, a nova Estrada Curitiba-São José dos Pinhais e a partir de 1947 proliferam os loteamentos, juntamente com a Avenida Comendador Franco. Quando a estrutura foi desativada, em 1974, o bairro já contava com seu desenho urbano atual.

Serviço:

O livro Os 75 anos do Matadouro Municipal do Guabirotuba – Arquitetura, Urbanização e Higienismo está disponível no site “O Matadouro Municipal e o Guabirotuba”  – Site

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