As 224 famílias moradoras de três condomínios no Fazendinha não podem lavar roupas nos dias secos e de sol. Têm que se contentar em pendurar as roupas para secar somente nos dias chuvosos. Isto porque a Rua Edivino Antônio Deboni, que passa ao lado dos condomínios, é de terra. Quando o tempo está seco, ninguém aguenta a poeira que levanta e vai para cima dos prédios. A roupa no varal fica mais suja do que quando entrou na máquina. E nos dias de chuva, a lama, os buracos, pernilongos e sapos tomam conta.
A promotora de eventos Elaine Anunciação, 37 anos, que mora no condomínio Boulevard das Palmeiras II, tem a janela da lavanderia virada pra rua. Muitas vezes teve que lavar a roupa toda de novo. “Os moradores passam aqui e reclamam que têm que deixar as janelas fechadas nos dias de calor. É horrível manter a limpeza”, conta Maria Aparecida Martins, 37, controladora de acesso do condomínio Boulevard das Palmeiras III.
Síndico de um dos condomínios, o funcionário público Emerson Luís Batista, 38, diz que as crianças sofrem muito com problemas respiratórios. “Quando chove, melhora. Mas no seco, tem que limpar a casa todo dia”. Segundo ele, o horário mais crítico é o fim da tarde, quando os carros, para desviar do trânsito na Rua João Bettega, pegam a via de terra.
A prefeitura informa que a obra de pavimentação asfáltica na Rua Edivino Antônio Deboni, trecho entre as ruas General Potiguara e Fernando de Souza Costa, está prevista na Lei Orçamentária Anual (LOA) 2015. Mas o cronograma de trabalho ainda não foi confirmado.
Aterro poluído
Além do incômodo causado pelo pó nos dias secos, moradores dos condomínios dizem que é costume dos funcionários do Cemitério Jardim da Saudade, do outro lado da rua, jogarem terra na calçada, embaixo de linhas de alta tensão da Copel. Já há tanta terra que a calçada está muito mais alta que a rua. As preocupações do síndico Emerson Batista são duas: a de que a terra esteja poluída com chorume e que o excesso de terra que já está cobrindo a base de concreto de algumas torres possa tornar o solo instável e derrubá-las.
Mas Osvaldo Fernandes Gomes, que é responsável pelo cemitério, explica que o procedimento é feito em parceria com a prefeitura e a Copel. Ele conta que, há alguns anos, aquela faixa bem embaixo das torres estava invadida, cheia de moradias irregulares. A prefeitura desocupou o local, realocou as famílias, fez a limpeza e propôs uma parceria: a de que o cemitério mantivesse o local aterrado (antes era inteiro banhado) e limpo, para evitar novas invasões. Por isto, relata Osvaldo, há um ano e meio o cemitério coloca terra, grama e corta periodicamente algumas plantas.
Num outro pequeno trecho, ao lado da entrada de serviço, Osvaldo e os funcionários mantêm uma horta, com diversas verduras e hortaliças. Tudo autorizado pela Copel, diz ele, que ainda garante que a terra colocada ali fora não é poluída. “Ela vem de um terreno novo, que ainda não foi usado pelo cemitério. A terra que está nos jazigos não é colocada aqui fora. Quando ocupamos uma nova parte do terreno, construímos todos os jazigos primeiro, feitos de concreto por baixo da terra, antes de começar a ocupá-los. E quando vamos usá-los, tiramos a terra, deixamos ela reservada ao lado, abrimos a gaveta de concreto, colocamos o caixão e lacramos o concreto de novo. Toda a terra tirada volta para o mesmo lugar, não sobra”, afirma Osvaldo.
A prefeitura informa que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente fez uma análise da terra e verificou que era limpa, sem resíduos de necrochorume. A Copel também foi acionada pela reportagem para um posicionamento, mas não se manifestou sobre a questão.