Comerciantes e moradores do bairro Fanny estão assustados com a onda de assaltos na região. Quem mora e trabalha por lá afirma que as histórias de residências e estabelecimentos invadidas pelos bandidos têm crescido, principalmente nas redondezas do campo do Vila Fanny Futebol Clube. Em uma das esquinas do estádio está localizada uma estrutura construída pela comunidade e que servia como módulo policial. Segundo a vizinhança, o ponto está desativado há mais de 10 anos.
Uma aposentada, que preferiu não revelar a identidade à reportagem, mora no bairro há 50 anos. Ela afirma que nem se lembra do último dia em que viu a estrutura funcionando. “Durante um tempo tinha uns policiais que ficavam lá, mas depois desandou. E agora a situação está lamentável”, diz, em referência às condições do módulo.
O local se transformou em mocó para uso de drogas. Além disso, a estrutura está depredada, com vidros e portas quebras, e tralhas. Por causa do abandono, muitos moradores começaram a despejar lixo doméstico ao redor da construção.
Segundo Alteloir Costa, presidente do Conselho de Segurança (Conseg) do Fanny e proprietário de farmácia no bairro, a situação na região está desesperadora. “Escutamos histórias de casas e comércios assaltados quase que todos os dias. Pessoas também são roubadas na rua. Aqui nós evitamos o pior porque temos segurança particular. Outros comerciantes também só conseguem trabalhar colocando um vigia na porta do estabelecimento”, conta.
Diante da situação, no início dessa semana a Câmara Municipal de Curitiba fez um requerimento formal endereçado à Polícia Militar e à Guarda Municipal solicitando a reativação do módulo e o reforço policial na região. Para Costa, a única maneira de diminuir a violência é aumentar as rondas policiais nas ruas do bairro. “Tem que ter no mínimo uma viatura e duas motos em cada bairro de Curitiba e aqui não é diferente. O módulo pode dar até um suporte de logística, como oferecer água e banheiro aos oficiais, mas não é a única solução. O pior é saber que a situação está assim em toda Curitiba”, lamenta o comerciante.
PM pede que comunidade denuncie
A Polícia Militar alega que age a partir das estatísticas. “Estão ouvindo histórias de assaltos, mas não ligam para o 190”, rebate o major Manoel Jorge dos Santos Neto, oficial de planejamento do 13º Batalhão da Polícia Militar (BPM), responsável por 19 bairros, entre eles o Fanny. Segundo ele, desde janeiro a corporação atendeu 23 ocorrências de roubo no bairro, mas nenhuma na região do estádio e do módulo desativado. Ano passado, no mesmo período, foram 32 registros. O major cita ainda que este ano quatro pessoas foram presas no Fanny por roubos e também foi contabilizado um carro furtado.
“Se as pessoas estão sofrendo este tipo de ação dos marginais e não registram ocorrências através do 190, infelizmente não temos o que fazer. Vamos atrás das regiões que têm mais ligações”, explica. “Estamos dando mais atenção à Avenida Santa Bernardete, que vai da Wenceslau Braz até a Linha Verde, e tem sido utilizada como meio de fuga por bandidos. Mas em virtude dessa reclamação, a gente vai incrementar o policiamento no local”, prometeu.
Com relação à estrutura disponível para patrulhamento, ele não quis falar em números. Disse apenas que a quantidade de viaturas varia muito e que o policiamento também é feito com motocicletas e cavalaria. “O mobiliário de segurança para o local não é ruim. Como a Linha Verde beira o Fanny, tem trânsito constante de viaturas e estamos sempre patrulhando, mas não podemos adivinhar onde as coisas estão acontecendo”, comenta.
O major Neto reforça que o 190 é a porta de entrada para uma ação mais efetiva da PM na região. “Caso haja possibilidade, vamos prender marginais. Para os crimes já ocorridos, a orientação é procurar a delegacia mais próxima, que é o 7.º DP”. O 7.º Distrito Policial fica na Rua Professor João Soares Barcelos, 725 – Vila Hauer. Fone (41) 3217-2300.
Olavo Pesch