Por tradição, a Região Metropolitana de Curitiba se tornou um dos pontos mais frequentados quando o objetivo é saborear um bom vinho. Produzidos na região, os vinhos locais cada vez mais conquistam espaço no cenário nacional, como é o caso da Vinícola Franco Italiano. Localizada em Colombo, só neste ano a vinícola conquistou dois prêmios importantes, entre eles um que considerou um espumante feito aqui, bem pertinho da gente, como um dos melhores do país.
A história da Vinícola Franco Italiano começa há mais de 100 anos, quando imigrantes chegaram a Colombo trazendo consigo a esperança de uma vida melhor. “A Franco Italiano tem esse nome devido a união das duas culturas. Meus bisavós têm origem francesa e meus bisavós maternos italianos, que viviam na área central e rural de Colombo”, contou Fernando Rausis, 38 anos.
Desde o começo, os familiares de Fernando sempre tiveram a agricultura como fonte de renda. “E sempre estiveram envolvidos nessa mistura da agricultura com a fruticultura e o vinho. Com as gerações, essa tradição foi passando até meus pais se encontrarem e formarem a vinícola”.
Em 1973, as duas famílias passaram a produzir vinho de forma mais profissional. Como as duas famílias já tinham, em casa, o costume da produção do vinho, Maria Ivone Ceccon e Dirceu Rausis, os pais de Fernando, viram aí uma oportunidade de negócio. Dessa visão nasceu a Vinícola Franco Italiano.
Tradição de família
Mesmo tornando o negócio mais profissional, a família nunca deixou de lado a essência que teve desde o começo, que era de produzir bons vinhos e de uma forma única. “Sempre tivemos foco na produção de vinhos de mesa, coloniais, que é uma tradição em Colombo. Mas em 2000 começamos a fazer vinhos finos e espumantes, contratamos dois enólogos e um engenheiro agrônomo e focamos na produção destes vinhos, mas sem deixar de produzir os vinhos de mesa”, explicou Fernando.
Embora a região seja conhecida pela produção dos vinhos, a família sempre sentiu certa adversidade no negócio. “Principalmente na hora da distribuição. Sentíamos que alguns vinhos sofriam preconceito e isso acontece até hoje. É até por isso que um dos nossos produtos leva o nome de ‘Censurato Cabernet Sauvignon’, justamente como um protesto pelo que passávamos”, destacou.
Como forma de trazer mais público, os administradores da vinícola procuraram adaptar a estrutura e juntar com o turismo. “A gente entendeu que éramos valorizados por pessoas que conheciam a vinícola, que vinham até nós, entendiam a estrutura que temos para a elaboração dos vinhos e o compromisso com a qualidade. As pessoas quando conseguem visitar, elas podem ter a noção do que fazemos aqui. Nosso foco sempre foi o consumidor final, por isso envolvemos o enoturismo [turismo do vinho]”.
Além da visita à parte da fábrica, a Vinícola Franco Italiano criou um restaurante e hoje faz até um tour diferenciado. “Temos um restaurante anexo à vinícola para juntar e ter um envolvimento mesmo. Além disso, oferecemos cursos, visitas guiadas com degustação gratuitas, principalmente para aproveitar o fato de estarmos muito perto da capital”, comentou Fernando, destacando que embora ele e seu irmão estejam hoje à frente da administração da vinícola, seus pais continuam ativos. “Muito ativos por sinal, muitos clientes gostam inclusive de lidar com eles”.
Espumante premiado
Seguindo a receita que foram adaptando ao longo dos anos, o que faz com que a Vinícola Franco Italiano se destaque talvez seja um ingrediente que nunca mudou: o amor. “Me sinto muito realizado e meus familiares compartilham desse sentimento, porque é interessante até mesmo a reação das pessoas quando chegam aqui. O que eu quero passar é que, quando acordo de manhã, procuro fazer o meu melhor. Às vezes tem preconceito com o vinho do Brasil, mas isso tudo me motiva ainda mais a fazer vinhos diferentes, inovadores”.
Quem compra os vinhos feitos em Colombo, além de experimentar algo de qualidade feito na nossa região, também fortalece a produção local. “A gente tem esse conceito do valor do vinho. Como nós abrimos mão da distribuição, focamos no consumidor final, procuramos levar esse benefício ao consumidor final, que entende que está comprando vinhos de alta gama num preço justo. Se esse espumante saísse da vinícola por R$ 58, ele acabaria sendo vendido num supermercado por R$ 150 e até R$ 200 num restaurante. Não é a vinícola que onera o produto, é o sistema. Esse é o nosso grande desafio: mostrar que é possível fazer vinhos de qualidade no Brasil e com preços justos, mas para isso precisamos ter a venda direta”.
Como resposta ao trabalho feito, Fernando já percebeu que os vinhos produzidos aqui têm sido comprados inclusive por outras regiões do país. “Já atendemos Bahia, Pernambuco, São Paulo, Rio. Realmente são entusiastas do vinho brasileiro e que, quando sabem do destaque que a vinícola teve, compram mesmo. O melhor de tudo isso é que temos muita gente que recompra, o que é ainda mais gratificante porque é uma resposta de que estão gostando do produto”.
Como todo final de ano as vendas aumentam, a Vinícola também tem investido na venda online. “Esse é o período do ano que tem mais consumo dos espumantes e vinhos para presentes porque o vinho se tornou mesmo um produto legal para ser presenteado. Para isso, disponibilizamos a nossa loja online que se tornou uma forma legal para quem não pode vir até a vinícola. Criamos uma logística bem rápida e temos vendido para todo o país”.