Com a liminar emitida pela Justiça Estadual após o clamor do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis e Lojas de Conveniências do Estado do Paraná (Sindicombustíveis), muita gente respira aliviada, já que a medida determinou o desbloqueio do terminal de carregamento de combustíveis de Araucária – responsável pelo abastecimento de grande parte dos postos de gasolina de Curitiba e Região – na manhã desta segunda feira (28). Com isso, bombas voltam, aos poucos, a serem abastecidas e os tanques cheios novamente.
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A providência vem em boa hora já que, nos últimos 7 dias, Curitiba assistiu de camarote a transformação de postos de gasolina em verdadeiros ringues de luta livre e, em menor escala, as filas nos supermercados ganharem proporções homéricas. Com o restabelecimento dos produtos de consumo essencial começando, muitos consumidores se dirigem à galope rumo o comércio, com o objetivo de repor os estoques o mais rápido possível e se perguntam, afinal, quanto tempo vai levar para que as coisas voltem, de fato ao normal, sem riscos de sermos pegos, novamente, de surpresa.
Para explicar melhor como o ritmo deverá funcionar nesses próximos dias, a Tribuna do Paraná conversou com especialistas das áreas de economia e logística que recomendam: vamos com calma!
Vai ter combustível pra todo mundo ou, mesmo com a reposição, há risco de faltar?
Quem responde é o professor do curso de economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Masimo Della Justina: “não vai faltar”, garante. “A partir do momento que o fluxo volta ao normal e as bombas voltam a receber combustível, a situação se estabiliza novamente. Se tudo correr dentro do ritmo esperado, vai sim, ter combustível pra todo mundo”, diz.
Quanto tempo leva, mais ou menos, para que o ritmo de abastecimento das bombas, nos postos, volte ao normal?
“Estima-se que esse reabastecimento de normalize em 2 dias mas, tendo em vista o impacto da greve, pode ser que o consumidor se sinta inseguro ainda por um tempo, até que seja de fato comprovado que as medidas adotadas foram efetivas e que houve mesmo um acordo entre o governo e os caminhoneiros. Com isso, muita gente poderá se sentir meio desesperada ainda por um tempo. O consumidor terá que se sentir seguro de novo”, pondera.
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Para o Lucas Dezordi, professor do curso de economia da Universidade Positivo (UP), o prazo para as coisas se normalizarem deve girar em torno de 6 a 7 dias. “Isso só se toda a classe se comprometer. Considerando que nesses pequenos abastecimentos essenciais que aconteceram durante a paralisação, só 10 a 15% de toda a necessidade geral foi atendida – ainda com escassez – vai levar um tempo até que 100% da demanda seja suprida como antes”, afirma.
E as filas?
“Teremos que ter paciência. Principalmente nesses primeiros dias”. Quem afirma é Moriel Savagnago, professor dos cursos de contabilidade, administração e economia da Universidade Positivo (UP). “Haja vista que a quantidade de veículos que necessitam ser abastecidos é enorme, ainda veremos filas muito longas nos postos. Porém, conforme os dias forem passando, gradativamente essas filas diminuirão, já que muitos clientes não necessitam abastecer seus carros em dias consecutivos”, explica.
O preço do diesel diminuiu. Isso pode gerar aumento no preço do álcool e da gasolina?
“Normalizando-se a situação, nem a gasolina e nem o álcool tendem a subir. A formação do preço dos combustíveis é bem semelhante, baseada na política de preços da Petrobrás. Normalmente, esses valores tendem a cair depois de períodos de pico, como o que presenciamos na última semana”, explica professor de economia da Universidade Positivo (UP), Lucas Dezordi. (Continua depois da foto).
E para os demais itens de necessidade primordial? Como fica o ritmo de consumo agora? E os preços?
“As pessoas entraram no chamado ‘círculo vicioso de medo do desabastecimento’. Esse medo gera uma corrida até os revendedores, em busca, principalmente dos produtos de primeira necessidade, como gás de cozinha e remédios. Essa busca por estocar uma quantidade maior que o necessário acaba ocasionando a diminuição e o fim dos estoques de maneira mais rápida e por consequência eleva os preços dos produtos. Acredito que com a notícia do fim da greve esse medo deve diminuir e a paciência do consumidor aumentar. Porém há outros fatores, como as notícias de greve dos petroleiros que podem gerar dúvidas no consumidor quanto ao abastecimento de combustíveis e aí não podemos prever como os consumidores irão se comportar perante essas notícias”, afirma Moriel Savagnago.
A curto prazo, existe alguma chance de novo racionamento?
“Alguns fatores como a greve dos petroleiros, podem gerar um comportamento distinto no consumidor. Pouco se sabe, no entanto, sobre as consequências desses atos e como isso poderá afetar o abastecimento. Acredito que, num primeiro momento, isso não vai afetar a normalização do abastecimento de combustível, no entanto, vale acompanhar o movimento”, recomenda Savagnago.
E o feriado?
O feriadão de Corpus Christi pode ocasionar dois comportamentos distintos no consumidor. Primeiramente, com a menor circulação de veículos, pode ser que a demanda por combustível diminua e o abastecimento entre em processo de normalização. Por outro lado, em se tratando de um feriado prolongado, pode ser que muitos viagem. Assim, o comportamento do consumidor, que é bastante difícil de ser previsto, estará diretamente relacionado ao processo de normalização das atividades do setor. Pelo que ouvi nos últimos dias, muita gente escolheu ficar em casa justamente pelo medo de ficar sem combustível. Por isso, acredito que o setor ganhará folego nesses dias”, finaliza Savagnago.