Unidas pelos cães

Escrito por Paula Weidlich

Um grupo de moradoras do Jardim Bandeirantes, em São José dos Pinhais, se uniu para cuidar, castrar, vacinar e dar uma condição de vida um pouco melhor para as dezenas de cães abandonados na região. Vivendo no bairro desde 1993, a recepcionista desempregada Adriana Alcântara Barbosa, 43 anos, conta que apenas ela cuida de aproximadamente 15 cães que vivem na rua, todos alimentados, apesar das dificuldades, com recursos que saem do próprio bolso. “As pessoas se mudam do bairro pra apartamentos populares e deixam os animais na rua. Tem também quem vem de outros lugares pra soltá-los aqui. Vendo o sofrimento, passamos a dar comida pra eles e a fazer as castrações, principalmente das fêmeas. Se não fosse isso, o número de cães nas ruas seria muito maior”, relatou. Nos últimos anos, as protetoras voluntárias do bairro já castraram mais de 30 cães.

Foto: Hugo Harada.
Adriana e Maria Roseli dão comida, água e carinho pros animais. Foto: Hugo Harada.

Na raça

Como muitas estão sem emprego, fazem serviços de limpeza em uma clínica veterinária ou outros bicos pra pagar o serviço. Animais doentes ou feridos são levados a pé ou em um carrinho de mão até clínicas parceiras e faculdades, em percursos que, muitas vezes, duram mais de uma hora. Elas não recebem nenhum apoio do poder público. “Se todas as fêmeas fossem castradas, já resolveria boa parte do problema. Tem gente que não gosta, mas os animais não têm culpa, são seres vivos indefesos, que não pediram pra nascer”, diz a vendedora Elaine Carvalho, 46, que em três anos já resgatou mais de 15 cães e atualmente, mantém no quintal de sua casa dez animais, entre adultos e filhotes que esperam pela adoção.

Controle necessário

A Prefeitura de São José dos Pinhais informa que a Secretaria de Meio Ambiente disponibiliza o programa de Controle Ético da População Canina e Felina do Departamento de Guarda Responsável, objetivando a castração gratuita e atendimento de denúncias de maus tratos contra os animais. Além disto, promove eventos de adoção, no segundo sábado de cada mês, no Parque São José.

Segundo a prefeitura, em casos parecidos ao do Jardim Bandeirantes, numa tentativa de amenizar os problemas gerados, alguns moradores estão recolhendo os animais abandonados para dentro de suas propriedades. No entanto, o recolhimento indiscriminado pode gerar acúmulo e assim, gerar problemas futuros para os residentes e animais. Por isso, a Secretaria de Meio Ambiente da cidade realiza vistorias nos locais, com o objetivo de mapear a região e organizar um “censo” canino, que avalie a situação de animais existentes na área, tanto abandonados quanto semidomiciliados – que possuem dono, mas estão em vias públicas.

Elaine cuida de dez cães e ressalta a importância da castração. Foto: Hugo Harada
Elaine cuida de dez cães e ressalta a importância da castração. Foto: Hugo Harada

Dificuldades pra seguir

Além das dificuldades financeiras pra alimentar, vacinar e medicar os animais, as protetoras ainda lidam com as reclamações dos vizinhos, que se queixam do barulho dos latidos ou que têm medo dos cães. Este é o caso da dona de casa Elizabete Pereira dos Santos, 44, e de sua mãe, a aposentada Tereza Ramos da Cruz, 70, que cuidam de cerca de 20 cães na Rua Eduardo Holtman, onde moram. Parte dos animais vive com elas em casa, outros ficam em terrenos fechados, com autorização dos proprietários, e os demais, permanecem nas ruas. “Os cachorros são mansos, mas tem gente que não gosta deles, eles não atacam, apenas uma late para os entregadores. Temos muita dificuldade aqui para sobreviver e ainda cuidar de cães como o Polaco, que tem seis anos e sofre com um câncer agressivo. Nós também precisamos de ajuda, de ração, vacina e madeiras para a casa da minha mãe, que está despencando”, diz Elizabete.

Serviço

Interessados em ajudar podem entrar em contato com Adriana Alcântara Barbosa pelos fones (41) 9657-5780 e 8887-9317.

Sobre o autor

Paula Weidlich

(41) 9683-9504