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Das quatro TVs da casa de Anita, três são analógicas. Foto: Giuliano Gomes
Das quatro TVs da casa de Anita, três são analógicas. Foto: Giuliano Gomes

“Para gente da minha idade, a maior diversão é assistir TV”, conta a aposentada Zirna Testa, 73, mais conhecida no bairro Sítio Cercado, onde mora, como “Dona Anita”. “São quatro televisões aqui em casa, mas só a da sala é digital, e a imagem dela é bem melhor do que as outras, que ficam nos quartos dos meus filhos. A da sala é uma smart TV, com conversor integrado, que comprei há dois anos, eu mesma escolhi e levei um tempão para pagar, mas valeu a pena. Assisto tudo na TV, todas nas novelas, menos a Malhação, que passa no horário em faço a janta”.

Noveleiro, Alvaro sentiu bastante diferença no sinal digital. Foto: Giuliano Gomes
Noveleiro, Alvaro sentiu bastante diferença no sinal digital. Foto: Giuliano Gomes

Também residindo no Sítio Cercado, o casal Márcia Maria Kuss Weinhardt, 74, e Álvaro Olivo, 78, notou a diferença entre o sinal analógico e o digital da TV aberta. “Ele é mais noveleiro, mas eu gosto de assistir aos jornais e aos jogos do Coxa. Costumamos assistir mais na TV da sala, que recebe o sinal digital. Mas às vezes usamos uma de tubo pequena, em outro cômodo, que ainda pega bem”, revela Márcia.

De vez em quando, Álvaro e Márcia assistem na TV de tubo, que pega bem. Foto: Giuliano Gomes
De vez em quando, Álvaro e Márcia assistem na TV de tubo, que pega bem. Foto: Giuliano Gomes

“Vejo novela, futebol e programa de música. Gosto de novela atual, nada de coisa antiga. E assistir esses programas com sinal digital é bem melhor, dá bastante diferença na imagem. A TV está ligada na antena externa, que nós compramos há pouco tempo. E quando puder, quero comprar uma TV ainda melhor, para ver o futebol. Só vou esperar meu décimo terceiro (salário)”, reforça Álvaro.

Adaptação

Com uma família de sete pessoas vivendo juntas, José Luiz da Silva, 52, descobriu o sinal digital depois que sua filha mais velha veio morar em sua casa, trazendo um aparelho com conversor integrado. “Agora temos essa TV dela, que fica na sala, e também uma de tubo, que está no meu quarto. Nelas assistimos às novelas e aos jornais, para saber as notícias. Ainda não tenho conversor para a TV do meu quarto, mas quando puder, pretendo comprar. Por aqui, sempre que tem gente em casa, a TV está ligada”, diz.

Voluntária na creche comunitária da Associação Gotas de Esperança, Judite Fernandes Pereira, 59, pensa em equipar os televisores usados pelas crianças, para que eles possam contar também, com o conteúdo exibido pela TV aberta. “Na minha casa a TV é digital, já veio com o conversor integrado. Mas aqui na creche, as duas TVs são de tubo, com sinal analógico. Como a imagem não está boa, estamos usando as duas só para passar DVDs para as crianças. Não podemos agora, mas antes do sinal analógico ser desligado, vamos tentar comprar a antena e os conversores”, explica.

Transição pro digital

TVs antigas precisam de uma antena externa. Foto: Giuliano Gomes
TVs antigas precisam de uma antena externa. Foto: Giuliano Gomes

Em menos de um ano, em 31 janeiro de 2018, o sinal analógico das TVs abertas será desligado em Curitiba, região metropolitana e em outras 26 cidades do Paraná. A partir desta data, somente quem tiver uma televisão com conversor digital, seja ele integrado ao aparelho ou conversor externo, e uma antena para o sinal digital, conseguirá assistir à programação das emissoras, como a RPC, afiliada da Rede Globo no Estado.

Até lá, o engenheiro de telecomunicações da RPC, Lucas Pellegrini, lembra que há tempo para descobrir se sua TV é ou não digital e também para pesquisar sobre os equipamentos necessários para esta transição de tecnologia. “Se a pessoa tem uma TV de tubo, ela é a analógica. Nesta situação, a pessoa vai precisar de conversor de TV digital, que é facilmente encontrado e conectado ao conversor, vai uma antena externa UHF. Se a pessoa tem uma TV de tela fina, são dois os casos: se ela foi fabricada após 2012, essa TV já tem esse conversor integrado. Então, a pessoa vai precisar apenas de uma antena externa ligada à TV. Se esta TV é de tela fina, daquelas mais antigas, como as de plasma, ela vai precisar de conversor digital e conectar a ele uma antena. Em todos os casos a pessoa vai precisar de uma antena externa”, explica.

Dá pra adaptar TV de tubo!

Segundo Lucas, mesmo quem tem uma TV de tubo pode continuar utilizando este equipamento. “A gente frisa que as pessoas não precisam se desfazer de suas TVs de tubo. Se ela é analógica, com um conversor digital você consegue conectar sua TV, através dos cabos RCA, que vêm junto com o conversor. E na entrada de áudio e vídeo, você conecta o conversor, assim vai ficar digital. Antes a gente tinha ruídos, chuviscos e fantasmas, agora não tem mais isto, mesmo na sua TV de tubo. Você tem agora uma imagem, som e nitidez com muito mais qualidade”, reforça.

Neste período de transição, até o desligamento do sinal, os telespectadores que assistem aos canais de TV aberta no sinal analógico passarão a ver durante a programação a letra “A” no canto direito superior da tela. Este símbolo indica que o sinal da TV é analógico, e serve como lembrete para que o público mude para o digital. Além da letra “A”, na parte de baixo da tela, serão listadas as cidades que fazem parte do desligamento.

Procura pelos equipamentos

Luccas: grande procura pelos equipamentos. Foto: Giuliano Gomes
Luccas: grande procura pelos equipamentos. Foto: Giuliano Gomes

Nas lojas especializadas em eletrônicos, a procura pelos conversores, cabos e antenas já começou. Segundo o gerente da Gaspar Eletro, Luccas Szawarski, 22, todos os dias vários equipamentos são vendidos a clientes que buscam melhor qualidade de áudio e vídeo para os televisores que têm em casa.

“Um dos aparelhos que mais tem saída é o conversor, vendemos todos os dias. Além dele, as pessoas também buscam as antenas e os cabos. Juntos, eles podem custar de R$ 150 a R$ 180. Quando forem comprar, indico que as pessoas escolham antenas grandes, que custam um pouco mais do que as pequenas e mais simples. A diferença é de geralmente um pouco mais de R$ 10, mas o sinal fica bem melhor, principalmente para quem mora em bairros afastados ou na região metropolitana”, recomenda.

Outra dica é escolher conversores nacionais, que têm garantia maior e são de manutenção mais barata. “Conversores importados costumam ter garantia de apenas três meses, já os nacionais têm um ano de garantia. E se estragarem, o conserto custa menos. Também recomendo que as pessoas não deixem para comprar quando o desligamento estiver muito próximo, já que até lá os preços dos equipamentos podem subir”, aconselha.

Kits grátis

Para famílias de baixa renda, no entanto, há a possibilidade de receber o kit para a TV digital de maneira gratuita. Em Curitiba e região, serão 320 mil kits distribuídos para as famílias inscritas em programas sociais do governo federal. A entrega dos equipamentos é coordenada pela Seja Digital, entidade responsável por operacionalizar a migração do sinal de TV aberta do analógico para o digital no Brasil.

Para saber se você e sua família têm direito aos equipamentos basta acessar o site: sejadigital.com.br/kit, informando seu CPF ou Número de Identificação Social (NIS), junto com seus dados de contato. Mais informações podem ser conseguidas pelo telefone 147.

CONTAGEM REGRESSIVA

Quais as cidades do Paraná que terão o sinal analógico desligado em 31 de janeiro de 2018?
Além de Curitiba, Almirante Tamandaré, Araucária, Balsa Nova, Bocaiuva do Sul, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Campo Magro, Carambeí, Colombo, Contenda, Fazenda Rio Grande, Guaratuba, Imbituva, Itaperuçu, Lapa, Mandirituba, Palmeira, Pinhais, Piraquara, Ponta Grossa, Quatro Barras, Rio Branco do Sul, São Jose dos Pinhais, Teixeira Soares, Tijucas do Sul, Tunas do Paraná.

Qual a população que será afetada nestas cidades?
3,8 milhões de pessoas, em mais de 1,3 milhão de domicílios, serão impactados com as mudanças.

Kit da TV digital custa entre R$ 150 e R$ 180, mas tende a ficar mais caro. Foto: Giuliano Gomes
Kit da TV digital custa entre R$ 150 e R$ 180, mas tende a ficar mais caro. Foto: Giuliano Gomes

Qual o preço médio do kit pra TV digital no comércio de Curitiba?
Conversor: R$ 100 a R$ 125 em média
Antena: R$ 50 em média
Cabos: em média R$ 1 o metro

Curitiba hoje
2,3 milhões de TVs
62% de tela fina
38% TV de tubo

Nos seis meses antes do desligamento
Venda de 200 mil conversores no varejo
Venda de 175 mil televisores de tela
Descarte de 150 mil TVs de tubo

Fonte: RPC, Seja Digital e redação.

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