Sem saber que uma investigação policial estava em andamento, a Tribuna esteve no Centro de Curitiba nas semanas passada e retrasada, para conferir uma denúncia que recebeu de venda casada (que é proibida) das óticas e do atendimento com optometristas. Nossa equipe foi abordada na frente de duas óticas, uma na Praça Rui Barbosa e outra na Rua Marechal Deodoro.

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Em ambos os casos, os vendedores ofereceram consultas com optometristas. Uma delas foi em um edifício ao lado da Casa China, na Praça Rui Barbosa. A secretária não pediu nenhum documento, apenas fez uma ficha simples, com os dados informados. Recebeu os R$ 50 e não deu recibo.

O consultório era muito simples, só com o necessário para o atendimento. Quase sem móveis ou enfeites. A consulta foi rápida e nosso produtor, (que é míope, usa óculos e queixava-se de que os óculos estavam “fracos”), saiu de lá com um novo grau 0.50 maior do que as lentes que usava.

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O vendedor, que esperava na recepção, levou o produtor de volta à loja. No caminho, mostrou que havia outros médicos que eles indicavam ao redor (em frente e ao lado da loja) e que como era aniversário da ótica, na compra das lentes a armação era de graça. Depois de alguns minutos na loja, outro vendedor percebeu que poderia estar sendo filmado e “desistiu” da promoção da armação gratuita. Mas queria vender óculos e lentes a qualquer custo. Chegou a baixar o preço quase pela metade.

Foto: Átila Alberti

Abordagem

Na Marechal Deodoro, a mesma coisa. Nossa produção foi abordada na calçada e aceitou o encaminhamento a uma consulta, no 15.º andar do edifício número 252 da rua. A secretária também não exigiu documentos e fez a ficha com os dados informados. Pelo menos deu recibo dos R$ 50. Mas tanto ela, quanto o optometrista, pareciam saber que se tratava de uma equipe jornalística investigando o local.

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A espera da consulta demorou mais de uma hora, pois havia outros pacientes, levados pelos promotores da mesma rede de lojas. O optometrista fez uma longa e completa consulta. Diferente da consulta anterior, nosso produtor saiu de lá com um receita 0.75 maior do que o grau de óculos que já tinha. De volta à ótica, a vendedora parecia já saber que se tratava de investigação e “andou na linha”.

Bem diferente da outra vez que nossa equipe esteve nesta mesma loja, ofereceram levar na consulta (neste mesmo consultório) e que reverteriam os R$ 50 da consulta em desconto nas armações e lentes. Como a Tribuna já mostrou, em Curitiba a Justiça não permite que optometristas tenham consultório, realizem consultas, exames, prescrevam óculos ou adaptem lentes de contato, por entender que essas práticas, por lei, são atos exclusivos dos médicos.