Testemunha conta detalhes horripilantes da morte de jogador Daniel Corrêa Freitas

Local onde foi encontrado o corpo do jogador Daniel ganhou uma cruz, como lembrança de sua morte. Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O empresário Edison Brittes Júnior, 38 anos, parecia estar tão cego de raiva ao matar o jogador Daniel Corrêa Freitas, no dia 27 de outubro, que mal terminou de tirar o jogador do porta malas do carro e já ‘foi passando’ a faca no pescoço dele. Daniel ainda estava com as pernas para dentro do porta-malas (e o corpo para fora, segurado por Edison), quando levou o primeiro corte no pescoço. Pelo menos esta é a versão declarada por Eduardo Ribeiro da Silva, 19 anos, na manhã desta segunda-feira (12), na delegacia de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

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Esta é a primeira vez que detalhes da morte são reveladas, já que a declaração de Eduardo diverge dos outros envolvidos no crime, Ygor David (conhecido como Ygor King) e David Willian Vileroy da Silva, que afirmaram que sequer tinham saído do carro no momento em que Edison matou Daniel.

Em sua declaração, Eduardo diz que já estava há um tempo no quarto dormindo com sua namorada Taís (foram os primeiros na casa a ir dormir e que com exceção dele, de Taís e do Mineiro, estavam todos muito bêbados), quando Cristiana entrou e pediu ajuda para ele. Ela pedia “ajuda o piá, que o Júnior (Edison) está batendo nele, porque ele estava mexendo em mim, e não deixa o Júnior bater nele”. Eduardo disse que a porta do quarto de Cristiana e Edison estava aberta (não notou se estava arrombada) e, quando ele entrou, presenciou Ygor, David e Edison agredindo Daniel. Edison segurava o jogador com um mata leão. Daniel estava muito machucado, sangrando, e não dizia nada.

Casa da família Brittes, em São José dos Pinhais, onde Daniel foi agredido antes de ser morto. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná
Casa da família Brittes, em São José dos Pinhais, onde Daniel foi agredido antes de ser morto. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

Na versão de Eduardo, logo os quatro homens levaram Daniel para a parte de fora da casa, onde o jogador continuou a ser agredido. A cueca do jogador foi tirada e ele ficou só de camiseta, quando Edison disse que “talarico tem que ser capado, esse gambá”. Após dar a ré no Veloster da família, Edison intimou Eduardo, Ygor e David para ajudar a segurar o jogador durante a capação. Conforme Eduardo, Edison buscou uma faca na cozinha e colocou o jogador no porta-malas. Colocou “de qualquer jeito”, visto que ao fechar, a tampa bateu nas pernas de Daniel. Então Ygor jogou as pernas para dentro e terminou de fechar o porta-malas. Os quatro embarcaram voluntariamente no carro e saíram. Eduardo afirmou que sabiam da intenção de Edison em cortar o pênis do jogador, mas diz que se soubesse que a intenção era mata-lo, não teria embarcado no carro.

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Morte agonizante

Eduardo disse ainda, no depoimento, que quando estava no porta-malas, Daniel tentava balbuciar algumas palavras incompreensíveis e se levantar. Então levava cotoveladas de Ygor, que estava no banco de trás junto com Eduardo. Enquanto Edison dirigia para um local que ninguém sabia onde era, olhava o celular do jogador. Num dado momento, o empresário ficou mais sério olhando as mensagens trocadas por Daniel e começou a dizer que ia “capar o cara”. Talvez tenha visto as fotos que Daniel tirou com Cristiana na cama, dizendo aos amigos que havia transado com ela.

Numa estrada de chão, perto de uma plantação de pinus, todos desceram do carro. Edison abriu o porta-malas, tirou a sua própria camiseta e tentou tirar Daniel do carro, puxando-o pelos cabelos. Como escorregou, segurou Daniel pela camiseta e o jogador caiu por cima do empresário. As pernas de Daniel ainda estavam dentro do porta-malas, quando Edison pegou a faca e cortou o pescoço de Daniel pela primeira vez. Foi quando Daniel caiu totalmente no chão, tentando gritar, e Edison continuou cortando o jogador, batendo a faca no pescoço. Eduardo relata que ainda ouviu barulhos de Daniel, como se fosse um porco sendo morto. Neste momento, David passou mal.

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Daniel já estava sem reação, talvez morto, quando Edison arrastou o jogador pelos braços da estrada até atrás de uma árvore e alguns arbustos, no mato. Isto ele teria feito sozinho, enquanto Eduardo, David e Ygor ficaram atrás do carro. Ele diz que viu Edison agachado, fazendo movimentos repetidos, como se cortasse algo, e acredita que este é o momento em que o empresário cortou o pênis do jogador, apesar de não ter visto diretamente o ato. Eduardo não soube dizer onde o empresário jogou o órgão genital do jogador.

Edison voltou ao carro ensanguentado, com a faca na mão e dizendo “fiz merda, mas não vai dar nada para vocês, isso fui eu que fiz”. Neste momento do seu depoimento, Eduardo ressaltou que ninguém foi ameaçado por Edison e que todos estavam ali por livre e espontânea vontade, sabendo previamente que Daniel seria mutilado.

“Limpando tudo”

No caminho de volta, Edison parou num posto de combustíveis e pediu que David comprasse água. Depois, pararam em frente a uma loja de roupas, onde David pegou dinheiro com Edison e comprou uma camiseta regata e uma bermuda. Foram até um riacho, onde Edison se limpou do sangue, trocou de roupa e jogou a faca e a roupa ensanguentada no riacho. Eduardo não sabe o que foi feito do celular de Daniel, que Edison olhava dentro do carro. Também não sabe como o empresário fez para abrir o celular, visto que não viu Edison pedir a senha de desbloqueio ao jogador.

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Quando retornaram à casa da família Brittes, o restante dos convidados já tinha ido embora. Lá só estavam Cristiana, Allana, Evelin (que é amiga de Allana e ficou com Daniel na balada) e Taís, namorada de Eduardo, que não viu nada do que aconteceu porque ainda estava dormindo. Os envolvidos no crime estavam com as roupas todas respingadas de sangue, ainda do momento das agressões. Então Edison chamou a filha e a esposa e contou a elas que tinha matado Daniel. Evelin, Ygor e David escutaram a conversa.

Almoço

Evelin 'ficou' com Daniel durante a festa de Allana e prestou depoimento na tarde desta segunda. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná
Evelin ‘ficou’ com Daniel durante a festa de Allana e prestou depoimento na tarde desta segunda. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

Como a hora do almoço se aproximava, Evelin preparou um estrogonofe. Eduardo disse que não comeu nada e que, durante todo o sábado, não conversou com ninguém sobre o assunto. Cristiana, segundo Eduardo, parecia estar em estado de choque e sequer entrava em seu quarto. Edison não falava também sobre o assunto. No domingo, Eduardo e Taís foram embora, retornaram para Foz do Iguaçu, onde moram. Assim que soube da prisão de Edison, pelos jornais, Eduardo se apresentou à polícia com seu advogado para esclarecer os fatos.

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+ Confira o desenrolar dos acontecimentos:

Sábado (27): Ex-jogador do Coritiba é encontrado morto em São José dos Pinhais

Quarta (31): Corpo de Daniel é velado em Minas Gerais

Quarta (31): Daniel foi espancado antes de ser morto, diz testemunha

Quinta (1): Suspeito de matar ex-jogador é preso, junto com esposa e filha

Sexta (2):  Perícia na casa onde ex-jogador foi agredido antes de ser morto pode revelar detalhes do crime

Sexta (2): Conversas de Whatsapp apontam que filha de suspeito fez contato com família de jogador

Sábado (3): Saiba em que condições está presa a família Brittes, acusada da morte do jogador Daniel

Segunda-feira (5): Rapazes que testemunharam morte do ex-jogador Daniel devem depor nesta semana

Segunda-feira (5): Cris e Allana Brittes prestam depoimento sobre morte de Daniel. Caso tem novidades!

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Sexta-feira (09): Moto ostentada por Brittes era de traficante, diz delegado

Sábado (10): Família Riqueza: festa de aniversário de Allana Brittes custou R$ 30 mil

Domingo (11): Celular usado por Edison Brittes para dar pêsames é de um homem morto

Domingo (11): Imagens mostram Edison Brittes combinando mentira sobre morte de jogador Daniel

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