Goteiras, falta de passagens subterrâneas, ônibus lotados, banheiros sujos e catracas mal posicionadas. Essas foram as reclamações que a reportagem da Tribuna ouviu dos usuários do transporte coletivo sobre o Terminal Portão. Inaugurado em 1983, o equipamento é considerado defasado, pois foi projetado para atender as necessidades de uma Curitiba que não existe mais.
A dona de casa Maria Moreira, 67 anos, desembarca no terminal com frequência para ir à fisioterapia. “Os ônibus que eu pego, o Uberlândia e o Santa Cândida/Pinheirinho, estão sempre lotados. Até consigo sentar porque levantam para mim, mas não tem conforto nenhum”, queixa-se. Daluzenir Padilha, aposentada de 66 anos, também critica: “Na minha opinião, as condições estão péssimas. Quando chove, tenho que ficar com a sombrinha armada dentro do terminal. Os banheiros não dá para usar, são muito sujos, e os biarticulados vão sempre cheios”.
Um funcionário de uma das empresas de ônibus, que preferiu não se identificar, apontou outra série de problemas no terminal. Para ele, as catracas foram instaladas no local errado, pois deveriam ficar nas extremidades, e não no meio. “Quem vem dos shoppings [Palladium e Total] e quem vem de fora fica perdido, não sabe por onde entrar. Além disso, como as extremidades são todas abertas, facilita para os que querem entrar sem pagar passagem”, opina.
Ele ainda vê falhas na acessibilidade do terminal. “Só tem rampa de um lado da plataforma. Se o cadeirante está do lado que tem escada, tem que se deslocar até o outro lado para poder subir pela rampa. E os usuários se arriscam muito para atravessar o terminal, já que não tem passagem subterrânea”. Na visão dele, o terminal é pequeno para a quantidade de gente que circula por lá, principalmente aos finais de semana, para ir e voltar dos shoppings próximos.
Providências estão sendo tomadas
A Urbanização de Curitiba (Urbs S/A) informa que o Terminal Portão tem 6,2 mil metros quadrados de área operacional, recebe 13 linhas de ônibus e 68 mil passageiros por dia. Quanto aos ônibus lotados, o órgão diz que nas férias há redução de 15% no movimento e a partir do início do ano letivo serão feitas novas análises para verificar a demanda em cada linha e as adequações necessárias.
Sobre as goteiras, a Urbs afirmou que a empresa responsável já foi acionada e está verificando, para realizar os reparos necessários. De acordo com o órgão, a limpeza dos terminais é de responsabilidade das empresas operadoras do transporte e a lavagem dos banheiros é feita pelo menos três vezes por dia. Em função desta reportagem, o órgão prometeu notificar as empresas para verificação do cumprimento do cronograma de limpeza.
Sem solução
Segundo a Urbs, não é possível construir rampas dos dois lados das plataformas por uma questão de espaço, mas futuras reformas nos terminais, que virão com o projeto do metrô, já preveem acessibilidade em toda a plataforma.
O local das catracas foi estabelecido visando a segurança dos usuários, que se aglomerariam pelas calçadas e pela rua, caso as entradas ficassem nas extremidades, de acordo com o órgão. Assim como a questão da rampa, a melhoria da segurança de usuários e operadores durante a travessia de uma ala a outra será contemplada pelas reformas.