Curitiba

Temer ou não?

Escrito por Ricardo Pereira

O bancário Leonardo Farah, 28 anos, diz já sentir uma melhora na política nacional. “A tendência é que o mercado reaja com esse governo mais eficiente. A equipe de Temer é muito boa e tem toda condição de botar o país no rumo certo mais uma vez. Talvez esse novo governo foque um pouco menos nos programas sociais e mais em condições de crescimento da população, que não seja via incentivo governamental, mas sim com empregos melhores e uma educação melhor”, diz.

Tania
Tânia trabalha no comercio e diz sentir na pele a crise econômica.

Tânia Cristina da Silva, 28, gerente de uma loja de calçados, desabafa. “Do jeito que estava até agora, estava muito ruim. Nós ficamos com o pé atrás porque trabalhamos no comércio e sentimos na pele a crise que pegou todo mundo desprevenido. As pessoas estão consumindo com ‘mais segurança’, só o que precisam mesmo. E aí, isso afeta a nossa a classe também”, pondera.

Luana tem medo que novo governo prejudica a educação de seu filho
Luana tem medo que novo governo prejudica a educação de seu filho

Quem também sentiu o baque do aperto financeiro foi a vendedora Luana de Lima, 23. Percebendo a diminuição nas vendas, torce por uma melhora urgente. No entanto, tem receio da privatização. “Sei que o Temer quer negociar com o setor particular, sobre áreas como a educação. Meu filho de três anos passa o dia todo na creche. Meu medo é que esse tipo de serviço seja afetado e acabe me prejudicando”, relata.

A preocupação da vendedora tem fundamento. Assim que retornar de uma viagem à China – onde será realizada uma reunião do G-20, Temer deve anunciar um programa de concessões em parceria com os estados, com foco em áreas essenciais, como hospitais, creches, presídios e saneamento. A abertura do capital privado deve se estender para vários setores, e não mais no formato tradicional, com concessões apenas para a área de infraestrutura.

Pessimistas

Leticia acha que os programas sociais poderão ser extintos com o novo governo.
Leticia acha que os programas sociais poderão ser extintos com o novo governo.

Em meio às mudanças, há quem acredite no fim dos programas sociais. A comerciante Letícia Lima, 26, estudante de Design de Moda, se diz contra o governo Temer. “No dia que anunciaram o impeachment eu chorei muito, porque eu conheço muitas pessoas que foram valorizadas pelo governo do PT e passaram a ter dignidade. É muito triste ver que isso pode se perder. Acho que os programas sociais, como o Fies, Prouni ou de moradias, serão extintos”, reclama.

Mas e a crise financeira? “A questão não é a gente ver só a economia. Tem que ver o que é bom pra sociedade. É só ver a Itália, há anos com economia em queda, assim como a Grécia, famílias inteiras sem dinheiro para se manter. E os países seguem. Não é um problema exclusivo do Brasil”.

Winter diz ter pedido a fé nos políticos.
Winter diz ter pedido a fé nos políticos.

Por outro lado, há quem já tenha desistido de acreditar na política. Com 72 anos, o empresário Winter Folly diz ter perdido a fé nos políticos. “O governo está aumentando os impostos e quer melhorar a economia. Eu não vejo mais diferença entre um presidente e outro. Se existisse uma liderança honesta, a gente teria mais esperança”, garante.

Governo impopular

Na opinião do professor de Direito Constitucional da Universidade Positivo, Eduardo Faria Silva, a gestão Temer, que já tem se mostrado impopular, pode ser ainda mais mal vista pela população. “Os índices de rejeição chegam a 60% – muito próximos do que tínhamos com Dilma na presidência. Podemos ter um relativo imobilismo do governo Temer, que deve tomar medidas restritivas para reorganizar a economia”, explica.

Segundo o especialista, deve haver uma baixa compreensão da população por causa da crise política. “As medidas de restrição de direitos, como a reforma da Previdência ou das leis do trabalho, por exemplo, devem gerar descontentamento porque afetam o povo diretamente. Além disso, há o registro da diminuição de arrecadação. O governo deve suprir isso com o aumento de impostos e a venda de estatais.”

Sinais de melhora econômica

Para o analista financeiro Luiz Pacheco, a expectativa de crescimento é evidente. “Os índices de confiança do consumidor e do comércio têm melhorado. São os maiores números desde o ano passado. A população que já vê uma melhora na economia crê em uma estabilidade”, afirma. “A equipe escolhida por Temer tem capacidade de resolver os problemas econômicos do país. Muitos dos integrantes abriram mão de seus empregos, com salários muito maiores, para ajudar a estabilizar as finanças”, salienta.

Sobre as mudanças previstas na Previdência, o especialista julga as medidas necessárias. “Isso precisa ser mudado. Hoje em dia alguém com 55 anos consegue se aposentar, já que o cálculo é feito por tempo de serviço. O governo quer aumentar para 65 anos. Assim, a contribuição aumentaria e o tempo de pagamento para aposentados seria reduzido, colaborando para a economia brasileira”, analisa.

Sobre o autor

Ricardo Pereira

(41) 9683-9504