Sonho soterrado

Escrito por Tribuna do Paraná

A combinação entre fortes chuvas e um muro, supostamente mal construído, colado em um barranco, causou o desabamento de toda a estrutura de tijolos e concreto sobre a residência de madeira onde morava um jovem casal e a filha de dois anos. Da moradia, localizada na Rua José Dunaiski Filho, Jardim Paraíso, em Almirante Tamandaré, não sobrou quase nada em pé. Todos os móveis, roupas, eletrodomésticos e demais pertences se transformaram em entulho coberto de lama.

Ontem, por volta das 11h30 da manhã, Jéssica dos Santos Siqueira, 18 anos, saiu de casa para ir à residência ao lado, onde moram seus tios. Ela trabalha para eles, cuidando de seu tio-avô. Ia preparar o almoço e deixou a filha Maísa dormindo no quarto. “Senti algo estranho, me arrependi e voltei para buscá-la. Poucos minutos depois que entrei na casa da minha tia, ouvi um estrondo muito forte. Foi de repente, em poucos segundos caiu tudo”, descreveu a moça.

Ela se desesperou ao ver a cena de destruição. O marido, Jhonatan de Jesus Cordeiro, 20 anos, presta serviço para uma empresa em Curitiba como jardineiro e estava trabalhando no momento do desabamento. “Agora estamos indo atrás de ajuda. Não sobrou nada. Só não ficamos desabrigados porque vamos ficar na casa do meu sogro, que mora perto”, comentou o rapaz.

Apesar de estar aliviado por não haver ninguém dentro da casa no momento da destruição, o casal lamentou a perda material. “Nós ainda estávamos pagando parte dos móveis. Tínhamos mudado para esta casa há 15 dias. Por sorte não aconteceu à noite. Nós três teríamos morrido. A parte do quarto foi a mais afetada e nossa cama está debaixo da terra”, contou Jéssica.

No contrato de aluguel, a estrutura que desabou está definida como “muro arrimo”, que além de isolar o terreno, cumprem também a tarefa de suportar a terra do barranco. Para isso precisa ter sistema de isolamento e escoamento de água. Quando chove, a carga de terra sustentada pelo muro aumenta consideravelmente.

De acordo com o diretor da Defesa Civil da cidade, Alexandre Henrique de Siqueira, a estrutura apresentava problemas e não havia sido construída da maneira adequada. “O muro era mal feito. Não tinha o sistema de drenagem necessário”, afirmou à Tribuna. Segundo ele, esta foi à situação mais grave registrada no município ontem. Hoje pela manhã, um trator e um caminhão deverão ir ao local retirar os entulhos para que com novas chuvas a casa ao lado não seja prejudicada.

O casal disse que o proprietário do imóvel esteve no local durante a tarde de ontem e garantiu que vai tomar as providências necessárias. Jéssica e Jhonatan pedem ajuda. Quem puder colaborar doando roupas e móveis deve entrar em contato pelos telefones 9555-0698 e 9555-0697.

Chuvarada continua

O Instituto Simepar registrou 24 mm de precipitação ontem. Ou seja, 10 mm a mais que o aferido na tarde de quarta. Segundo o meteorologista Samuel Bruan, em Pinhais foi registrado 40 mm de chuva, número considerado alto para a região.

Hoje não deve ser muito diferente, já que uma frente fria está passando pelo oceano e induzindo áreas de chuva no Paraná. Apesar desse retrospecto, a partir de sábado o clima deve voltar a ser típico de verão, com tempo ensolarado predominante pela manhã e pancadas de chuva à tarde.

No escuro

Mesmo a chuva não sendo tão forte, os bairros Mercês e São Francisco, além de alguns pontos da região central de Curitiba, ficaram sem luz na tarde desta quinta-feira. De acordo com a assessoria da Copel, ao todo, 7 mil unidade receptoras ficam no escuro.

Jadson André

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