A exuberância das estátuas do homem e da mulher nus e o painel de azulejos de Poty Lazzarotto, em homenagem ao primeiro centenário de emancipação política do Paraná, não conseguem superar o abandono e a insegurança escancarados na Praça 19 de Dezembro. Turistas, comerciantes e a população são unânimes em reconhecer que mesmo com tantos monumentos o lugar deixou de ser um espaço a ser apreciado com tranquilidade, já que assaltos e arrastões integram a rotina do cartão postal.
Um comerciante que não quis ser identificado relata que coleciona números de protocolos no 156 em busca de providências, mas a situação se agrava a cada dia que passa. “Faz dez dias que montaram essa espécie de barraca na Praça e tem três moradores de rua que fazem de tudo, tomam banho, defecam, etc. Um grupo de turistas até tentou fotografar a praça, mas acabou desistindo diante da invasão”, descreve.
Ele também reclama da sensação de insegurança. “Quase todo dia alguém é assaltado aqui e, no domingo, a situação piora porque vem gangues que fazem arrastões nos estabelecimentos para levar os produtos mais expostos. Tanto que desisti de abrir”, denuncia.
Outro dono de estabelecimento da região conta que tenta manter um bom relacionamento com os usuários de drogas e moradores de rua a fim de evitar represálias. “Tenho que dar cigarros, balas e algumas moedinhas quase que todos os dias para evitar que tentem arrombar ou pichar a minha loja”, explica.
Os comerciantes também reclama que existem no entorno locais que vendem bebidas alcóolicas para menores, o que é proibido por lei e só aumenta a quantidade de situações desagradáveis envolvendo as gangues.
Travessia arriscada
Basta observar por alguns minutos a Praça 19 de Dezembro para constatar que vários transeuntes evitam cruzar o local, mesmo aumentando a distância do percurso. A estudante do curso de Arte Dramática do Colégio Estadual do Paraná, Anny Lindsay, 17 anos, diz que não passa pelo meio da Praça desde que iniciou o curso, há quatro anos.
Lembro de cinco colegas do curso que já foram assaltados aqui, sendo que um foram três vezes, e a maioria perdeu o celular. É a região mais perigosa do Centro”, afirma.
Ela conta que pega ônibus no tubo em frente ao Passeio Público, mas considera o ponto em frente ao Colégio Estadual Tiradentes bastante vulnerável a ação de bandidos. “Muitas pessoas são assaltadas, eu iria preferir caminhar mais a ter que esperar pelo ônibus lá”, comenta.
Polícia recomenda cuidado
Procurada pela reportagem, a Guarda Municipal de Curitiba informou em nota que são realizadas rondas diárias no local, com viaturas e a pé. Além disso, existe uma câmera de videomonitoramento e, no ano passado, o local recebeu uma edição do Módulo Móvel Itinerante (MMI) da Guarda, além de várias outras ações pontuais. A corporação esclarece que embora participe de ações “em todas as regionais da cidade e deflagre operações pontuais”, o papel da Guarda é prioritariamente preventivo.
A Polícia Militar, por meio de sua assessoria, também afirmou que o 12.º Batalhão tem realizado policiamento pelas ruas da área central, inclusive nas proximidades da Praça 19 de Dezembro. De qualquer maneira, a PM reforça a orientação de que os cidadãos devem tomar certos cuidados como: não deixar a mostra objetos de valor como celulares e relógios, evitar falar ao telefone quando estiver andando pela rua ou no ponto de ônibus, ter cuidado ao entrar e sair de estabelecimentos comerciais ou residências, e registrar boletim de ocorrência, que embasa as ações policiais. Para as situações de emergência a PM está à disposição da população por meio do 190.
Quanto aos comerciantes ou moradores da região, a PM solicita que estejam atentos às características dos marginais ou anotem as placas dos veículos suspeitos, a fim repassar à Policia Civil, que é responsável pela investigação e identificação de suspeitos.