Lembra da “raspadinha”, aquela loteria instantânea que você ganhava prêmios na hora, se achasse três valores iguais no cupom? Tinha gente que não aguentava esperar chegar em casa e já raspava o cupom ali mesmo na casa lotérica. Outros levavam de presente para a mãe aposentada, para os filhos ou a esposa. Era possível ganhar até R$ 100 mil com ela.
Na casa lotérica do empresário Auxílio Suguimoto, a Loterias Muricy, ele já viu muitos clientes saírem premiados. “Uma vez pegamos um lote que saiu um monte de prêmios. Foram vários de R$ 5 mil. Vimos também muitos clientes ganharem moto, carro. Era uma loteria bem divertida”, conta o empresário.
O aposentado Joel Camargo, 76 anos, cliente da Loterias Muricy, conta que gostava muito da raspadinha. Toda semana comprava e muitas vezes ganhou aqueles prêmios de R$ 2, que geralmente eram trocados por outra raspadinha. “Era uma loteria bem divertida. E quando a gente tirava aquele prêmio de R$ 2, um amigo meu dizia: Já deu pra salvar o capital investido”, brinca o aposentado, que hoje gosta de jogar na Quina e na Mega Sena.
Negócio rentável
Mas você percebeu que a raspadinha sumiu das casas lotéricas já faz três anos? Em março de 2015, o governo federal suspendeu a loteria, para reformular uma nova. Alguns especialistas comentam que o governo percebeu que se tratava de uma loteria muito rentável e por isto decidiu retirá-la da Caixa e privatizá-la. Não é à toa que a loteria instantânea corresponde a 25% do mercado lotérico mundial. Já a Secretaria de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loteria (Sefel), no Ministério da Fazenda, diz que a Controladoria Geral da União encontrou algumas “inadequações” legais na operação da loteria e por isso ela foi retirada do mercado. A Sefel não divulgou o valor total arrecadado com a raspadinha, nos seus 25 anos de operação. Mas supõe-se que possa ser muito mais que R$ 4 bilhões, pois só em 2012, por exemplo, ela atingiu uma arrecadação máxima de R$ 206 milhões.
Ainda é incógnita
O governo federal abriu a licitação para interessados em operar a Lotex, a nova raspadinha, que virá com temas relacionados ao futebol, datas comemorativas, referências culturais ou licenciamentos de marcas e personagens entre outros. Qualquer empresa poderia participar, desde que desembolsasse o lance mínimo de R$ 542,1 milhões, para operar a loteria por um prazo de 15 anos. Estima-se que, já no sexto ano de operação, a arrecadação da Lotex possa chegar a R$ 6 bilhões. O leilão ocorreria na quarta-feira da semana passada, mas conforme o Ministério da Fazenda, não apareceram interessados.
Por conta disto, o Ministério informou que está sondando as empresas que se mostraram interessadas inicialmente no leilão, para saber porque desistiram de apresentar propostas. Depois que os fatores forem compreendidos, é provável que o Ministério da Fazenda, junto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), formule um novo edital de licitação. Não há prazo para isto. Mas também não se descarta a hipótese de que o Ministério desista de colocar a loteria em operação.
Caso saia uma nova licitação, a Caixa, que atualmente é a única operadora de loterias no Brasil, também poderá concorrer ao leilão. Sendo assim, a raspadinha continuará sendo comercializada pelas casas lotéricas. Mas caso seja outra empresa a vencedora da licitação, serão estudadas novas formas de vender a loteria, que já tem previsão de ser vendida de forma física em farmácias, supermercados e comércio em geral, por exemplo e online.
A Caixa foi procurada, mas não se pronunciou sobre a Lotex.