Cada história contada pelo trio paranaense vem acompanhada de trilha sonora e sonoplastia. Um percussionista facilita o desenvolver da imaginação, com os mais variados instrumentos improvisados. Além dele, o violão e a viola caipira acompanham as apresentações. Formado em 2011, o grupo acumula premiações pelo Brasil e já se apresentou em municípios do Vale do Ribeira e de Santa Catarina, além de Brasília, Recife e Salvador.
Com um pequeno cenário remetendo à simplicidade do campo, Vinícius Mazzon, 39, Fábio Mazzon, 38, e Junior Bier, 38, vestidos a caráter, usam do sotaque caipira para entreter, exaltando o repertório popular de escritores brasileiros. Cada espetáculo dura, em média, 50 minutos. “Nós compomos as trilhas sonoras específicas para cada história. Cada momento tem um clima na música, seja ele de correria, suspense, susto ou alegria”, explica o músico e contador de histórias Vinícius.
Teatro para o povo
“A nossa intenção é trazer a iniciação na cultura para essas crianças. Talvez muitas delas nunca tenham ido até um teatro. A própria desigualdade social brasileira faz com que os lugares de cultura pareçam não pertencer ao povo. A gente quer mudar isso”, explica.
Cada público acompanha um conto diferente, de acordo com a faixa etária. “Temos cerca de 3 horas de repertório. A gente seleciona para o público certo”.
“Acho que essa descoberta é muito valiosa, a fruição da arte. Nesse momento, o principal não é aprender, não é fazer uma lição. É entender o que isso representa. Ouvindo a música, se sensibilizam ao entender a narrativa. As crianças vivem esse momento”, explica, sorridente.
Estímulo à leitura
O projeto tem incentivado a leitura, garantem os integrantes do grupo. Os contos populares interpretados pelo trio estão em livros. “São publicações que estão nas bibliotecas. Tive a experiência de fazer esse tipo de trabalho e, na semana seguinte, ao contar a história de algum livro, ver que ele já não está mais disponível porque uma criança o procurou para ler”, relata Vinícius.
Até mesmo as crianças mais tímidas se soltam e cantam, perguntam, respondem e interagem com o grupo. Yasmin Ribeiro, 9 anos, diz ter gostado de todo o espetáculo. “Mas, na verdade, a minha parte favorita foi o conto do sapo. Adorei”. Já a colega, Maria Leseux, 10, gostou das partes interpretadas. “Eu danço e faço teatro, então gostei muito dos momentos em que eles fazem isso”.
Expansão pro interior
O grupo estabeleceu como meta se apresentar para 10 mil crianças e mil adultos de Curitiba até o fim do ano. Serão, ao todo, 120 apresentações. Já foram realizadas 50. Para o ano que vem, um novo projeto deve colocar o espetáculo em oito cidades pequenas (de até 20 mil habitantes) no Paraná. São municípios que beiram o Rio Iguaçu, começando por Balsa Nova – em fevereiro de 2017 – e terminando em Quedas do Iguaçu.