Não fazia meia hora que eles tinham se conhecido, quando a Tribuna do Paraná os encontrou trabalhando juntos em um dos semáforos da Avenida Visconde de Guarapuava, no Centro. Mas a afinidade entre o carioca Daniel Rodrigues, o “Kea”, 21 anos, e o argentino Gonçalo Ojeda, 29 anos, parecia vinda de uma amizade de muitos anos. Talvez porque os objetivos e estilos de vidas deles sejam os mesmos: levar uma vida itinerante, conhecendo lugares e pessoas diferentes a cada dia.
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Daniel conta que era estudante de enfermagem no Rio de Janeiro. Mas em um dia de estágio, foi ele que quase ficou no hospital de vez. “Descobri que não é a minha praia. Eu sou da rua e é assim que eu quero viver, conhecendo cada dia um lugar”, diz Daniel, que tinha planos de sair de Curitiba, passar por Florianópolis e seguir rumo à Argentina, para passar o Natal.
Há três anos nesta vida, diz que o lugar que mais gostou é São José do Rio Preto, onde as pessoas são muito gentis, sempre perguntando se ele está precisando de algo. E ainda está nos seus planos ir à Bolívia.
Daniel vive da arte que faz na rua. Equilibra-se em cima de uma escadinha enquanto faz os seus malabares. Diz que em três ou quatro horas de trabalho por dia, consegue pagar hotel, comida e passagens. Fã de MPB, ele também toca violão nos ônibus e metrôs que entra. Pergunta o que as pessoas querem ouvir e depois pede contribuições por animar o dia delas.
Família viajante
Diferente de Daniel, Gonçalo não está sozinho. Há 16 anos na estrada, leva esposa e filho de quatro anos em suas andanças. Ele diz que a mulher também faz acrobacias e artesanatos, para venderem por onde passam. E com a arte no sinal vermelho conseguem sustentar a vida, pagar hotel, alimentação e passagens.