Entre jaquetas de couro e coletes de lã, as mãos habilidosas do costureiro Will Lima, registrado como Iolair José de Lima, 49 anos, encontram a matéria-prima para dar vazão a todo o talento aprimorado ao longo de quase 30 anos entre agulhas, fios, tecidos e máquinas de costura. Tanto que o endereço na Galeria Pinheiro Lima, na Praça Tiradentes, chamado Rouparia, onde está instalado há 14 anos, atende desde o público underground, que frequenta o local, até pessoas de estilos mais conservadores ou clássicos.
O ofício foi descoberto ainda na juventude com a mãe, também costureira, mas que tinha tantas encomendas que a impediam de atender aos pedidos do filho. “Sempre gostei de usar uma roupa diferenciada e bem acabada. Como minha mãe não tinha tempo, eu aproveitava as saídas dela para usar a máquina. Com o tempo e algumas orientações dela, o trabalho foi ficando do jeito que eu realmente ficava satisfeito”, conta.
Mas o cuidado com cada serviço encomendado garantiu o reconhecimento. “Gosto de entregar o que foi combinado com a pessoa e, dentro do possível, surpreendê-la”, comenta. Essa impressão se confirma entre os fregueses. A assistente social Elisabete Bertoldi, há quatro anos, procura Will Lima a cada conserto que necessita. “O primeiro trabalho que ele fez foi um colete para o meu marido. E ele sempre trabalhou muito bem cada peça trazida aqui”, elogia.
Will Lima também já se lançou a alguns desafios inusitados. “Já costurei uma vela de barco e uma carteira de trabalho de um homem que estava a caminho da entrevista de emprego”, conta.
Mesmo com foco, ele adora desafios, tanto que couro e jeans são os tecidos que mais gosta de trabalhar. “Couro, se você erra, perde a peça”, admite.
Will define o próprio estilo como sendo de “roqueiro comportado” e basta passar alguns minutos dentro da Rouparia para se contaminar pelo som predominante, em um local em que a música não para de tocar. “O rock predomina, mas toca um pouco de tudo na loja”, explica.
A calça vermelha de couro que ele está trabalhando exemplifica bem as convicções do costureiro. “Com o passar do tempo ela ganhou duas polegadas a mais, mas essa calça segue representando como uma luva a personalidade da minha cliente. Eu só vou intervir para que o caimento volte a ser perfeito”.
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