Segunda chance!

Fotos: Átila Alberti.

Com a crise econômica no Brasil, tem muita gente pensando bastante antes de ter um filho. Os gastos são enormes e começam com exames médicos, boa alimentação da mãe e, claro, móveis e roupinhas para a criança. Para muitos pais e mães, independente da classe social, os brechós se tornaram uma boa opção, já que vendem produtos conservados e novos, só que com um preço bem mais em conta. Somente entre 2007 e 2015, conforme o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), houve um aumento de 210%  de micro e pequenas empresas que comercializam artigos usados.

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Na área há 15 anos e considerada a pioneira no ramo de brechó infantil em Curitiba, Luciana Vilela, 48, é proprietária da loja Treco do Bebê, no bairro Mercês. Por lá a reportagem da Tribuna encontrou berços, roupas, sapatos, acessórios para a mãe, brinquedos, cadeirinhas – de refeição e transporte em carros – e carrinhos para passear com o bebê. No brechó o movimento é frequente e com a nova aposta de manutenção e higienização, serviço recente na loja, a procura está ainda maior.

Luciana é considerada pioneira no ramo de brechós. Fotos: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.
Luciana é considerada pioneira no ramo de brechós. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

“Surgimos há quinze anos e naquela época não tinha mais nenhum. Hoje os pais buscam pelos produtos da loja por conta da variedade, preço acessível e qualidade. Além das roupas e brinquedos, nós apostamos em cadeirinhas e carrinhos. Muitos pais chegavam até a loja e perguntavam se a gente conhecia um local especializado em conserto e limpeza. E aí, pensando nisso, temos a loja e também realizamos assistência técnica de carrinhos e cadeirinhas, e higienização. Esses serviços também fazem muito sucesso. O brechó é para todos os bolsos”, explicou.

Para se ter noção da diferença de preço, hoje um bom tip top para bebê custa em média R$ 70, nos brechós é possível encontrar um produto da mesma qualidade por apenas R$ 20. Pensando nisso, alguns lugares vendem exclusivamente roupas e brinquedos. Vilma Gabardo, 56, é proprietária do brechó Xereta, no bairro Seminário, e por lá roupas não faltam. Sua história no ramo começou por acaso e ela também é uma das primeiras proprietárias de brechó infantil na cidade. Para contornar a crise, Vilma investe também em datas temáticas. Nesta época de Copa do Mundo e Festa Junina, a comerciante separou duas araras com diversos produtos relacionados aos temas.

Foto: Atila Alberti
Foto: Atila Alberti

“Eu tinha um salão de beleza e comecei vendendo aos poucos e, de repente, resolvi focar só no brechó, porque fazia muito sucesso. As vendas aumentam muito no inverno, principalmente. As mães querem casaquinhos novos, roupinhas novas e a gente trabalha com várias marcas e gostos. Temos produtos simples e também os mais caros. Além disso, vendemos cadeirinhas. Mas por aqui tudo tem muita qualidade e seleção. Com esta época difícil para todos, eu tive outras ideias, como as datas temáticas”, explica.

Flavia Gabardo, 38 anos, consumidora fiel de brechós, conta que encontra produtos de qualidade e que ainda consegue revender algumas peças e objetos que a filha deixou de usar. “Eu acho muito prático e encontramos produtos de qualidade. Eu moro na região das Mercês e quando a minha filha nasceu resolvi investir nessas lojas, que eu já observava quando circulava pelo bairro. Tem de tudo, é muito bacana”, conta.

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Foto: Atila Alberti

Mercado aquecido

O ramo se tornou tão profissional, que hoje o Sebrae oferece consultoria para as empresas que comercializam artigos usados. As dicas são diversas, mas a consultora Fernanda Pesarini, garante que existem algumas que são fundamentais para aqueles que têm interesse no ramo, ou para aqueles que querem ampliar as vendas. A principal das dicas é a famosa internet.

Para contornar a crise, Vilma investe também em datas temáticas.
Vilma investe também em datas temáticas. Foto: Atila Alberti

“De fato existe essa tendência de lojas surgindo e vendendo produtos usados, até porque as famílias diminuíram e então se perde um pouco daquela tradição de fazer trocas entre primos e irmãos. Hoje, esses comerciantes não podem esquecer de se adaptar ao mercado e investir nas mídias sociais, participar de cursos e palestras do Sebrae, estudo de mercado e, claro, ter uma loja organizada e fácil de encontrar as coisas”, orienta Pesarini.

Confira as dicas da consultora

Redes sociais: Você pode abrir uma página no Facebook e um perfil no Instagram para divulgar suas peças. Atualmente, estas são as duas redes mais usadas pelos brechós. Cuidado com as fotos: as peças devem ser muito bem iluminadas e apresentadas, de preferência, vestidas. Roupas fotografadas em cabides ou deitadas não são atraentes.

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Agência digital: Invista na prestação de serviços de uma agência digital – agências de comunicação e publicidade na internet – que lhe aconselhará sobre a melhor forma de obter boa visitação on-line e taxa de conversão.

Eventos: Outra forma interessante de ampliar sua carteira de clientes é participar de feiras e eventos de terceiros. Leve sempre boas peças a esses eventos e tenha sempre cartões de sua loja para distribuir.

Conheça o cliente: Lembre de construir seu banco de dados com o contato, data de aniversário e as preferências de compra de seus clientes. Você poderá projetar campanhas de email marketing para divulgar novos produtos ou oportunidades para sua clientela.

Para quem quer abrir um brechó, a dica da consultora é “estudar o mercado e um bom local para ter o estabelecimento”. O ramo é uma ótima opção para quem quer abrir um negócio, por conta do baixo investimento inicial, e ainda colabora para a sustentabilidade do planeta, dando segunda vida a um acessório ou uma peça que seria descartado.

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