Seguindo as pistas

Quando um crime já aconteceu, aí entra em cena a Polícia Civil (PC), responsável por investigar e elucidar o ocorrido, identificar e prender suspeitos e, quando possível, reaver bens às vítimas. A instituição também é conhecida como Polícia Judiciária porque atua em conjunto com a Justiça (Ministério Público). Diferente da PM, 90% das viaturas da PC são descaracterizadas. Na instituição há quatro funções básicas: delegado, escrivão, investigador e papiloscopista.

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Comandante do inquérito

Nos dicionários, a descrição de delegado de polícia é resumida: é o profissional responsável por investigar e reprimir crimes. Mas na prática, vai muito mais além. O delegado Matheus Laiola, titular da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) de Curitiba, explica que um delegado coordena todo o trabalho do inquérito, solicita investigações e faz o fechamento do processo, a ser levado para o Ministério Público.

Ele também é um gestor da delegacia em que atua, administrando a estrutura e os funcionários. “É gratificante ver bens recuperados e suspeitos presos. Ou quando conseguimos prevenir um crime que a vítima nem sabia que seria vítima”, explica Laiola, que já presidiu uma investigação que levou à prisão de mais de 750 envolvidos com uma facção criminosa.

Nos mínimos detalhes

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

O trabalho do escrivão é o de “materializar” toda a investigação policial. Ele é responsável por documentar o inquérito, ouvir vítimas e suspeitos, registrar apreensões; contabilizar, classificar e armazenar as apreensões; avaliar bens apreendidos; enfim, todo o trabalho documental. Quando o trabalho é bem feito e organizado, facilita a atuação do delegado.

Alisson Santana é escrivão há cinco anos e diz que é uma função de enorme responsabilidade. É um trabalho que toma tempo e, por isso, não é a toa que muitas vezes há pilhas de inquéritos pelos cantos da sala. Mas ele se orgulha de um caso que conseguiu elucidar, de bandidos que olhavam anúncios em sites de vendas, marcavam de ir até às vítimas, fingindo interesse em comprar aquele objeto, e cometiam assaltos e estupros contra as vítimas.

Colega de Alisson, Rafaela Nadolny diz que o medo da vítima é o que atrapalha o trabalho, pois elas muitas vezes temem fazer algum reconhecimento e o autor voltar a atacá-las, mesmo sob a garantia de sigilo do reconhecimento e do depoimento.

A alma do “negócio”

Papiloscopista é importante na identificação correta de pessoas presas e de digitais de suspeitos em locais de crimes.
Papiloscopista é importante na identificação correta de pessoas presas e de digitais de suspeitos em locais de crimes.

O trabalho do investigador é bastante abrangente e dele depende a elucidação de um crime. Os investigadores fazem o trabalho de rua, vão atrás de informações, imagens de câmeras, identificam e prendem suspeitos. É o trabalho mais dinâmico da delegacia.

“Sem investigação, a delegacia para”, define uma investigadora da DFR, que prefere não se identificar. Ela conta que as dificuldades deste trabalho são muitas: vítimas não passam informações suficientes; pessoas e empresas demoram a fornecer dados (como imagens de câmeras de segurança ou IMEIs de telefones celulares, por exemplo); laudos de órgãos como Criminalística, Instituto Médico-Legal (IML) e Instituto de Identificação que demoram a sair; presos com RGs de outros estados (que a polícia tem dificuldade em conferir a identificação); burocracia excessiva para conseguir senhas e acesso a sistemas policiais, entre outros.

“As pessoas colocam câmeras em suas casas ou comércios, mas só para assustar bandidos, sem filmar. Mas querem que a gente resolva o caso delas”, lamenta a investigadora, que lida com muitas imagens de câmeras de péssima qualidade ou mal posicionadas.

Prova concreta

Já o trabalho do papiloscopista é importante na identificação correta de pessoas presas e de digitais de suspeitos em locais de crimes. Quando a vítima não “contaminou” uma cena de crime, ou seja, não tocou em tudo após o crime ter ocorrido, o trabalho do papiloscopista é bem eficiente em identificar impressões digitais em objetos, portas e janelas. É uma prova concreta da participação de alguém num crime.

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