Foram dois dias de julgamento para que o ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho tivesse a pena definida. O primeiro dia no plenário começou tenso e repleto de pessoas querendo acompanhar de perto o depoimento das testemunhas. O caso gerou tanta repercussão que alguns colegas da imprensa, mesmo credenciados, não encontraram lugar para sentar e precisaram acompanhar parte do julgamento em pé. Durante todos os relatos, Carli Filho parecia alheio, mas em alguns momentos demonstrava atenção como quem tentava lembrar melhor daquela noite.
Em momento algum o acusado olhou diretamente para a platéia, mas demonstrou chorar durante algumas falas das testemunhas. Em meio aos depoimentos, um deles, o do segurança do restaurante em que Carli estava minutos antes do acidente, impactou bastante a plateia. O funcionário relatou inúmeras vezes o estado em que o ex-parlamentar estava e alguns dos presentes conversaram entre si sobre a descrição.
Além das testemunhas, algumas fotos do acidente foram apresentadas no telão. A que mais chocou foi a imagem de Gilmar Yared e Carlos Murilo de Almeida depois de terem o carro atingido. Yared aparecia nas imagens com a cabeça decepada. Depois de alguns minutos uma foto de Carli, ensanguentado e desacordado, foi mostrada e ele pediu para ser retirado. Aparentemente ele não conseguia andar e precisou ser apoiado por dois policiais. Só retornou minutos antes de prestar depoimento. Com a voz embargada, ele disse que nunca teve a intenção de matar, mas que, sim, bebeu e dirigiu. A sessão toda durou cerca de oito horas.
Segundo dia
O segundo dia de julgamento começou às nove horas da manhã. Assim como na terça-feira (27), o local estava repleto de pessoas aguardando em uma fila que dificilmente andava. A sessão começou com debates e o clima era de confronto entre defesa e acusação. A defesa de Carli Filho tentou argumentar que o acusado colocou a própria vida em risco, ao ter provocado o acidente e que não desejava isso. Já o assistente de acusação, Elias Mattar Assad, disse que ele nunca respeitou os “nãos” definidos pelas leis e que “chegou a hora de o júri dar um não para ele”.
Depois do almoço, que durou uma hora, o clima permaneceu o mesmo. Algumas pessoas da platéia chegaram a rir ao ouvir alguns confrontos que pareciam escandalosos demais. Carli continuava com a mesma expressão. Quando chegou perto do final da tréplica da defesa, o ex-parlamentar parecia mais inquieto, já que dentro de minutos seu destino seria definido. Contudo, ao saber da decisão, permaneceu parado e não esboçou reação.
Com celulares na mão, nós da imprensa registramos a voz do juiz Daniel Ribeiro Surdi de Avelar lendo a sentença, que condenou Carli Filho a 9 anos e 4 meses de prisão. Depois que o juiz finalizou a sessão, Carli cumprimentou seus advogados e o irmão dele, o deputado Bernardo Ribas Carli, a quem abraçou longamente. Os dois deixaram o Tribunal pelas portas dos fundos. Carli entrou rapidamente em uma caminhonete preta e foi seguido por fotógrafos e cinegrafistas. Ele chegou a ser xingado de assassino.
Fim de julgamento
No final do julgamento, a deputada federal Cristiane Yared, mãe de Gilmar Rafael Yared, foi procurada por toda a imprensa. Rodeada por microfones, ela estava bastante emocionada e enfatizou que essa luta não era somente dela, mas, sim, de todos os brasileiros. “Estamos todos na fila e precisamos mudar o comportamento. Precisamos amar o próximo, leis mais duras, leis de trânsito severas e punição, porque punição educa”, declarou. O advogado Elias Mattar Assad parecia tranquilo e disse que não vai apresentar nenhum recurso como Ministério Público do Paraná (MP-PR) para aumentar a pena de Carli. “Nós já conversamos com a Chris e com seu esposo e não devemos tentar aumentar a pena imposta pelo juiz”, enfatizou.
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