Nada que acontece na Vila Nossa Senhora da Luz passa despercebido pelos olhos e ouvidos atentos de Haroldo Marconi, 46, conselheiro fiscal da associação de moradores e repórter comunitário. Em seu perfil no Facebook, ele divulga vídeos, textos e fotos de eventos e iniciativas que são realizados na região, como a festa junina da vila, as decisões da Copa Quarentinha e as ações do coletivo cultural Ânima CIC.
Um de seus vídeos, sobre a menina Heloísa, de 9 anos, que morava na vila e morreu com suspeita de negligência médica, teve bastante repercussão. “Foi uma história triste, um caso que comoveu muito a comunidade. Eu fiz a cobertura e o vídeo teve mais de 70 mil visualizações”, diz.
Haroldo não apenas registra o dia a dia do local, mas é um de seus maiores entusiastas e admiradores. “Tenho muito orgulho de morar aqui. É uma vila maravilhosa, segura, muito boa pra se viver. A escola Albert Schweitzer é uma das melhores de Curitiba, os banheiros foram reformados e estão parecendo banheiro de shopping do Batel. O tráfico existe em qualquer lugar, até dentro da polícia. Nossa vila não pode ser associada a isso”, afirma.
Segundo ele, o toque de recolher que teria sido dado após a morte de um traficante na vila, no mês passado, foi só um boato espalhado por causa do Whatsapp. “Não existiu toque de recolher. Eu trabalhei em uma panificadora aquele dia, teve uma pizzaria que ficou aberta até meia-noite. Foi uma brincadeira de mau gosto”, conta.
Na opinião dele, “a prova contundente de que a vila não é lugar de vagabundos é que as empresas e fábricas da CIC se desenvolveram graças ao trabalho de quem nasceu ali.” “Foram os moradores da Nossa Senhora da Luz que construíram a Bosch, a Phillip Morris, a Siemens, que deram e dão emprego pra tanta gente. Aqui todo mundo é guerreiro, trabalhador.”
Aos sábados, Haroldo participa do programa cultural “A Nossa Tribo”, na rádio comunitária 98.3 FM, que divulga música autoral e outros projetos artísticos da vila.