O designer gráfico Carlos Quadros, 54 anos, já conseguiu realizar muitos sonhos na vida. Carros, casa, eletrônicos, viagens, boa escola para o filho. Ele é assalariado como a maioria de nós, mas tem o costume de poupar, desde os 15 anos. Todo início de mês, já manda 30% do salário para a poupança. Quando surge uma oportunidade ou emergência, a grana está ali, disponível. Hoje, dia 31 de outubro, comemora-se o Dia Internacional da Poupança.
Carlos conta que aprendeu a poupar com seu pai. “Quando eu era criança, não gostava de pedir nada pros meus pais. Com 13 anos, já sentia vontade de trabalhar”, conta o designer, que mesmo ganhando pouco, como menor aprendiz, poupou desde o primeiro salário. Em alguns meses, comprou uma Caloi 10, bicicleta “de rico” na época. “Já tinha o dinheiro todo e vi que valia mais a pena comprar a vista, porque o desconto era maior do que os juros pagos pela poupança”, diz ele, orgulhoso, que aos 15 anos abriu uma poupança no extinto Banestado (hoje Itaú), conta que mantém até hoje.
Vários outros sonhos vieram: aparelho de som, videogame, a carteira de motorista (no aniversário de 18 anos, ele já tinha o dinheiro da autoescola), o primeiro carro (um Chevette, comprado antes de completar 19 anos), casamento, terreno, casa. “Com a mudança de moedas ao longo dos anos, os juros aumentaram muito. Vi que valia mais a pena aplicar na poupança, nem que a rentabilidade não fosse grande, do que pagar juros (de financiamento). Tendo o dinheiro na mão, eu sou o dono da situação. Não tem como o comerciante me explorar”, mostra ele.
“Eu também não planejo uma viagem sem me programar. Tem gente que vê o feriado chegando, se enfia no cartão de crédito e depois passa dificuldade em pagá-lo, fica inadimplente. Só viajo se eu puder pagar e não me faltar no mês seguinte. Eu consigo viver com 70% do meu salário. Não vivo com luxo, mas tenho conforto, pago todas as contas, não me falta nada”, diz o designer.
Poupando pra viajar
A pequena Lorena Prati Dias, 6 anos, tinha muita vontade de ir pro Beto Carrero World. Todo ano pedia, mas seus pais, que passam por uma fase financeira difícil, alertaram que não seria possível. Lorena não se conformou e começou a juntar “dinheirinho”.
A mãe, Cláudia, incentivou. Deu dois cofrinhos a ela e estabeleceu uma data para o objetivo. Só com os trocos que os pais e os avós recebiam (e destinavam a Lorena), juntou R$ 150. Os avós completaram com mais R$ 50. O dinheiro pagou o combustível, o estacionamento, o pedágio, cachorro quente e algodão doce.00
O pagamento dos passaportes de entrada no parque também foi planejado pelos pais. Aproveitaram que era mês das crianças e Lorena entrava de graça. Também era aniversário do papai, Augusto, que não pagou a entrada. Somente a mamãe pagou, com desconto, pela internet. “Era uma viagem que nós não poderíamos fazer neste momento. Mas com planejamento, realizamos”, diz a mãe. E Lorena tomou gosto por poupar. Agora está juntando para ir ao Rio Quente Resort, em Goiás.
Segura e prática
“Os juros caíram, então investir na poupança voltou a valer a pena”, mostra Adilson Felix de Sá, diretor de desenvolvimento de negócios da Central Sicredi PR/SP/RJ. Ele mostra que a poupança é segura (não tem risco de perder dinheiro), prática (fácil depositar e sacar a qualquer hora), simples (sem nomenclaturas difíceis e taxas administrativas) e não paga imposto de renda.
O rendimento da poupança corresponde a 70% da taxa Selic, ou seja, rende 5,8% ao ano, em qualquer banco brasileiro. E se o poupador aprende a apenas sacar o dinheiro na data de aniversário (se depositou o dinheiro num dia 10, por exemplo, só sacá-lo nos dias 10 de qualquer mês), só tende a ganhar dinheiro. No ano passado, no auge da crise, diz Adilson, a poupança (soma de todas as contas poupanças brasileiras) perdeu R$ 40 bilhões, ou seja, a quantidade de saques foi maior que os depósitos.
Este ano, as coisas melhoraram, pois essa diferença está em apenas R$ 4 bilhões. “No Sicredi, especificamente, tivemos mais depósitos que saques. Até setembro, o saldo era positivo, R$ 1,7 bilhão”, mostra Adilson.
Atualmente, o Brasil possui aproximadamente R$ 900 bilhões aplicados em contas poupanças, dinheiro que os bancos usam para investimentos imobiliários e agrícolas, ou seja, ajuda no desenvolvimento do País.
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Com dicas para quem quer começar a poupar uma grana: