“Rancho” econômico

O aposentado Sonivaldo Rodrigues da Silva e a esposa, Aparecida Pereira, não fazem mais compras em mercados convencionais. Nos últimos anos, o casal tem optado pelos chamados “atacarejos” – estabelecimentos que permitem a comercialização em duas formas: atacado e varejo.

Comprando um número mínimo de itens, o consumidor leva vantagem no preço final, que acaba saindo mais em conta. “Aqui tem tudo que a gente precisa e o preço é mais em conta mesmo”, explica ele. “Esse carrinho quase cheio é só reposição de casa, já que a família consome bastante. Na compra do mês a gente acaba levando muito mais, comida, item de higiene pessoal e tudo mais que tem direito”, diz Aparecida.

Foto: Felipe Rosa
“Aqui tem tudo que a gente precisa e o preço é mais em conta mesmo”, disse o Sonivaldo. Foto: Felipe Rosa

Já a auxiliar de serviços gerais Luciane Franco é a responsável pelas compras da empresa onde trabalha. “Café, açúcar, material de limpeza. É o que nós usamos todo dia. Por isso, sempre que eu venho, levo muito de cada coisa. Para a gente, compensa”, relata.

Para o empresário José Rodrigues, dono de um restaurante em Curitiba, as compras são semanais. “Os valores são mais em conta. É bem diferente do mercado comum. Arroz, feijão e óleo são as coisas que eu mais compro”, explica.

Negócio crescente

Marcio explica que o aumento dos "atacarejos" é reflexo da crise. Foto: Felipe Rosa
Marcio explica que o aumento dos “atacarejos” é reflexo da crise. Foto: Felipe Rosa

Para o gerente da unidade Muffato Max do bairro Pinheirinho, Márcio Alves Rosa, o preço é o grande atrativo. “Quando a crise se intensificou, no ano passado, as vendas melhoraram. As pessoas passaram a ver as compras com outros olhos. Perceberam que, no fim das contas, a economia pode chegar a 20%”, explica. O gerente explica que, para manter os preços reduzidos, é preciso ter um custo operacional menor – que acaba repassado ao consumidor, que compra mais do que precisa no momento para ter o desconto. “É mais prático para todo mundo”, diz.

“Só em 2016 inauguramos duas lojas deste tipo em Curitiba e, para o ano que vem, vamos abrir em São José dos Pinhais. É a nona unidade de atacarejo do grupo no Paraná e não vai parar de crescer tão cedo. Cada loja tem investimento aproximado de R$ 30 a R$ 35 milhões”. Ontem, o Muffato abriu a unidade do Campo Comprido. Há pouco mais de um mês, inaugurou um atacarejo na Linha Verde Norte, no Bairro Alto.

Preferido do consumidor

Foto: Felipe Rosa
José vai toda semana no “atacarejo”. Foto: Felipe Rosa

O formato de mercado no atacado que atende o consumidor final superou, pela primeira vez, o dos supermercados. Segundo um levantamento da consultoria Nielsen, 46,4% dos domicílios brasileiros preferem o atacarejo, em vez do supermercado tradicional. A pesquisa mostra que as vendas em volume cresceram 14,4% entre janeiro e setembro desse ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto isso, os outros tipos de varejo juntos amargaram queda de 4,2% nas vendas em volume.

Segundo a Abaas (Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviço), o setor deve fechar o ano com expansão de 14% em volume ante 2015. A previsão é de que, pela primeira vez, o faturamento do segmento supere mais de R$ 100 bilhões. A entidade atribui o crescimento à abertura de novas lojas e à crise econômica. A inflação alta e o aumento do desemprego levaram o consumidor a mudar seus hábitos de compra. De acordo com a Abaas, o modelo atacado de autosserviço ganhou força ao longo da década passada, impulsionado pelo aumento no poder de compra das classes C, D e E.

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