Depois de um longo período amargando os prejuízos da interdição da Estrada da Graciosa, os proprietários de comércios instalados na via aguardavam ansiosamente o verão para retomar suas atividades em pleno vapor. E já nos primeiros dias do ano, os comerciantes perceberam que podem ter esperança de recuperar, ao menos parcialmente, o prejuízo. Afinal, o movimento era bastante intenso tanto na rodovia quanto nos quiosques e restaurantes da rodovia no último final de semana.
Em entrevista à Tribuna em julho de 2014, o presidente da Associação Comercial da Graciosa, Gilton Dias, afirmou que as perdas chegariam a R$ 600 mil. No entanto, o movimento deste verão já deixa os comerciantes mais animados. Sorridente, Paulo de Tarso Mendes, 45 anos, que dirige um estabelecimento no local desde 1986, afirma que o movimento desde o Natal está muito bom e acredita que, se continuar assim, ele consegue recuperar tudo o que perdeu e deixou de vender nos cinco meses em que ficou com seu quiosque fechado.
“Eu fechei o meu estabelecimento porque não tinha ninguém para comprar. Meu prejuízo foi de R$ 15 mil. Além de deixar de vender, eu também precisei jogar fora muita comida, como massa de pastel, cana e até 200 cocos. Alguns fornecedores permitiram que a gente trocasse os produtos vencidos, mas outros não”, comemora Paulo. Segundo ele, muitos moradores precisaram pagar até pedágio para ir e voltar para casa. “Com o dinheiro do pedágio, dava para comprar uns três pastéis e ainda sobrava um troquinho”, diz.
Um dos visitantes que decidiu prestigiar a Estrada da Graciosa já no primeiro final de semana do ano era Mauro Schirmer, 36 anos, proprietário de uma agência de turismo em Curitiba, que levou a família, parentes e amigos de Salvador, Londrina e São Paulo para conhecer as belezas naturais da via histórica da Graciosa. “É um passeio fantástico e que vale muito a pena conhecer. A estrada é belíssima e com um visual incrível. Mas eu acredito que ainda falta muito investimento público, e também privado, para tornar o local ainda melhor”, diz. Para ele, este é um passeio que todos os que visitam a capital paranaense e as cidades vizinhas deveriam fazer, mas falta, por exemplo, espaço de estacionamento e os banheiros deixam a desejar.
Motivo de preocupação
Para quem não se lembra, a Estrada da Graciosa foi totalmente bloqueada em março do ano passado por causa de desmoronamento de terra, seguido de queda de barreira, causado pelas fortes chuvas, principalmente em trechos do quilômetro 10 e quilômetro 12, que eram os pontos mais críticos. De acordo com o Departamento de Estradas e Rodagem (DER), a rodovia ficou completamente fechada até julho e depois operou em meia pista até início de setembro, quando finalmente foi totalmente reaberta.
O comércio de Morretes e Antonina também foi afetado, como é o caso da vendedora de produtos artesanais Iolanda Barbosa da Costa, 85 anos, há mais de 50 anos com seu comércio local. “Eu não cheguei a fechar, mas foram praticamente seis meses sem nenhuma renda. Joguei fora muita pamonha e milho e as perdas giram em torno de R$ 12 mil. Mas acho quem com o movimento, eu consigo recuperar”, diz.
Cuidado na estrada
Apesar de ser um trecho com poucos acidentes, Tarcísio Maico Gonçalves da Silva, comandante da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) no posto da Estrada da Graciosa, afirma que todo o cuidado é pouco ao percorrer o trajeto até as cidades de Morretes e Antonina, especialmente em dias de chuva e neblina. “A gente orienta aos visitantes que não tenham pressa e redobrem a atenção nos dias de clima ruim. Dirigir devagar e tomar muito cuidado nas curvas”, explica Silva.
Na última sexta-feira, o número de carros descendo sentido litoral do Paraná pela Estrada da Graciosa era bastante intenso. Segundo informações da PRE, o movimento era quatro vezes maior do que em dias normais, quando circulam cerca de 100 veículos por hora. Os visitantes podem utilizar a via com tranquilidade porque todas as obras de reparação foram finalizadas e não existem novos riscos de desabamento.