Zerando dívidas

Como a grande maioria, Alvaro vai usar o salário extra para acertar dívidas. Foto: Daniel Caron
Como a grande maioria, Alvaro vai usar o salário extra para acertar dívidas. Foto: Daniel Caron

O radialista Álvaro Vilbrantes, 51 anos, está entre os 85% dos brasileiros que vão usar o dinheiro do 13º salário para pagar dívidas. A estatística é de uma pesquisa feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), que mostra que a ampla maioria dos trabalhadores já comprometeu a grana extra. Na próxima quinta-feira (30), será paga a primeira parcela do benefício aos trabalhadores assalariados.

“A gente tem que colocar a casa em ordem. Fazer o que a maioria do povo faz, mesmo, que é pagar as contas. Na atual circunstância, é melhor empatar o jogo do que perder”, explicou o radialista. Segundo Álvaro, a intenção é começar 2018 sem dívidas, para evitar que tudo vire uma ‘bola de neve’. “Pelo menos assim teremos noites de sono melhores. Mas também não vejo isso [de usar o dinheiro para pagar as contas] como um problema, infelizmente essa é a nossa realidade”. De acordo com a pesquisa, as principais dívidas a serem liquidadas são cartão de crédito (51% do total) e cheque especial (43%).

Leia mais: Quem tem direito ao 13º salário? 

Na contramão

Ceoni é exceção à regra: vai colocar dinheiro na poupança. Foto: Daniel Caron
Ceoni é exceção à regra: vai colocar dinheiro na poupança. Foto: Daniel Caron

A aposentada Ceoni Covre é uma exceção. Ela disse que sequer pretende mexer no dinheiro que vai receber de 13º salário. “Vai direto para a poupança. Graças a Deus, não tenho contas para pagar, está tudo certinho”. Além disso, a pesquisa revelou também que a preocupação dos consumidores, neste ano, vai ser reduzir o volume dos gastos com os presentes de Natal. Conforme a Anefac, 95% dos consumidores pretendem gastar até R$ 500.

Remando contra a maré, as colegas de trabalho Adrieli e Isabela pretendem gastar o dinheiro de outra forma. “Eu vou viajar para a praia. Passar a folga por lá. Deixa as contas pra lá, depois a gente resolve, primeiro a viagem”, defende Adrieli. “As contas, a gente vai dando um jeito. Vai empurrando, se não a gente nunca compra nada”, diz Isabela, que pretende comprar um smartphone.

Isabela vai comprar smartphone e Adrieli, viajar. Foto: Daniel Caron
Isabela vai comprar smartphone e Adrieli, viajar. Foto: Daniel Caron

Todo cuidado é pouco

De certa forma, o pagamento das amigas está comprometido. O economista Daniel Poit, que também é professor universitário e consultor de grandes empresas, alertou que as pessoas precisam, antes de pensar no que vão gastar, primeiro ter o dinheiro em conta. “Não se deixe levar pela atração, principalmente agora no fim do ano. Ainda vivemos num período de crise, portanto é bom termos cautela, pois algumas empresas podem acabar não conseguindo pagar o 13º salário em dia”, explicou.

Como usar?

Além de não se precipitar, o economista também orientou que, tendo o dinheiro em conta, as pessoas procurem resolver suas dívidas. “E ainda assim é importante ter cautela. Nem sempre pagar à vista compensa. Às vezes uma negociação pode ser mais benéfica, mas o importante é pensar nas contas antes de procurar produtos para comprar, por exemplo”.

Outra dica do economista é para que, depois de verificar as contas, as pessoas primeiro calculem quais vão ser os gastos de Natal e férias. “E lembre-se sempre que janeiro vem logo depois, cheio de novas dívidas. Separar parte do dinheiro para ajudar nessas finanças, como IPTU, IPVA ou até mesmo material escolar para quem tem filho, pode ser uma boa saída”, sugere.

Caso suas contas estejam em dia e você queira investir o dinheiro que vai receber em alguma coisa que já queria há certo tempo, o economista reforça: “Converse consigo mesmo e veja se realmente é necessário, se você precisa daquilo. Só compre o que for precisar, não se deixe levar pela atração”.

Mesmo com tantos alertas, o economista percebe que as pessoas estão mais conscientes. “Talvez seja um legado da crise que passamos. Estamos aprendendo, pouco a pouco, a usar o nosso dinheiro de uma forma mais consciente”, avalia Daniel, que também considera a liberação das contas inativas do FGTS como algo positivo. “Fez com que muita gente desafogasse as contas e talvez nem vá precisar mexer no 13º agora. Mas é importante mantermos a cautela, pois os problemas continuam. Ainda tem muita gente desempregada e empresas ainda têm dificuldades de se manter”.

DESTINO DO 13º SALÁRIO EM 2017

Percentual      Finalidade                                                                           Variação 2017/2016
85%                  Pagar dívidas já contraídas                                             +4,94%
5%                     Comprar presentes                                                           -16,67%
4%                     Poupar para despesas do começo do ano                    -33,33%
3%                     Já receberam parte ou valor total ou anteciparam   -25%
2%                     Poupar parte que sobrará                                               +2%
1%                     Comprar e reformar residência                                      0%

Fonte: Anefac.

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