“O sonho, que era da Maria, virou um sonho de toda a família, que hoje está empregada com o projeto feito por ela”, assim definiu, com brilho nos olhos, Euler Almeida de Menezes. O homem foi um dos responsáveis por apostar no trabalho de conclusão de curso da filha, Maria Aparecida de Souza Menezes, de 19 anos, que trouxe um pouco do gostinho de Minas Gerais ao Paraná. A loja, montada com a união de pai, mãe, uma tia e até a vó de Maria, tem menos de um mês e já é um sucesso no bairro Boqueirão, em Curitiba.
+ Atenção! Você está a um clique de ficar por dentro do que acontece em Curitiba e Região Metropolitana. Tudo sobre nossa região, futebol, entretenimento e horóscopo, além de blogs exclusivos e os Caçadores de Notícias, com histórias emocionantes e grandes reportagens. Vem com a gente!
Maria contou à Tribuna que o sonho foi surgindo aos poucos. “Eu entrei num curso do Senai e o projeto de conclusão já tinha que ser feito desde praticamente o começo. Como em Minas Gerais, de onde vim, eu ajudava a vender pão de queijo que minha vó fazia, pensei numa empresa de pão de queijo e fui tocando, mas jamais imaginei a reviravolta que esse projeto traria na minha vida e na da minha família”, disse a jovem.
Segundo seu pai, ao fim do projeto a filha teria que produzir pães de queijo para vender na empresa montada no TCC e foi aí que veio a surpresa. “Produzimos 300 pães de queijo e ela vendeu em 4 horas. Nesse momento vimos que havia possibilidade de isso se tornar um negocio rentável e de família”.
Euler, que trabalhava com transportadora e corretora de seguros, abandonou o emprego. “Juntamos o útil ao agradável. Montamos o projeto, contratamos arquiteto para a loja, registramos o pão de queijo e começamos ir atrás desse sonho”, detalhou o pai de Maria.
A ideia da jovem foi amadurecida e, além do pão de queijo, a família resolveu se unir para montar uma loja que vendesse produtos mineiros. “Vimos que em Curitiba era muito difícil encontrar bons produtos, então ampliamos o que já tínhamos no projeto”, explicou Euler, contando que, junto com a esposa, viajou em busca de ainda mais parceiros. “Encontramos fazendas que produziam doces, cachaças e queijos. Tudo que vendemos na loja tem origem mineira”.
Loja aberta às pressas!
Com um ano entre a percepção do pai de que o projeto de Maria daria certo e o planejamento para que a loja saísse do papel, surgiu a ‘Minas Uai’, na Rua Paulo Setúbal, bem no coração do Boqueirão. “Nós fomos montando aos poucos e queríamos que tudo ficasse perfeito para que abríssemos, mas não deu muito certo nosso planejamento, os clientes estavam ansiosos e não aceitaram esperar não”, brincou Euler.
Antes que a loja estivesse pronta, um dos clientes praticamente os fez abrir as portas. “Estávamos ainda colocando alguns produtos nas prateleiras quando um cliente abriu a porta e perguntou se podia entrar. Vimos que as pessoas estavam realmente curiosas e resolvemos abrir antes do que tínhamos pensado, o que foi muito emocionante, porque tivemos a certeza de que estávamos no caminho certo”.
Quando a Tribuna esteve na loja, que também tem um café com cara de cozinha de vó, a ‘Minas Uai’ tinha apenas 15 dias de existência, mas já estava bombando. E tudo pelo boca a boca. Por lá, o que não falta é gente atenciosa, que só deixa levar produtos gostosos para a casa se antes você prová-los. “O pessoal fala que o curitibano é muito fechado, mas na realidade o que falta é gente que goste de conversar e o mineiro é prosa boa. Resolvemos adotar uma medida diferente no atendimento: a gente mostra para as pessoas os produtos, damos atenção”, avaliou o pai.
Comida e carinho
Com a loja aberta, cada um da família ganhou uma função e todos juntos trabalham para fazer com que os clientes se sintam em casa. Isso porque, segundo Euler, o mineiro é conhecido por ser um povo muito caloroso, atencioso. “E resolvemos trazer isso pra cá. Trouxemos o sabor, os temperos, os doces, mas também o carinho e calor humano que o mineiro tem. A gente não força a venda, o cliente só leva o que ele provou e gostou”.
Maria, que é daquelas que fala pouco, disse estar emocionada em ver o quanto sua família se uniu. “Pra mim é uma emoção muito grande, não tenho nem como descrever. Sei que seria difícil conseguir realizar esse sonho sozinha, mas todo mundo topou se juntar e comprou a ideia. Não é mais um sonho meu e sim de toda a minha família”.
A jovem, que é responsável pela cozinha junto com a vó, contou que o curso do Senai a fez ter visão e isso foi passado para os familiares. “Com o curso a gente aprende a saber lidar com a administração de uma empresa, como vender, mas também até a como colocar os produtos certos e como atender o público”.
Trabalhando junto com o pai, a mãe e a tia, além da vó, Maria destacou também que não é só sua família que vai se beneficiar com a loja. “Tem muita gente por trás, porque além de nós funcionários, temos quem produz o que vendemos. São de várias famílias, o que aumenta ainda mais a nossa emoção e responsabilidade”.
Na ‘Minas Uai’ são oferecidos muitos produtos típicos, mas o destaque é para ele, que foi motivo de todo o sonho começar: o pão de queijo. Por lá, quem gosta do tradicional pão de queijo pode sentar e comer essa delícia da forma que estamos acostumados, mas não fica só nisso. “Criamos também o pão de queijo recheado, que é o nosso grande carro-chefe. São oito sabores, entre salgados e doces”, comentou Maria, fazendo referência à criação saborosa que custa a partir de R$ 6,90.
A Minas Uai fica na Rua Paulo Setubal, 4524, no Boqueirão. A loja, que abre todos os dias, é também um espaço aconchegante para saborear um bom pão de queijo. O telefone para contato é o (41) 3121-7967.
Feliz conquista!
Na ‘Minas Uai’, os pais de Maria são os gerentes, a tia ficou responsável pela administração e contabilidade e a jovem, com apoio da vó, pela produção. A especialista em inovação e educação do Sistema Fiep, responsável pelo Senai, Elaine Cristina de Andrade, enxergou de forma positiva a conquista da jovem estudante. “A gente fica realmente feliz em ver que um aluno nosso conseguiu não só se dar bem nos estudos, mas tirou do papel um projeto de sucesso”.
Segundo a especialista, algumas pesquisas apontam que pelo menos 60% dos jovens querem empreender, mas muitos ainda têm medo. “É por isso que hoje, em todas as nossas formas de passar o conhecimento, desde o ensino médio até o técnico e o superior, buscamos induzir nos jovens o espírito de empreendedorismo. Fazemos com que vivenciem muito a prática para que aprendam a observar e avaliar oportunidades. Buscamos tirar esse medo, mostrando, claro, a realidade, mas também caminhos”.
Nos cursos do Sistema Fiep, Elaine explicou que os estudantes são imersos numa realidade que pode até ser complicada para quem resolve começar e, após a conclusão, os egressos podem ser apoiados por até dois anos em seus projetos. “O empreendedorismo é uma grande experiência, mas a dica que a gente dá é que tenham coragem e se desafiem. Esse é o caminho, pois fazemos sempre o esforço de entregarmos cada vez mais empreendedores para o mercado”, concluiu ela, destacando que qualquer um pode se inscrever nas vagas para estudar. “E o segundo semestre está começando, então é o momento bom para se cadastrar nos cursos”. O caminho é o site do Sistema Fiep.
https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/curitiba/funcionarios-trabalham-obras-linha-verde-estao-sem-receber/