A iniciativa começou há muito tempo. São quase 40 anos de serviço voluntário. Valdivia da Silva Martins, viúva de um general do Exército Brasileiro, tem, junto com amigas, o importante papel de prover o enxoval para recém-nascidos de várias partes do país. Todas as colegas da “Costurinha” têm garantido a primeira roupa de milhares de bebês nas últimas décadas.
Com recursos próprios, a iniciativa é promovida anualmente. Todas as participantes têm ou tiveram maridos no Exército. A cada seis meses, o grupo se reúne e, durante todas as segundas-feiras (por quatro meses, em média), os materiais de costura se tornam a principal ferramenta das senhoras. Até 70 kits são produzidos por temporada. Como ninguém é de ferro, as tardes de trabalho servem também para colocar a conversa em dia e promover o café da tarde. “A gente vem para trabalhar e podemos até chegar tristes ou incomodadas com qualquer outro problema. A verdade é que saímos felizes e de alma cheia. Isso nos completa”, garante uma das voluntárias.
O capricho de ponta a ponta demonstra o carinho utilizado na confecção. Dentro da embalagem há um cobertor, uma toalha, fraldas, sapatinhos, casaquinhos, cueiros, conjunto pagão, um tip top e alguns materiais de higiene.
“Fazemos isso de coração para cabos, soldados e terceiros sargentos. O salário não é dos melhores. Muitas vezes eles precisam sustentar uma família inteira e o enxoval do bebê é a ajuda que podemos dar”, relata Valdivia. Um soldado recebe menos de R$ 1.500 mensais; um cabo, cerca de R$ 2 mil; já um terceiro sargento, aproximadamente R$ 3 mil.
“Como o militar é transferido de cidade e estado com muita frequência, a gente acaba disseminando essa prática por todo o país. Quem vem aqui hoje e aprende, amanhã vai estar em outra região ensinando outras mulheres. É a nossa corrente do bem”, comemora Rosa Maria Corrêa Mansur, esposa de general.
Mas não são apenas os filhos de militares que acabam presenteados. “O objetivo é doar para quem precisa”, explica Rosa Mansur. Por isso, quando há a possibilidade, o grupo faz doações para uma maternidade de Curitiba e outra de Colombo, na região metropolitana da capital.
Recompensa
Sendo doação que provém de trabalho voluntário, as mulheres não recebem nada pelo esforço dedicado. Bom, pelo menos nenhuma recompensa financeira. O retorno, que ao invés de vir em dinheiro, chega com um gesto ou com palavras, é muito maior.
“O nosso prêmio é a satisfação em poder ajudar. Mas, na realidade, a gente acaba ajudando a si mesmo. É um espelho. Você faz o bem e isso retorna para você. Com isso, hoje somos uma família”, diz Valdivia.