Doenças que começam silenciosas, quase sem sintomas, mas que não escolhem endereço e nem camada social. Segundo dados divulgados em 2017 pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama e o câncer de colo de útero encabeçam a lista das neoplasias que mais atingem e matam mulheres no Brasil. Atentas à questão e considerando que boa parte da população do Estado não tem acesso à saúde privada, entidades e autoridades têm unido esforços para promover iniciativas que proporcionem gratuitamente o acesso à prevenção e ao diagnóstico precoce às moradoras de municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Paraná. Um exemplo é a Unidade de Saúde Móvel da Mulher, apelidada carinhosamente de “Mamóvel”. O projeto itinerante que disponibiliza atendimentos e exames gratuitos começou a operar em agosto de 2017, e promete beneficiar muitas mulheres ainda esse ano.

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Os números assustam. De acordo com o Inca, só no ano passado mais de 57 mil novos diagnósticos de câncer de mama foram registrados em todo o país. A doença de evolução rápida é o tipo mais comum de neoplasia entre mulheres, depois do câncer de pele, respondendo por 25% dos casos novos a cada ano no Brasil. Dados do instituto também revelam que o câncer de colo de útero é o terceiro tumor mais frequente entre a população feminina e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no país. De acordo com o Inca, mais de 16 mil pessoas são diagnosticadas com o tumor por ano no território nacional. Felizmente, por meio dos tratamentos disponíveis as chances de cura são grandes, principalmente a partir do diagnóstico nos estágios iniciais, feito por meio de exames específicos e já bastante conhecidos: a mamografia e o exame citopatológico (papanicolau).

Quase diretamente proporcional ao número de vítimas das neoplasias, o número de mulheres que não possuem acesso aos recursos necessários para a detecção e prevenção às doenças é grande. Com as atenções voltadas ao tema e tomando como exemplo municípios nos quais iniciativas semelhantes já aconteciam, autoridades públicas e gestores ligados ao núcleo de saúde do Sesc Paraná viabilizaram um projeto acessível, prático e o melhor de tudo: gratuito. Popularmente apelidada de “Mamóvel”,aUnidade de Saúde Móvel da Mulher é um caminhão equipado com dois consultórios médicos, nos quais é possível realizar, sem custo nenhum, exames preventivos de mamografia e citopatológico. Todos com o devido acompanhamento profissional.

“Mamóvel”

Construído há alguns anos, e com um investimento aproximado de R$3 milhões, o caminhão foi montado com toda a estrutura necessária para a realização dos exames, incluindo mamógrafo e instrumentos para examinar o colo do útero. O problema é que não havia no Estado, nenhuma lei que autorizasse a realização de atendimentos médicos desse tipo por meio de unidades itinerantes. Por meio da aprovação da Lei 18.595/2015, de autoria da deputada estadual Claudia Pereira (PSC), o serviço foi autorizado e recebeu licença para funcionar.

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Lançado oficialmente em agosto de 2017 por meio de uma parceira entre o Sistema Fecomércio,o Sesc Paraná e os municípios,oserviço itinerante já passou por Fazenda Rio Grande e agora faz sua segunda “parada”, em Quitandinha, onde deve ficar até o dia 9 de fevereiro. De acordo com a coordenadora do projeto Sesc Saúde Mulher, Liege Carvalho, a iniciativa tem sido bem aceita pela população feminina dos municípios, que busca não apenas os serviços médicos, mas também as ações de educação em saúde oferecidas.

“Elas vêm para fazer os exames e acabam participando das intervenções educativas, onde recebem orientações sobre como cuidar melhor da saúde, de acordo com as maiores demandas do município. Ao todo, mais de 1.700 atendimentos educacionais já foram feitos na unidade”, afirma.

Força tarefa

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Quem vê de fora não imagina que para que seja posta em prática, a ação demanda uma verdadeira força tarefa, que começa muito antes da chegada do ônibus às cidades. “Antes de chegarmos aos municípios nós fazemos contato com as prefeituras com um mês de antecedência para entender e alinhar as principais demandas das mulheres e solicitar a realização dos cadastros para as mamografias, que são feitas por meio do Hospital de Câncer de Barretos.

Além disso a escolha do local onde o ônibus vai permanecer deve ser feita com cuidado, já que os consultórios itinerantes demandam toda a estrutura elétrica e sanitária de qualquer ambulatório”, explica Liege.

De acordo com a coordenadora, somente em Fazenda Rio Grande, quase 1.500 atendimentos foram realizados. A expectativa é ultrapassar esse número em Quitandinha, já que o serviço também está disponível às moradoras do município de Campo do Tenente.

Atendimentos

Para ser atendida pelo serviço é muito simples. Para os exames, basta estar dentro da faixa etária exigida de 50 a 69 anos para mamografia e 25 a 64 para o citopatológico. Para a mamografia especificamente, é necessário realizar o agendamento prévio, a partir da apresentação na própria unidade móvel de cópias dos seguintes documentos: RG, CPF, cartão do SUS e comprovante de residência. A coordenadora do projeto, Liege Carvalho, alerta para que as moradoras estejam atentas ao itinerário da unidade para que possam realizar o agendamento no prazo, haja vista que a liberação das mamografias demora cerca de 15 dias junto ao hospital responsável. Para o exame citopatológico não é necessário agendamento.

De acordo com Liege, a Unidade de Saúde Móvel da Mulher deve ficar em Quitandinha até o dia 9 de fevereiro, e depois segue para o município de Campina Grande do Sul.