Exatamente uma semana após a Tribuna mostrar com exclusividade os problemas relacionados à violência, tráfico, uso de drogas e falta de segurança na Praça do Redentor – mais conhecida como Praça do Gaúcho -, nada mudou. Aliás, segundo os moradores e comerciantes desta região do bairro São Francisco, a situação está ainda pior.
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Na última sexta-feira (17), de acordo com relatos recebidos por nossa equipe de reportagem, vários tiros foram disparados na praça e alguns imóveis residenciais e comerciais foram alvo das pedras e das garrafas arremessadas pelos baderneiros. Uma pessoa que testemunhou a ação e que por questão de segurança pediu para não ser identificada, contou que pouco antes da meia-noite, começou uma gritaria no local e momentos depois, os ‘frequentadores‘ da praça começaram com o vandalismo contra um dos prédios, que teve janelas e telhas quebradas e seus moradores ‘xingados‘ e ameaçados, inclusive de morte.
Segundo quem presenciou toda a confusão, vários disparos foram feitos na praça pouco depois do início dos primeiros gritos. E além dos moradores, outros prejudicados foram um comércio – que teve sua porta arrombada – e alguns carros que passavam pela região, que também foram atingidos pelas pedradas.
“Na noite de sexta aqui na Praça do Gaúcho a coisa ficou bem feia. Jogaram pedras nos vidros dos apartamentos e quebraram várias telhas. Até tiro deu, vários tiros! E eles ainda ameaçaram os moradores dos prédios, que estavam em casa. A situação aqui está sem controle”, disse a testemunha.
Depois que a reportagem foi publicada, conforme informações de quem trabalha ou mora perto da praça, somente um carro da Guarda Municipal foi visto no local, em alguns períodos do dia e da noite, sem maiores ações por parte das autoridades. Segundo os relatos, viaturas da Polícia Militar (PM) também estariam passando pela região, mas sem abordar os suspeitos ou apartar as brigas.
Empresários acuados
Além dos moradores, que não têm como escapar dos constantes incômodos gerados pela bagunça generalizada, os comerciantes que possuem bares e outros estabelecimentos nas proximidades da praça também afirmam sentir medo. “Também sofremos com a situação em que a praça se encontra. Os baderneiros não são meus clientes, eles trazem bebidas em coolers e também dos supermercados próximos da região e ainda utilizam meus banheiros, sem nem ao menos consumir qualquer item no meu estabelecimento. Meu gerente já recebeu ameaça por tentar impedi-los de usar os banheiros do bar”, relata um empresário, que também não quis ter seu nome divulgado.
Para ele, a saída para o problema, que poderia amenizar tanta violência, passa pelo aumento no policiamento. “As abordagens realizadas estão sendo feitas de maneira errada e ineficaz, acredito que se pudéssemos manter uma viatura ou módulo policial, todas as noites ou pelo menos nas noites de maior movimento na praça, isso ia inibir o tráfico e presença das pessoas de má fé, trazendo segurança para as pessoas de bem que querem se divertir”, opina.
“Câmeras funcionam”
A Secretaria Municipal da Defesa Social já adiantou que uma das medidas estudadas para conter os crimes e pertubação de sossego na região da Praça do Gaúcho é limitar o horário de fechamento dos bares para 2h da madrugada. Mas a reunião envolvendo órgãos públicos e empresários da praça ainda não tem data marcada para acontecer.
Em nota, a Guarda Municipal (GM) informou que tem realizado abordagens de forma recorrente no local, além de rondas preventivas e ostensivas, em conjunto com a Polícia Militar. A GM ressaltou que o programa Balada Protegida foi estendido à praça nas madrugadas de maior concentração de pessoas e destacou que as câmeras públicas de vídeo instaladas no local estão funcionando.
Reforço de policiamento
Por sua vez, a PM informou que o 1º Comando Regional da Polícia Militar (1º CRPM) já intensificou, por meio do 12º Batalhão, o policiamento nas proximidades e na Praça do Gaúcho no último sábado e domingo. A corporação pretende manter esse reforço no policiamento na região. “O objetivo é possibilitar ao cidadão de bem o uso da praça, e retirar do local marginais e mal intencionados”, destaca, em nota enviada à Tribuna. De acordo com a PM, o serviço é alternado com a GM e recebe apoio também do BOPE.
Neste final de semana, no local e imediações foram abordadas 240 pessoas, 37 automóveis e 12 motocicletas. Nas proximidades, um homem foi preso por suspeita de roubo de estepes de veículos. No Gol que ele dirigia – furtado – estavam quatro estepes de marcas diversas.
A PM cita que realiza ações constantes na região. Nos últimos meses, a atuação da Rondas Ostensivas Tático Móvel (ROTAM) e da Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (ROCAM) resultou em prisões e apreensões de materiais ilícitos, incluindo pessoas que possuíam mandados de prisão em aberto e foram recapturadas na região. Porém, números de presos e quantidade de materiais apreendidos não foram divulgados.
Ainda segundo a PM, as operações ocorrem frequentemente e muitas vezes contam com o apoio da Ação Integrada de Fiscalização Urbana (AIFU), em relação à fiscalização de estabelecimentos comerciais, e também da Patrulha do Sossego, que faz o atendimento às situações de perturbação da tranquilidade. Além disso, a corporação ressalta que há um levantamento de informações para identificar pessoas que possuam envolvimento com o tráfico de drogas. A investigação dos fatos passados é de responsabilidade da Polícia Civil.
Denúncias de crimes e solicitação de apoio podem ser feitas anonimamente pelos telefones 190 (Polícia Militar), 181 (Disque-denúncia) e 153 (Guarda Municipal).