Usuários do sistema de transporte público de Curitiba e Região Metropolitana tiveram que se virar para conseguir chegar ao trabalho durante a greve de motoristas e cobradores ocorrida ontem na capital. Quem precisou se locomover, teve que utilizar os serviços dos veículos cadastrados pela Urbs e táxis, ou contar com o transporte fornecido pelos patrões. Apesar de a greve ter paralisado 100% da frota, os usuários afirmaram que não tiveram maiores problemas, já que a greve foi anunciada na semana passada.

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Com frota 100% parada, quem depende do transporte público ficou na mão. Alternativas foram as vans e micro-ônibus, que cobravam até R$ 6 pela passagem. (Felipe Rosa)
Com frota 100% parada, quem depende do transporte público ficou na mão. Alternativas foram as vans e micro-ônibus, que cobravam até R$ 6 pela passagem. (Felipe Rosa)

A auxiliar de limpeza Gracielle Pereira mora na região do Santa Cândida e trabalha no Centro Cívico. Ela conta que por causa do aviso antecipado de greve, a empresa onde ela trabalha disponibilizou vans para apanhar seus funcionários. “Desta vez deu tempo de todo mundo se organizar e por isso a greve está sendo muito mais tranquila”, conta.

Quando a greve é assim, avisada a toda população, sou plenamente favorável”, completa.
A diarista Salete Santiano também contou com a ajuda do chefe para conseguir chegar ao trabalha o no dia de ontem. Moradora de Colombo, ela contou com a carona do dono da casa onde trabalha para ir e voltar do trabalho durante a greve. “Já na semana passada, quando saiu o anúncio da greve, combinamos que ele me pegaria aqui no Terminal do Santa Cândida e me pagaria o táxi até Colombo”, relata.

Contas atrasadas

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Motoristas e cobradores que realizaram a greve no dia de ontem alegam que a situação da categoria está delicada por causa dos salários e benefícios atrasados. Segundo a categoria, o vale e cartão-alimentação estão com os depósitos atrasados “Temos visto colegas que estão com contas em atraso, como parcela de casa e carro. Eu mesmo estou com o aluguel atrasado. A situação está ruim pra todo mundo da classe, enquanto os poderosos ficam se arrastando nesse impasse”, explica Paulo César da Mata, motorista há 15 anos.

Ele ainda afirma que a situação de atrasos já vinha se arrastando desde o ano passado. “Já tivemos parte do 13.° salário atrasados e a falta de repasses para o Sindicato tem acarretado no cancelamento dos planos de saúde da categoria. Quando há atraso por parte do governo, existe um tipo de reação em cadeia que atinge muitos trabalhadores”, reclama.

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Chance de uma grana extra

Enquanto motoristas e cobradores realizavam a greve, muita gente aproveitou a situação para conseguir renda extra. É o caso do motorista Dougla Rayzel, que é dono de um micro-ônibus. Depois de realizar o cadastramento, ele conseguiu fazer a linha Santa Cândida-Pinheirinho através da canaleta. “É uma linha grande e por isso, logo de manhã cedo conseguimos pegar muitos passageiros perto das estações-tubo”, conta.

Rayzel afirma que não é a primeira greve em que trabalha e que nessas ocasiões costuma ganhar um dinheiro extra. “É uma situação onde a gente consegue fazer um dinheiro e ainda oferecer um serviço pra quem precisa. E pra gente é bom, pois seria um dia morto de trabalho com ônibus”, explica.

O taxista Antônio Mendes também costuma ganhar mais em dias de greve de transporte público. “É um dia que a gente não consegue atender todos os chamados. O trabalho praticamente dobra e com isso o ganho também é maior. Hoje (ontem), estou desde muito cedo no trecho e não parei um minuto. Em compensação, o trânsito na cidade toda fica péssimo”, ressalta.