Por conta e risco

Foto: Átila Alberti

Os comerciantes e moradores do Hauer estão com tanto medo da ação de bandidos que já não esperam mais providências das autoridades. De grupos no Whatsapp a cercas e grades cada vez mais altas, e até “rondas” próprias, eles investem cada vez mais dinheiro e esforço para se proteger dos marginais.

O proprietário de um restaurante do bairro ousa fazer uma estimativa: entre as ocorrências recentes, segundo ele, “70% são arrombamentos, 30% roubos”. O estabelecimento dele foi invadido três vezes somente neste ano, de onde foram levados maquinário, um televisor e até carnes congeladas.

O comerciante mora na mesma rua em que fica o restaurante e contou que, também neste ano, bandidos tentaram arrombar a residência. “Eles tentaram entrar pela porta da lavanderia, mas, como acendemos as luzes, desistiram. Liguei pra polícia, mas se dependesse deles estaria até hoje esperando. A empresa de segurança particular do restaurante e os vizinhos que foram ajudar”, relatou.

Estragos

Juvenal dono de um bar mostra a imagem da santa que teve parte do manto queimada pela aão dos ladrões. Foto: Átila Alberti
Juvenal dono de um bar mostra a imagem da santa que teve parte do manto queimada pela aão dos ladrões. Foto: Átila Alberti

Em questão de 15 dias, o dono de bar Juvenal Gerson Pereira chegou a contar nove arrombamentos no bairro. Olhando para o teto, ele aponta no boteco dele os pontos por onde os marginais já entraram. Além do prejuízo com mercadorias – de acordo com o comerciante, os criminosos escolhem principalmente cigarros –, Juvenal ainda teve que gastar um bom dinheiro com o conserto da estrutura. Ao entrar pelo forro, os bandidos destruíram um encanamento de 12 metros, que precisou ser substituído.

Ainda assim, Juvenal encontra motivos para comemorar. “Nunca fui assaltado, graças a Deus”, comentou. É também à fé que ele atribui o fato de um dos arrombamentos não ter resultado em incêndio e destruído todo o bar. Os marginais entraram no sábado e, somente na segunda, ele encontrou o estabelecimento com indícios de que houve um começo de chamas. “Como eles entraram por cima, ficaram no escuro e devem ter acendido um isqueiro ou algo assim. O freezer era novinho e ficou com marcas. Do lado estava uma Nossa Senhora de Aparecida e o manto dela queimou, mas acho que foi ela que evitou que o pior acontecesse”, desabafou. “Pago guardinha, mas não adianta. Eles não respeitam nada”.

Caos

O bancário aposentado Antonio Jairo, 65 anos, também já teve a casa arrombada por criminosos e vários objetos furtados. Morador antigo do bairro, considera que a segurança só vem piorando. “Tem um pessoal que vem até uma favela ali próximo para comprar droga. Aí eles passam de casa em casa pedindo dinheiro e comida. É a coisa mais terrível. Era um bairro calmo, agora está um caos”, avaliou.

Whatsapp

Esquina das ruas aonde acontecem vários arrombamentos e assaltos. Foto: Átila Alberti
Esquina das ruas aonde acontecem vários arrombamentos e assaltos. Foto: Átila Alberti

Flavio Casilli, dono de um café no Hauer, estima um prejuízo de R$ 5 mil em dois arrombamentos que sofreu. A conta não inclui as despesas com os consertos da estrutura, danificada pelos marginais. “Invadiram duas vezes, fora as tentativas”, disse. Mais dinheiro o comerciante teve que gastar para tentar evitar novas ações, como a instalação de câmeras de monitoramento e alarme. “A gente não sabe como vai amanhecer, se vai chegar e ter prejuízo”, afirmou.

Para unir forças com os vizinhos, que enfrentam o mesmo problema, ele criou um grupo de Whatsapp há cerca de três meses. Eles trocam informações sobre pessoas suspeitas que estão circulando na região e chegam a combinar “rondas” quando percebem alguma movimentação estranha. Isso porque, segundo ele, o policiamento é insuficiente. “O efetivo é pequeno, tem muita viatura quebrada. Quando eles vêm, é porque já aconteceu. Mas o que a gente precisa mesmo é da prevenção”, comentou. Só que os moradores não quiseram esperar sentados e, conforme Flavio, já deu pra sentir uma melhora com a criação do grupo.  “É preciso uma iniciativa nossa pra inibir”.

Eixo comercial

Comerciantes reforçam as portas dos comércios. Foto: Átila Alberti
Comerciantes reforçam as portas dos comércios. Foto: Átila Alberti

Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que o 20º Batalhão está fazendo o policiamento rotineiro preventivo e ostensivo na região do Hauer, com viaturas e motocicletas, utilizando os meios e materiais disponíveis. Segundo a corporação, por ter um grande eixo comercial, o bairro possui ainda policiamento em horários de grande movimentação de pessoas e também na época de pagamentos.

A PM explicou que mais de 2 mil alunos soldados estão em formação e, assim que estivem prontos, serão distribuídos em todo o Estado, principalmente nas regiões com maior necessidade, como áreas centrais das principais cidades. Conforme a corporação, Curitiba contará com grande parcela deste efetivo. A polícia reforçou a importância das vítimas registrarem o boletim de ocorrência  dos crimes – o que é essencial para o planejamento das ações da corporação.

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