“Caminhão não. Vou ser motorista de busão”. Seguida por um largo sorriso, essa foi a resposta de Diego Chaves, de cinco anos, quando perguntamos se quando crescer ele pretende seguir os passos do pai, Eduardo, 30. Morador do bairro Ganchinho, em Curitiba, o caminhoneiro conta que a paixão do filho pelos ônibus de linha começou logo após os primeiros passinhos do menino quando então, ao avistar qualquer coletivo pelas ruas e antes mesmo de aprender a falar, puxava o pai euforicamente pelas barras das calças em direção aos veículos coloridos.
Testemunha do fascínio de Diego pelos ônibus, seu avô, Sidney, 53, teve uma ideia que além de comover o corpo de funcionários de uma das maiores empresas de transporte de Curitiba e Região Metropolitana foi “comprada” pelos gestores da entidade que, em comemoração ao Dia das Crianças, prepararam uma surpresa que levou o menino, literalmente, à boleia.
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Manhã de terça-feira em Fazenda Rio Grande. No estacionamento da empresa Leblon, vinculada à rede metropolitana de transportes, Metrocard, uma figurinha diferente cruza o pátio entre os ônibus vazios. Sobre a camisa cinza muito bem passada, o crachá de “motorista em treinamento” é levado sobre o peito e só não chama mais atenção do que a intrepidez com que Diego caminha em direção ao ônibus alaranjado, reservado especialmente para ele. A julgar pelo sorriso espontâneo e pelo brilho nos olhinhos azuis, não há dúvidas de que aquela manhã entrará para a memória.
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Sob os olhares emocionados do pai e do avô, Diego assume a cabine do coletivo. “Lembra que tem que dar bom dia pra todos os passageiros”, diz o pai antes da partida. Ao volante, as pequenas mãozinhas do menino se embaralham às mãos esmaltadas da motorista Karina Barbosa, 38, que conduz o veículo lentamente pelo pátio da empresa rumo ao lava-jato, onde o ônibus será “duchado”. No colo da condutora, no entanto, a sensação de Diego é de que está dirigindo sozinho. Do banco da frente, o avô, Sidney, não diz nenhuma palavra, mas, pela expressão no rosto do carteiro, a visível comoção deixa claro o pensamento: “meu plano deu certo”.
Todos pelas crianças
Sem imaginar a dimensão que sua ideia ganharia, Sidney lembra do dia em que resolveu dar um presente diferente para o netinho. Tudo começou há algumas semanas quando, numa tarde, ele entregava correspondências. Já conhecido pelos funcionários da Leblon, o carteiro fez um pedido à recepcionista da empresa. “Deixei as cartas na recepção e perguntei se, por acaso eles não encomendariam uma camisa de motorista para o meu netinho. Então ela me pediu para trazer uma roupinha dele para que eles tirassem as medidas e fizessem uma réplica”, revela.
O que era para ser um “presentinho” acabou virando a realização de um sonho. Portões adentro, a ideia de Sidney virou assunto entre os funcionários da transportadora que levaram a sugestão até o diretor da companhia, Haroldo Isaac. “Foi uma surpresa quando soubemos da paixão do Diego por ônibus. O pessoal se empolgou com a história e aí resolvemos fazer não apenas a camisa, mas também a japona de inverno, além do crachá idêntico ao dos profissionais e uma réplica em miniatura de um dos veículos da frota com o nome dele no letreiro”, conta Haroldo.
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A entrega foi feita de surpresa, sem que o menino desconfiasse de nada. Recebido pelo próprio Haroldo, Diego foi conduzido a um passeio pelo pátio da empresa onde conheceu desde o almoxarifado até as oficinas e, para fechar com chave de ouro, “dirigiu” o busão como um verdadeiro funcionário da rede de transportes. “É emocionante ver a empolgação dele porque desde pequenininho os ônibus eram tudo pra ele”, revela o pai que, apesar de não utilizar o transporte público no dia a dia, sempre dá um jeito de pegar ônibus quando está Diego: puro mimo! “Pra ir à padaria? Ônibus. Farmácia? Ônibus. Supermercado? Ônibus. Na internet? Só vídeo de ônibus! Essa paixão dele é inexplicável e ao mesmo tempo nos orgulha muito porque enquanto a maioria das crianças prefere os jogos eletrônicos, o Diego elegeu os motoristas como super-heróis”, revela Eduardo.
Alguns passinhos mais perto do seu sonho e, de ouvidos atentos às recomendações do pai, Diego promete fazer o tipo “amigão da galera” quando tiver seu “próprio ônibus”. “Vou ser educado e cumprimentar todos os passageiros. Não vou passar em poças pra não molhar os pedestres nem deixar lotar demais. Pra ninguém ficar nervoso, meu cobrador sempre vai ter troco”, garante. Paramentado, credenciado e “habilitado”, agora é só esperar.
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