Curitiba

Pés no chão, cabeça nas alturas

Escrito por Adriana Brum

Na infância, miniaturas de aviões estavam entre os principais mimos para o menino Gustavo Halila. Hoje, aos 26 anos, o curitibano prepara-se para cursar o doutorado em Michigan, Estados Unidos, financiado parcialmente pela agência espacial Nasa. O que para muitos é considerado uma façanha, para o rapaz é matemática simples: soma do apoio da família, do foco às metas e um pouco de disciplina.

“As pessoas ficam com uma impressão boa quando conto que a Nasa vai bancar meu doutorado. É um reflexo do imaginário criado sobre uma entidade que faz foguete. Mas eles também fazem projetos bem normais. Não é uma coisa que me tire os pés do chão: eles estão bancando o estudo para solucionar um problema que estou propondo para melhorar a aviação. A lição é que essas grandes instituições merecem respeito, mas não a ponto de mitificá-las, achar que são inacessíveis”, diz Gustavo, que conta sua experiência para estudantes sempre que visita Curitiba.

Os primeiros contatos com aviões começaram em casa. Halila é neto de um ex-funcionário da extinta Varig, seu pai é engenheiro e a mãe também trabalhava em companhias de aviação. Mas foi uma conversa com um professor de Mecânica que selou seu futuro: “Estava em dúvida entre as engenharias Aeronáutica e Mecânica e este professor me contou sobre a possibilidade de uma dupla diplomação, estudando na UFPR e na França”. E foi o que fez.

Assim, passou dois anos na França, onde estudou no Instituto Nacional de Ciências Aplicadas de Lyon e também cursou mestrado e fez um estágio de seis meses na General Electric. Voltou para o Brasil porque foi aprovado para cursar o mestrado profissional em engenharia aeronáutica no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica e hoje é engenheiro de desenvolvimento de produtos na Embraer, em São José dos Campos (SP).

Pesquisadora

Foto: Reprodução.
Norma sonhava desde pequena viver na Nasa. Foto: Reprodução.

Aos 13 anos, a curitibana Norma Teresinha Oliveira Reis sonhava em viver na Nasa. A vontade era tanta que escrevia cartas à agência espacial norte-americana. Quinze anos depois, em 2008, transformou-se em pesquisadora da Nasa, no estágio de três meses que fez durante seu mestrado. “Eu fazia mestrado em Administração Espacial na Universidade de Estrasburgo, na França e, escrevi um projeto na área de Educação Espacial, contatando vários pesquisadores na Nasa”, conta, hoje, aos 36 anos a pedagoga formada pela UFPR.

Desta vez, os contatos eram via e-mail e, aceita pela agência, mudou-se para Greenbelt, próximo a Washington, para estudar no Centro de Voo Espacial Goddard. “Imaginava que a Nasa seria uma coisa grandiosa, surpreendente. E realmente foi isso. Vi eles gerenciarem o telescópio Hubble, uma das sondas de reconhecimento orbital sendo montada, a sala onde montam as naves. O que me chamou muito a atenção foi a cultura da Nasa: mesmo sendo cientistas famosos e brilhantes, são muito amigáveis e solícitos”, diz Norma. Seu estágio lhe rendeu um livro, ainda sem tradução em português, sobre os estudos feitos na agência espacial.

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Adriana Brum

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