Segredos de família fazem do pastel da Brasileira o mais tradicional de Curitiba há 62 anos

Elizeu de Oliveira Eberhardt toca a Pastelaria Brasileira desde 1995. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

O pastel mais tradicional de Curitiba completa neste ano 62 anos em 2020. A Pastelaria Brasileira, localizada na Rua Cândido Lopes, no Centro, em frente à Biblioteca Pública, não só mantém a freguesia antiga como atrai a cada dia novos clientes. Com uma carta variada de pastéis de 75 sabores, o local é presença diária de 500 fregueses por dia que chegam ávidos para consumir as delícias que saem do tacho de fritura.

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Para chegar a este número e conquistar o coração do curitibano, a família que toca o negócio atualmente apostou caro no ramo. Elizeu de Oliveira Eberhardt, 52 anos, adquiriu o ponto em 1995 desembolsando 100 mil dólares do bolso. Na época, Elizeu estava com a esposa trabalhando em uma fábrica de automóveis no Japão quando recebeu o convite do sogro.

“Ele entrou em contato conosco e falou desta oportunidade de comprar a pastelaria. O sogro estava com medo de terremotos e como ele conhecia bem os antigos donos [Mário e Rosa] fizemos o negócio. Peguei parte do dinheiro emprestado do meu cunhado e aqui estamos até hoje. Uma família que apostou no pastel”, orgulha-se Elizeu.

Atualmente, a Pastelaria Brasileira tem dez funcionários. A loja aumentou de tamanho, 35 para 120 metros quadrados, sendo o segundo andar dedicado ao armazenamento dos produtos, cozinha e maquinário para a famosa massa que envolve o recheio do pastel. Por dia, são 70 kg de massa que utilizados com alguns segredos familiares.

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“A farinha de trigo é especial para o pastel e sem ela não fica a mesma coisa. Além disso, um pouquinho de cachaça é utilizada. A cada 5 kg, 100 ml de cachaça são colocados. Isso impede que a massa absorva muito a gordura e deixa ela crocante. Ah, sem esquecer o nosso molho, que é o diferencial”, confidencia o proprietário.

As estufas, além de manterem na temperatura ideal os pasteis e outros quitutes, como bolinhos de carne e coxinhas, também são as vitrines da Brasileira. Após o abastecimento das estufas, o balcão de madeira começa a receber a freguesia. E com a tradicional ideia de que o freguês tem sempre a razão, alguns pedidos até são considerados estranhos, mas pedido feito é pedido atendido.

“O cliente pode chegar e montar o pastel. Uma vez, um rapaz pediu orégano com banana. Mas a maioria das pessoas vai mesmo no tradicional carne, queijo ou palmito. Vendemos 500 pastéis por dia e agora com a implantação dos aplicativos de entrega, o número vai crescer”, confia Elizeu.

Clientes da antigas

A clientela da Pastelaria Brasileira avança de geração para geração. Famílias levam os mais novos para conhecer a lanchonete e o movimento não para. Assim começou a história do taxista Edvaldo Arruda, frequentador assíduo da pastelaria há 24 anos. Com este know how de balcão, o motorista conhece bem os produtos, não só como consumidor, mas também no bico que faz nas entregas de pasteis. “Entregamos em vários lugares e para pessoas especiais. Eu nunca recebi uma reclamação. Quem come na Brasileira não vai parar na farmácia”, brinca o taxista, de 59 anos.

E tem gente de fora do Paraná que levou os conhecimentos aprendidos na pastelaria para outro lugar. Certa vez, um homem passou um mês conhecendo todos os processos e desembolsou R$ 25 mil para aprender a fazer pastel. Saiu dali e inaugurou em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, um estabelecimento semelhante que também faz sucesso.

O taxista Edvaldo frequenta a pastelaria há 24 anos. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

O projeto de franquias oficialmente não existe, pois o receio que o charme da tradição do velho balcão, das mesas próximas e do atendimento, venha a ser perdido com o passar do tempo. No entanto, uma novidade pode pintar – uma megaloja da Brasileira não está descartada. A hora e data não estão definidas. Mas com a certeza o pastel da Brasileira vai seguir com o título de o melhor de Curitiba.

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