Tradicional ponto de lazer das famílias curitibanas, o Passeio Público, o mais antigo e central parque da cidade fez parte da vida e da infância de muita gente. Fundado em 1886, foi palco de diversos eventos sociais e culturais, como o que registrou o acendimento da primeira lâmpada incandescente de luz elétrica na capital. Mas com o passar do tempo, muito desta atmosfera bucólica se perdeu.

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Hoje, apesar de ainda ser frequentado pela população, diversos problemas são apontados por quem passa ou trabalha por ali. Entre eles estão a prostituição, presença de usuários e traficantes de drogas, infraestrutura precária e falta de segurança.

Para o gerente do restaurante do parque, Muhamed Majid, 46 anos, o Passeio precisa de mais cuidados por parte dos administradores públicos. “Tudo precisa ser melhorado, principalmente a infraestrutura e a segurança. Os banheiros, por exemplo, estão fechados há mais de um mês e os frequentadores acabam usando o do restaurante. Nos fins de semana temos uma funcionária que cuida do nosso, senão roubam tudo, do papel higiênico até a tampa ou o próprio vaso sanitário. Fora isso, o Passeio é ponto de prostituição – que começa com movimento depois do almoço, e de tráfico de drogas”, conta.

Insegurança

Frequentadores e comerciantes reclamam da falta de segurança no local. Foto: Lineu Filho
Quiosques são alvos de arrombamentos, conta Muhamed.

Outra reclamação do comerciante é sobre as constantes invasões e vandalismo. “Fechamos todos os dias por volta das 18h ou 19h. Mas pelo menos duas vezes por mês a equipe de monitoramento me liga, geralmente depois da 1h, avisando que o alarme disparou e alguém entrou no restaurante. E os quiosques também sofrem. Todos já foram arrombados e suas mercadorias, como os sorvetes, roubadas. Precisamos de uma revitalização, que poderia começar com a limpeza. Será que o prefeito vai vir com uma mangueira lavar o Passeio também?”, questiona Muhamed.

Mariane leva a filha pelo menos uma vez por semana ao Passeio.
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Acompanhada de sua filha Paula, 6, a inspetora de qualidade Mariane Pereira, 43, acha que falta policiamento. “O parque tá bom, mas a estrutura ao redor é perigosa, tem muitas pessoas à toa. Moro no Centro e pelo menos uma vez por semana trago minha filha para brincar no Passeio”. De folga, o soldador Nilson Pedroso, 47, aproveitou o dia para visitar o local, mas não gostou de dar de cara com os banheiros fechados. “E aí, como faz? Não faz. Um adulto dá um jeito, mas se tiver uma criança junto fica mais difícil”.

Outro cenário pela manhã

Foto: Felipe Rosa

Apesar dos transtornos, muitas pessoas que frequentam o parque pela manhã elogiam o que encontram. Situação que pode ser motivada pelo horário, já que prostitutas ou pessoas desocupadas não são vistas no local nas primeiras horas do dia.

Maria Lourdes frequenta o local desde sua infância.
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Frequentadora desde a infância, a aposentada Maria Lourdes Correia Torquato, 56, gostou tanto do que viu em seu passeio com seu marido que pretende voltar com o restante da família. ‘Tem bastante árvore e está muito limpo e organizado. Gostei tanto que pretendo trazer minha mãe para passear. Estou bem feliz, me aposentei faz pouco tempo e comprei um apartamento aqui perto. Agora pretendo voltar a frequentar mais o Passeio Público. E, pelo menos de manhã, achei que o parque está bem seguro‘, opina.

Maria Bernadete frequenta o local todas as manhãs.

A orientadora educacional Maria Bernadete Viera de Macedo, 61, também elogia. ‘Venho só para caminhar, todas as manhãs, e nunca tive problemas. Nunca vi alguém sendo assaltado ou me senti insegura. Nesse horário não temos problemas ou reclamações, mas não sei como é em outros‘, observa.

Já para o sepultador Hélio Guimarães, 38, entrar no parque foi uma decisão acertada, principalmente por ter se deparado com as tomadas elétricas que estão à disposição dos frequentadores. ‘Estou procurando trabalho e aproveitei para carregar meu celular. Foi bom, não precisei ir para casa. Agora já podem me chamar para uma vaga, não fico mais sem bateria‘.

Segurança reforçada

Foto: Lineu Filho

Sobre as reclamações de frequentadores e da comunidade da região, relacionadas à presença de traficantes, prostitutas e vândalos no Passeio Público, a Guarda Municipal informa que tem o conhecimento de todas as queixas. “Em janeiro, a sede da Guarda Municipal mudou de endereço e voltou para a Rua Presidente Farias, na esquina ao Passeio Público. Um dos objetivos desta mudança, além do caráter administrativo, é aumentar a segurança da região central de forma ostensiva e repressiva. A GM também trabalha com guardas à paisana, mapeando todas as situações do Passeio Público e entorno. Já houve um aumento do patrulhamento na região, com viaturas da Guarda, com o Grupo Tático com Motos (GTM) e Grupo de Operações Especiais (GOE)”, diz, em comunicado. Desde janeiro, retornaram ao patrulhamento nas ruas mais de 40 guardas que estavam fazendo serviços administrativos. Denúncias podem ser feitas pelo 153.

Já a Polícia Militar, que possui um posto avançado dentro do Passeio Público, informa que o 12º Batalhão da PM realiza policiamento diário no Passeio Público e arredores. A PM ressalta que cabe aos cidadãos tomar alguns cuidados básicos, registrar boletim de ocorrência, que embasa as ações policiais e denunciar o tráfico de drogas, o que pode ser feito via 181. “O uso do local não é controlado pela Polícia Militar, pois pela Constituição todo o cidadão tem o direito de ir e vir, no entanto, se no uso desse direito, esse mesmo cidadão cometer algum crime ou delito, e for flagrado pela Polícia Militar, ele será encaminhado para as medidas cabíveis”.

Banheiros fechados

Banheiros estão fechados há um mês. Foto: Felipe Rosa

Com relação aos banheiros fechados, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) esclarece que há algum tempo a empresa que prestava o serviço não vem atendendo a contento o contrato firmado com a prefeitura para manutenção e limpeza de cerca de 20 banheiros localizados em parques, incluindo os do Passeio Público, cemitérios municipais e prédios administrativos da secretaria.

“Por esta razão os banheiros do parque estão fechados há aproximadamente um mês. A empresa foi notificada, não retomou os trabalhos e estão em andamento os trâmites legais para suspensão do contrato emergencial que já encerraria no final de fevereiro. E também para a contratação emergencial de uma nova empresa para que haja normalização da situação dos sanitários o mais breve possível”, promete.

Após um pavão ter sido furtado e encontrado morto, em dezembro de 2016, a prefeitura diz que está tomando providências para reforçar a segurança do local.

Mudanças em estudos

Foto: Felipe Rosa

O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) está trabalhando em um projeto de revitalização do Passeio Público, adaptando o que já estava sendo discutido às propostas defendidas pela nova gestão. Detalhes ainda não serão divulgados. “A ideia é entregar um parque recuperado para a cidade. Isto faz parte do plano diretor e do plano de governo, que terá como foco as regionais. A revitalização do Passeio Público faz parte das obras da Regional Matriz. Será um resgate da essência do parque, um espaço para as crianças, de convívio familiar. É uma das prioridades do prefeito”, limitou-se a informar o órgão.

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