Parque pela metade

Foto: Giuliano Gomes

Idealizado em 2008 e inaugurado ainda inacabado em 2012, o Parque do Centenário da Imigração Japonesa, situado na Avenida Comendador Franco, no Uberaba, às margens do Rio Iguaçu, foi projetado para homenagear a chegada dos primeiros japoneses ao Brasil, em 1908. É parte também de um pacote de obras de urbanização e revitalização da região da Vila Audi/União. No entanto, hoje, passados cerca de cinco anos desde que foi entregue pelo poder público municipal, o bonito prédio em forma de leque construído no local permanece fechado e sem utilidade para a população.

“Este espaço parado poderia ser mais bem aproveitado, se fizesse a integração entre esporte e cultura. Eu gosto de vir aqui, para correr, sou morador do Uberaba. Mas acho um desperdício ver tudo fechado. Dava para fazer muitas atividades culturais. Há anos isto está assim, reformam e param de novo”, reclama o professor José Carlos Miceli, 53, morador da região.

Atualmente a estrutura já não apresenta mais o mato alto e as pichações que antes era tão comuns. A construção em formato circular está cercada por tapumes metálicos, protegida da depredação e dos furtos. Mas ao longo dos anos, a ação do tempo e dos vândalos fez com que o prédio de linhas modernas fosse muito prejudicado, como mostrou a Tribuna em 2015 . Nesta época, sujeira, água parada, materiais e móveis quebrados, além dos saques, eram constantes. Sinais de abandono e descaso com o dinheiro público.

De uma gestão pra outra

Foto: Giuliano Gomes
Projeto estava orçado em cerca de R$ 4,9 milhões em 2015. Foto: Giuliano Gomes

Inicialmente orçado em cerca de R$ 4,9 milhões, o complexo que abriga o Parque do Centenário da Imigração Japonesa foi inaugurado pelo ex-prefeito Luciano Ducci, nos últimos dias de sua gestão. Depois disto, o local ficou abandonado por um longo período. Em 2015, sob o comando do então prefeito Gustavo Fruet, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) informou que trabalhava para minimizar os prejuízos causados pelos vândalos e para reduzir as despesas com constantes reformas para reparar os estragos.

Segundo a equipe que estava à frente da SMMA, o governo federal teria demorado em repassar a verba devida e as empresas responsáveis pela obra abandonaram o contrato. Ainda no mandato de Fruet, houve a promessa de que o parque seria entregue pronto até dezembro de 2016, com as devidas adequações, após uma primeira etapa de obras orçada em R$ 238 mil. O que, novamente, não aconteceu. Neste período, poucas melhorias foram feitas, entre elas uma cancha esportiva e uma pista para caminhada.

Centro de convenções

"Este espaço parado poderia ser mais bem aproveitado", disse José. Foto: Giuliano Gomes
“Este espaço parado poderia ser mais bem aproveitado”, disse José. Foto: Giuliano Gomes

Outro projeto que deveria fazer parte do parque era um centro de convenções. Segundo informações divulgadas pelo município,  seriam investidos R$ 50 milhões para a construção de uma estrutura de 13,2 mil metros quadrados de área, com dois pavilhões para feiras, áreas de apoio e salas de convenção modulares. Os recursos viriam do governo federal através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Em 2015, a prefeitura destacou que o novo centro de convenções poderia suprir a carência de um espaço para grandes feiras e eventos, recolocando a capital na concorrência com outras cidades. A licitação deveria ter acontecido no segundo semestre de 2015, mas não houve avanços.

Em dezembro de 2016, a Câmara Municipal de Curitiba aprovou uma proposta autorizando o ex-prefeito a adquirir o terreno ao lado do Parque do Centenário da Imigração Japonesa pertencente à Copel, no valor de R$ 200 mil, onde o Centro de Feiras e Convenções de Curitiba seria construído. Dias depois após a aprovação pelo Legislativo, Fruet sancionou a lei.

Novas propostas

Foto: Giuliano Gomes
Foto: Giuliano Gomes

De acordo com o atual prefeito Rafael Greca, a região do Parque do Centenário da Imigração Japonesa e seu entorno deverão receber uma atenção especial em sua gestão. Segundo a prefeitura, o local deverá futuramente se chamar Parque do Sol Nascente, mantendo a alusão à homenagem inicial ao povo japonês. O prefeito diz que é preciso estudar melhor qual a melhor vocação para uso do prédio no local. “O Centro de Exposições era uma ideia da gestão anterior que não deve ser retomada”, informa a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), em nota.

A prioridade da administração é integrar a área, restaurar o que foi abandonado e concluir um complexo educacional próximo que contará com dois CMEIs, sendo um deles (Moradias Ferroviária II) em fase final de construção, escola estadual e integrado ao Portal do Futuro – um complexo esportivo que tem piscinas e salas multiuso, em frente ao CMEI Ruth Cardoso.

“O principal é restaurar o memorial e preservar o lago em frente. Pela ideia do centro de convenções, a área deveria ser aterrada, o que seria inviável na região”, explica a SMMA. A pasta destaca que prazos e estimativa de gastos serão possíveis após a conclusão dos estudos. Mas reforça que continua realizando a manutenção do local. “Nos próximos dias será refeita também a instalação elétrica vandalizada”, promete.

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