Paranaense descobre como criar peixes no frio da região de Curitiba

Foto: Fernando Santos/FAEP

* Por Mellanie Anversa – especial para a Tribuna do Paraná

Aos desfamiliarizados com o tema, uma regra simples: não é possível criar algumas espécies de peixes em regiões frias demais, a água esfria e o animal morre. Essa pequena regra é um dos motivos de Curitiba e região não conseguirem fazer a criação do animal durante o ano todo.

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Apesar de o Paraná ser líder na produção de Tilápia, respondendo por 21% de todo o pescado brasileiro, segundo a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, a piscicultura na região de Curitiba não é conhecida pela frequência anual na produção.

Foto: Fernando Santos/FAEP

No entanto, os limites climáticos da região não impediram que o advogado Edson Henrique do Amaral criasse tanques capazes de deixar os peixes aquecidos ao longo do ano todo em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba. “Nesse frio aí que passamos agora pouco fez 3ºC aqui em Piraquara. Só que dentro da água do tanque estava 22ºC”, diz o piscicultor.

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O segredo, segundo ele, é simples: “Eu imaginei uma estufa, afinal, para flores e morango dá certo. Além disso, encontrei uma membrana que permite que o tanque fique em cima da terra, diferente do que é feito em outros lugares, onde o peixe é criado num poço escavado”, conta o advogado.

Juntas, a membrana e a estufa mantém os peixes aquecidos, mesmo nos dias mais frios. E, com essa descoberta, Edson não apenas conseguiu criar peixes na região, como multiplicou o número padrão de produção de peixes por metros cúbicos. “Hoje, eu consigo colocar 55 peixes por metro cúbico, enquanto no método tradicional, o escavado, daria para colocar apenas 4 peixes por metro cúbico. Isso é possível porque eu consigo controlar a temperatura e oxigenação”, explica.

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Dos 80 mil peixes sendo criados nos 14 tanques em sua propriedade na Região Metropolitana de Curitiba, o carro chefe da sua produção é a tilápia. Porém, Edson também está criando dourado, tambacu, pirarucu e camarão. Segundo ele, é possível, também, fazer um sistema de policultivo, ou seja, criar espécies diferentes no mesmo tanque.

“Uma vantagem é que você consegue fazer o sistema de policultivo. Por exemplo, o camarão fica no fundo do tanque e a tilápia apenas no meio. Dessa forma, o peixe não come o camarão e eu consigo criar os dois juntos”, avalia.

Foto: Fernando Santos/FAEP

Benefícios para a região

Segundo Edson, há interesse do Governo do Paraná em usar sua criação como unidade de referência para incentivar outros produtores. Hoje, 69% da produção de peixes estadual é dos municípios próximos a Toledo e Cascavel, segundo dados do governo do Estado. Por isso, a região da capital ganharia muito com essa produção local.

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“Nós temos um comércio gigantesco nesta área. Além disso, o sistema não exige muito espaço e os números de produção são fora do comum. Essa região tem muitas chácaras e nós podemos nos tornar auto suficientes”, anima-se o piscicultor.

Foto: Fernando Santos/FAEP

Sistema bom e sustentável

Além de viável, o sistema criado por Edson é sustentável. A água utilizada nos tanques, 1,3 milhão de litros, vem de poços artesianos e de cavas. Além disso, o complexo é equipado com um sistema de recirculação: a água que passa pelos tanques dos peixes é direcionada a uma central de tratamento, que fica ao lado da estufa e tem sistema de filtragem natural.

A energia que consome vem dos 66 painéis fotovoltaicos instalados na propriedade, que geram uma economia de R$ 7 mil na conta de luz do piscicultor.

Foto: Fernando Santos/FAEP
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