Há 25 anos, o Papai Noel Dejalma Pinto de Souza, 53 anos, junta latinhas todos os meses do para arrecadar recursos e fazer uma festa de Natal para as crianças de Colombo, Região Metropolitana de Curitiba. A festa é famosa na cidade e, neste ano, no domingo (15), atraiu cerca de 1,5 mil crianças para a Rua Marcílio Dias. A rua sempre é fechada no dia da festa e comunidade se encarrega da infraestrutura necessária para receber o público. São realizadas inúmeras atividades de recreação ao longo do dia e o Papai Noel entra em cena às 17h.
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Esse “Natal do Bem” começou a ser construído quando Dejalma, que é motorista de ônibus há 26 anos e ficou desempregado neste ano, ganhou sua primeira roupa de Bom Velhinho. Isso foi em 1988, quando o motorista tinha 22 anos de idade. Em Colombo, ele é reconhecido como o Papai Noel das Latinhas. Título que carrega com orgulho.
Dejalma contou que o sonho de ser Papai Noel já existia desde que ele tinha 7 anos, quando lembra de ter visto o Papai Noel de perto. “Foi muito marcante para mim”, disse. Quando ganhou a primeira roupa de Papai Noel de presente de aniversário, da mãe da sua filha mais velha, ele encarou a missão de alegrar o Natal das crianças menos favorecidas com entusiasmo. Saía distribuindo balas e conselhos tradicionais dos Papais Noéis do mundo inteiro. “Já largou a chupeta? Tem que obedecer a mamãe e o papai. Estudar bastante…”. Conselhos que ele distribui até hoje. “Não só isso, mas eu sei que a festa que fazemos, para a maioria das crianças que vêm até aqui, é a única festa de Natal que elas têm no ano. Acho que até sou meio egoísta, pois eu me sinto muito bem fazendo o que faço. É gratificante para mim. Faço porque gosto”, revelou o Papai Noel.
A ideia de juntar latinhas para fazer dinheiro e comprar brinquedos e doces para distribuir às crianças veio num estalo. “Como motorista, o salário não daria para o tamanho da ideia que eu tinha. Um dia, me veio na cabeça que, com as latinhas, eu teria mais chance de receber a ajuda das pessoas. Todo mundo é capaz de doar uma latinha. Comecei a juntar durante o ano inteiro. São 25 anos assim, desde que decidimos fazer uma festa de Natal para as crianças de Colombo”, contou.
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Em média, o valor anual arrecadado com a venda as latinhas é de R$ 2,5 mil. “Mas a alegria da festa contagia mais pessoas. Agora, algumas empresas que me ajudam doando doces, pessoas de outras cidades que fazem doações de brinquedos e roupas e a prefeitura nos autoriza a fechar a rua, tudo certinho”, comemora o motorista.
A festa de Natal e o endereço onde as doações se concentram e são armazenadas é o da casa da mãe de Dejalma. É ela quem mora na Marcílio Dias. “Sempre foi assim. Eu morei ali por 52 anos. Tenho a minha casa, agora, mas na casa da mãe é o ponto de encontro da família. Minha família é o meu braço direito. Sempre está junto comigo para esta festa acontecer”, emociona-se o Papai Noel.
Também é na casa da mãe que algumas doações chegam da maneira mais curiosa. “Jogam latinhas aqui dentro do quintal, por cima do portão. Principalmente, no fim de semana. Faz um barulho. Minha mãe se assustava, mas agora já acostumou. Pela manhã, vamos olhar e temos certeza de que o chão estará forrado de latinhas”, diverte-se Dejalma. “São 31 anos como Papai Noel, 26 anos como motorista e 25 anos de festa. Não tenho motivo para ficar bravo com as pessoas. Claro, têm uns que exageram e gritam Feliz Natal, mas faz parte”, brincou.
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Com tanta alegria e desejo de fazer o bem, este ano o Papai Noel das Latinhas perdeu o emprego de motorista de ônibus. Ele contou que já distribuiu currículos e espera por uma oportunidade. “Eu pretendo uma vaga de motorista particular. Espero conseguir. O importante é que minha família é muito unida e isso me dá força para continuar. Fizemos a festa no domingo e foi muito bacana. Isso dá muita energia para seguir em frente”, comentou.
Para as pessoas que o ajudam e para as crianças, Dejalma deseja um Feliz Natal, Feliz Ano Novo e que Deus abençoe a todos. “Essas pessoas que me ajudam são pessoas abençoadas. São pessoas iluminadas. Eu só tenho que agradecer. Ano que vem estaremos de volta. Eu sei que ainda vamos fazer a alegria de muitas crianças. Tenho certeza de que, agora, tem um monte de crianças que está brincando com os presentes que ganharam no Natal de Colombo. Isso me deixa muito satisfeito”, finalizou o Bom Velhinho.