Os moradores do Rio Bonito, no bairro Campo de Santana, são obrigados a conviver com um problema que afeta diariamente a vida de todos: os constantes atrasos da linha de ônibus Rio Bonito, única linha que liga o bairro até o Terminal Pinheirinho. Além dessa linha, há na região somente a Rio Bonito-CIC, que liga o bairro ao terminal da Cidade Industrial de Curitiba.
“Moro aqui no bairro, mas trabalho em uma montadora em Araucária. Preciso de ônibus para ir e voltar de casa para o trabalho e esses atrasos me prejudicam muito. O patrão entende, mas fica bravo”, comenta Vanderlei Furguin, 33 anos. “Nós só temos a linha Rio Bonito e ela atrasa bastante. Além de estar sempre fora do horário, o ônibus está sempre lotado. Talvez fosse preciso mudar o itinerário e colocar mais carros circulando”, opina a cobradora Maria Margarida da Conceição, 57 anos.
De acordo com a Urbs, a oferta de transporte é feita de acordo com a demanda. O critério para calcular essa equação está previsto em lei municipal e tem como base o número de passageiros sentados, mais seis passageiros por metro quadrado, para ver quantos ônibus são necessários para transportar determinado número de passageiros por hora.
“De acordo com esse critério, as linhas Rio Bonito e Rio Bonito/CIC estão com uma oferta adequada. No entanto, a Urbs faz um estudo de oferta e demanda em todo o sistema a partir do começo de março, em função da volta do ano letivo. Na Rio Bonito e Rio Bonito/CIC, o estudo será feito ainda em março para o caso de ser necessária alguma readequação”.
A vendedora Tamires Leite, 26 anos, trabalha no Shopping Estação e o ônibus é sua única opção para se deslocar de casa para o trabalho. “Meus chefes entendem, mas reclamam dos constantes atrasos. Além disso, é descontado do meu salário todos os dias que não chego no horário”, relata.
Ainda segundo ela, o tempo de espera entre um ônibus e outro pode chegar a uma hora. “Os ônibus não passam e chego atrasada no trabalho praticamente todos os dias. Pra piorar, não tem fiscalização alguma, porque os motoristas não percorrem o trajeto todo dentro do bairro, cortam caminho para chegar no Terminal Pinheirinho no horário”, diz Tamires.
Há um ano em Curitiba, Tamires conta que os atrasos eram justificados pelas obras na BR-116, mas que mesmo após o fim das obras o problema só piorou. “Quando as duas pistas foram liberadas o percurso do Rio Bonito até o terminal durava cerca de 15 a 20 minutos. Hoje demora até 45 minutos”, A Urbs afirma que a linha sai do Terminal Pinheirinho com um intervalo de seis minutos no pico da manhã e 15 minutos no entrepico.
Conjunto é uma minicidade
Mais do que um conjunto habitacional, o Moradias Rio Bonito, no bairro Campo de Santana, é praticamente uma pequena cidade dentro do bairro. Para quem vive lá, um lugar para chamar de seu. “Eu moro aqui há cinco anos e não tenho do que reclamar. É um lugar seguro e com muita estrutura. Eu praticamente não preciso ir fazer nada no centro da cidade”, conta a dona de casa Maria de Lourdes, 63 anos, que mora com o marido, a filha e dois netos.
O conjunto é o segundo maior empreendimento executado pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), com uma extensão de 1,3 milhão de metros quadrados, ficando atrás apenas dos 4,2 milhões de metros quadrados do Bairro Novo. As famílias começaram a ocupar os 6,2 mil lotes entre 2003 e 2004 e estima-se que hoje a população seja superior a 25 mil pessoas.
Ainda há muito o que melhorar na região, mas é visível o desenvolvimento socioeconômico do conjunto, que até os anos 90 era uma antiga área de fazenda. A rede de supermercados Mercadorama produzia ali hortifrutigranjeiros para vender em suas lojas.
De acordo com a Cohab, na época do projeto foram reservadas áreas para equipamentos públicos comunitários e lotes foram destinados para uso comercial e industrial, com objetivo de proporcionar sustentação ao crescimento de um novo bairro que estava se formando.
Quem vive lá, adora. “Estou aqui no Moradias Rio Bonito há quatro anos e muita coisa mudou em pouco tempo. Antes nem a rua era asfaltada, mas agora está muito bom e tem tudo o que a gente precisa”, afirma a dona de casa Estela Conceição, 39 anos. As reclamações, pelo jeito, se resumem ao transporte coletivo.