Um projeto curitibano de conscientização ambiental roda pelo Brasil levando educação para crianças e apaixonados pela natureza. O Vida Marinha possui sete veículos pesados que funcionam como uma espécie de museu expondo animais marinhos, a grande maioria empalhada. Os caminhões ou ônibus percorrem escolas de vários estados aproximando os pequenos do mundo dos mares. Seis milhões de visitantes já passaram pelos laboratórios móveis em 22 anos de fundação.

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A ideia é da curitibana Cristina Portela, 51 anos, que começou esta aventura em 1998. Fascinada pelo ambiente marítimo, estudou biologia para entender melhor as diferentes formas de vida, sua origem, evolução e o meio ambiente. Com os filhos em idade escolar, Cristina percebeu que poderia auxiliar no conhecimento de alunos de várias localidades ao transportar animais com um sistema dinâmico de ensino.  “Adoro estar em uma sala de aula, mas queria ajudar o maior número de pessoas com o conhecimento que obtive na faculdade e também como mergulhadora. Um dia estava perto de casa e passou um verdureiro e aí tive a ideia de comprar um caminhão. Vendi o apartamento para comprar meu primeiro transporte dedicado à educação”, relatou a bióloga.

Com a compra da carreta, a família Portela iniciou todo um processo para legalizar o projeto. O transporte precisava estar em condições e autorizado pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) para rodar em estradas. Além disto, os animais mesmo mortos precisavam ser liberados por instituições governamentais como, por exemplo, o IBAMA.  

Acervo

Parte do acervo do ônibus. Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná
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O acervo é um dos maiores em organismos marinhos do Brasil. Dentro da sala de aula itinerante, são encontradas mais de 150 espécies e um cheiro de mar que encanta os visitantes. Um ambiente cercado de tartarugas, pinguins, tubarão, arraias, polvo, lagosta, guará, ouriços, tubarão, baleia e tantos outros animais da fauna marítima. “Todos eles tem uma história, mas o que mais gosto é de um esqueleto completo de uma baleia. Foi no início do projeto quando transportei dentro de um carro. Tive que vender o veículo, pois a baleia já estava em estado avançado de decomposição. Ela morreu na baía de Superagui e tinha 8 metros”, comentou Cristina.

As exposições ocorrem dentro de ônibus ou caminhão refrigerado em uma bancada expositora com os animais taxidermizados (técnica de preservação de animais mortos que os enche de palha, para conservar suas características físicas), oferecendo um ambiente de aprendizado diferenciado. Para tornar a experiência mais interessante, os alunos podem tocar nos animais, que foram coletados em redes de pescadores, em apreensões em aeroportos e até em acidentes com derramamento de petróleo como o que aconteceu com o navio Vicuña que explodiu no Porto de Paranaguá, em 2004.

Quanto custa?

Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná
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Naturalmente, para rodar o país com os ônibus e carretas é preciso um bom investimento. Tem todo o custo com combustível, pedágio, alimentação e ainda é preciso contar com motorista e biólogo (a) que está sempre presente nas viagens. Para ajudar o projeto, a escola interessada precisa pagar um valor que gira em média de R$ 15 por criança. O preço varia se o colégio é particular ou público, e dependendo dos casos, existe até a forma de pagamento em alimentação, que é doada a pescadores. “Infelizmente, nunca tive o apoio do Governo ou mesmo alguém que patrocinasse. Gostaria de chegar a uma escola e não cobrar. É direito de todos terem informação e a conscientização. Aqui é a minha vida e casei com o projeto. A minha vontade que outras pessoas entrem neste mundo, pois daqui a pouco ninguém mais vai conhecer estes animais”, desabafou Portela.  

Crianças

Idealizadora do projeto. Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná

O ônibus do projeto Vida Marinha esteve na escola Espaço Feliz, no bairro Água Verde. O espaço é destinado como berçário e educação infantil de até seis anos. A Tribuna do Paraná acompanhou esta visita e percebeu a felicidade dos pequenos em estar bem próximo de alguns animais que eles só conhecem pela televisão ou livros (confira o vídeo).  

Karina Azevedo, diretora da escola, acredita que os alunos ganham muito conhecimento com a aula dinâmica e o preço pago pelos pais é viável. “As crianças gostam de tocar e vivenciar aquilo que é ensinado. É sair da sala de aula para aprender muito mais. O custo é bem viável e vale muito a pena”, esclareceu a diretora.

Caso alguém tenha interesse em apoiar o projeto, entre em contato pelo telefone (41) 99265-6284. Ainda tem o e-mail  onibusvidamarinha@gmail.com ou pelo Facebook  Projeto Vida Marinha.