Todos os dias o aposentado Milton Ortega, 69 anos, sai de sua casa em Pinhais e vai de até Piraquara, de bicicleta, para passear e se exercitar. Utiliza a Rodovia João Leopoldo Jacomel (PR-415), via que liga a capital aos dois municípios metropolitanos, que passa por obras de duplicação e revitalização em um trecho de 14 quilômetros. Situação que agrada, mas ao mesmo tempo traz transtornos aos moradores. “Acredito que vai ficar bom, mas até terminarem as obras temos que ter cuidado. Por enquanto, esse trecho está muito perigoso, principalmente para os ciclistas e os pedestres”, diz.
Moradora do Jardim Santa Mônica, em Piraquara, a cozinheira Marlene Mendes de Souza, 37, também se preocupa com sua segurança. “Quem vem a pé ou de bicicleta tem que passar muito perto da pista e dos carros, se arriscando. Acho que depois de pronto vai ficar mais seguro, que vai melhorar pra todo mundo. Mas até lá temos que conviver com esse transtorno, com máquinas e obras na rodovia”, opina.
Além de ligar Curitiba, Pinhais e Piraquara, a PR-415 também é utilizada por quem segue até Quatro Barras, ao Contorno Leste, aos estados de São Paulo e Santa Catarina e ao litoral do Paraná.
Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), a obra, que deve estar concluída em dezembro de 2017, vai ampliar a capacidade de tráfego da rodovia por onde passam mais de 25 mil veículos por dia, a maioria deles automóveis leves e motos. O projeto prevê a construção de um viaduto com 150 metros (próximo ao Carrefour Pinhais), uma trincheira no cruzamento com a Avenida Jacob Macanhan e Avenida Camilo Di Lellis, alargamento das pontes (sobre os rios Iraí, Piraquara e Atuba), uma alça de retorno, dois bolsões de retornos, oito passarelas, seis muros de contenção, muro de arrimo na adutora da Sanepar, calçadas e ciclovias nos 14 km de extensão e a iluminação de todo o trecho. Tudo está orçado em R$ 145 milhões, montante que deve ser investido exclusivamente pelo governo do Estado.
População reclama
Apesar de elogiarem as melhorias, alguns usuários da rodovia já apontam falhas no projeto. Os ciclistas se queixam que alguns postes estão sendo colocados sobre a ciclovia, atrapalhando o fluxo das bicicletas. Já o proprietário de uma oficina mecânica Marcos Schoemberger, 46, diz que o posicionamento da rotatória, em Pinhais, não vai beneficiar os comerciantes e os moradores do bairro Guarituba, em Piraquara.
“Cerca de 55 mil moradores terão dificuldade para entrar no Guarituba. Isso porque a rotatória que poderia ser instalada em frente à entrada do bairro vai ficar em outro local, junto à uma das sedes da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), beneficiando pouca gente. Acho errado, injusto e acredito que vai trazer problemas para o trânsito. E ainda tem a passarela, que vai ficar uns 500 metros distante da entrada da vila”, protesta Marcos.
Estado se justifica
Sobre as queixas, o DER explica que os postes estão sendo remanejados de acordo com as normas da Copel, que determinam que os eles devam ficar a 50 centímetros do meio-fio. “Em alguns poucos pontos os postes vão ficar próximos das ciclovias, em razão da largura da rodovia, mas isso não vai atrapalhar a circulação dos ciclistas nem dos pedestres”, argumenta, em nota enviada à Tribuna.
Já a localização das rotatórias e retornos, segundo o órgão, foi definida após a realização de um estudo de tráfego, onde foram levantados os pontos com maior circulação de veículos. “Também foi levada em consideração a segurança de todos os usuários da rodovia, pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas. As rotatórias e retornos serão implantados em locais que melhorarão a circulação de todos”, informa o DER. Por conta das obras, o DER alerta aos motoristas que é necessário redobrar a atenção às placas de sinalizações, já que o trânsito é mais lento onde há homens e máquinas trabalhando.
A obra em números
– R$ 145 milhões serão investidos pelo Estado
– 25 mil veículos por dia circulam pela região
– 14 km da rodovia serão duplicados – 6 pistas, três de cada lado
– 28 km de calçadas e ciclovias
– 1 viaduto com 150 metros
– 1 trincheira no cruzamento das Avenidas Jacob Macanhan e Camilo Di Lellis
– 3 pontes alargadas (sobre os rios Iraí, Piraquara e Atuba)
– 1 alça de retorno
– 2 bolsões de retornos
– 8 passarelas
– 6 muros de contenção
– 1 muro de arrimo na adutora Sanepar (próximo ao Carrefour)