Quem tem mais de 20 anos com certeza já foi adepto do bets, bete-ombro, bete, taco ou jogo de taco nas ruas de Curitiba. Aos fins de semana, principalmente na década de 80 e 90, difícil era não ver um grupo reunido com pedaços de pau, garrafinhas e uma bolinha, improvisando o necessário para uma partida.
E é com esse sentimento de nostalgia que Curitiba recebe neste final de semana a segunda edição do Mundial de Bets, com apoio da Tribuna. O torneio, que leva um nome de peso, é internacional só no nome. Isso porque todas as duplas inscritas são daqui mesmo. “Tudo surgiu como uma brincadeira entre amigos e como tenho conhecidos da Alemanha, Argentina, Paraguai e Haiti, batizamos assim o torneio”, diz Glauco Silveira, idealizador do evento. Os estrangeiros que participaram da primeira edição são moradores da capital do Paraná.
“Um pai pode mostrar para os filhos agora como ele se divertia longe da tecnologia. Esse resgate da infância é o principal fator responsável por atrair tanta gente”, comemora Glauco.
Sucesso garantido
Até agora, são 32 duplas masculinas, 16 femininas e 16 mistas inscritas no Mundial. A premiação não é em dinheiro. Os vencedores se contentam com a comemoração da vitória, os minutos de fama no pódio, as medalhas e um troféu personalizado.
Dessa vez, o campeonato acontece na Praça Menonitas, no bairro Boqueirão, neste sábado (26) e domingo (27), com início às 8h. As inscrições, que podem ser feitas pelo site www.ticketagora.com.br, custam R$ 80 por dupla e se encerram nesta quarta-feira (23).
Paixão e diversão
Os primos Maico Rodrigues e Aureo Fhynbeem são os atuais campeões do Mundial e alcançaram a terceira colocação na Copa Curitiba – um evento paralelo, realizado neste ano. O time leva o nome de Metal Flex e tem logomarca – que está nas camisetas, na bandeira e até na pele. A paixão pelo “esporte” é tão grande que os dois têm, na panturrilha, uma tatuagem com o símbolo. “O comprometimento existe, mas ainda é uma grande brincadeira. Isso lembra a nossa época de criança, quando a gente usava latinha de azeite, pedaço de pau e acaba quebrando muita vidraça sem querer”, explica Maico.
Já a dupla formada pela Liza Camargo com o irmão Robson Camargo mostra que as mulheres competem de igual para igual contra qualquer time adversário. “Com certeza, não adianta vir com força na hora de rebater que a gente dá conta do recado”, garante Liza. O irmão, que foi o responsável por colocar Liza na modalidade, há muitos anos, acredita que esse tipo de diversão ainda é algo mais do que necessário. “Hoje em dia o nosso tempo está tão suprimido, é tudo tão corrido, que temos necessidade de lazer. Isso é muito divertido e lembra da nossa época de pequenos”, diz Robson.
Mais esportes “retrô”
A partir de 2017, Glauco pretende promover outras modalidades de esporte no mesmo estilo “retrô”, como caçador ou queimada, bolinha de gude e carrinho de rolimã. “Esses projetos já estão com regulamento pronto, mas dependemos de patrocínio para colocar em prática. Outra ideia que temos é fazer uma Olimpíada de Esportes de Rua, onde entrariam todas essas modalidades e os competidores seriam representantes dos bairros de Curitiba”, detalha.